Aconteceu entre os dias 11 a 13 de setembro, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na cidade de Natal (RN), o encontro “Jornadas Libertárias”. O evento reuniu dezenas de participantes, e foi marcado por intensas discussões e oficinas. A seguir, um relato desse encontro.
A “Jornadas Libertárias” foi uma atividade realizada em setembro de 2103, em Natal (RN), pensada para trazer discussões libertárias/anarquistas para a cidade, em um contexto de lutas sociais que ocorriam em todo o país com movimentos inspirados em princípios libertários/anarquistas ganhando cada vez mais destaque, e pensando também em ser um ponto de encontro para co(i)nspiração de novas articulações a nível regional. Contamos com a presença do Coletivo Libertário Matilha Negra, do coletivo Movimento Anarco Punk (MAP/RN), de companheirxs do Bike Vegan de Fortaleza (CE), e mais o Coletivo Nenhures de Caicó (RN).
O evento iniciou com uma dinâmica de interação, com várias situações e problemas sendo levantados e discutidos – questões sobre machismo no meio libertário, autoritarismos, concepções sobre autonomia, sobre ação direta, foram algumas das temáticas norteadoras do debate. O formato da dinâmica era que cada pessoa pegasse um papelzinho com uma situação e a partir daí discutíamos em coletivo, fortalecendo assim nossas convicções e oferecendo, para aquelxs que não conhecem os princípios anarquistas, um primeiro contato com as múltiplas vertentes teóricas e os diversos anarquismos, enriquecendo o debate.
Houve também uma oficina e discussão sobre bicicleta e autonomia, onde o facilitador era um companheiro anarcopunk de Fortaleza que atualmente está colaborando na cena de Natal. Ele falou a respeito de consertos de bikes e deu várias dicas bacanas de quem já fez longas viagens de bicicleta, colocando-a como um paradigma social de enfrentamento à motor-cracia do capital. (Ao fazer esse relato, não há como não lembrar e deixar registrado a vida de Oiran Formiga!, companheiro anarcopunk de Natal que, em uma viagem de bike, foi assassinado pela ditadura do motor; ressaltamos que continuarmos lutando pelo direito do bikeativismo como estilo de vida e de resistência anticapitalista!).
Fizemos uma exibição e discussão sobre o filme “Um pequeno grão de areia”, problematizando a questão da educação no capitalismo e no Estado, e percebendo como a ocupação de escolas, inserindo elementos autogestionários, é importante para romper não só com uma educação opressiva e mercantilista, mas também como proposta de ruptura concreta com o Estado hegemônico.
No outro dia houve uma oficina de stencil, em que deixamos marcas em toda universidade…
Terminamos o evento com uma roda de bate-papo sobre a atualidade do anarquismo, em que ele contribui para um fortalecimento da liberdade e de que forma pode-se barrar este fluxo. Várias ponderações e diversas perspectivas foram apontadas na discussão, revelando o que acreditamos: a anarquia como uma fauna – e é disso que vem sua força e beleza.
Perceber a anarquia enquanto um modelo programado pode ser uma captura de sua potência. Durante a conversa percebemos a necessidade de discussões e (in)formações políticas de caráter libertário/anarquista, e que elas não sejam um fim em si mesmas, assim como a importância de que estas (in)formações cheguem de fato nas pessoas, nos bairros, nas praças, nas escolas…
Palpavelmente, duas atividades estão sendo desenvolvidas a partir das Jornadas: a exibição de filmes em conjunto com o Movimento Passe Livre (MPL/Natal) e a feira anarquista que articularemos para dezembro deste ano.
Ressaltamos a importância da participação do Coletivo Nenhures de Caicó, que esteve presente semeando literatura a preço de custo, fruto do projeto de ação do coletivo…
O que não Rolou…
Havia uma oficina de Pornodissidência (desconstruindo privilégios dos Homens) na programação do evento, que seria realizada em dois momentos. Porém, infelizmente, não foi possível concretizá-la. Diante disso, precisamos refletir sobre o ambiente criado em alguns espaços libertários/anarquista, que ainda não expressam concretamente um espaço seguro (seja emocional, físico e psicológico) para as mulheres.
A proposta inicial da oficina era que fosse direcionada para homens e mulheres, na tentativa da criação de um espaço misto, porém, quando falamos de corpo, de experiências libertárias e não criamos códigos para que as mulheres não sejam violadas nas suas vontades, fica difícil de visualizar a garantia de que aquele momento será libertador e não opressor.
Sensível a essa dificuldade de trabalhar gênero, corpo e sexualidade em grupos mistos, a pessoa facilitaria o momento decidiu cancelar a atividade. O que ficou? O desafio de problematizarmos o machismo e o patriarcado para além dos discursos politicamente corretos, e trazer para nossa realidade práticas libertárias que desconstruam essa sociedade misógina e o autoritarismo do macho.
Esperamos em outro momento que os homens anarquistas tanto de Natal quanto de outros lugares se abram para mais vivências que desconstruam seus privilégios socialmente estabelecidos.
Não há Revolução sem feminismos!
Biba La Revolucion!
Luz e Anarquia!
agência de notícias anarquistas-ana
O coração da aranha
se desfaz em geometria
de seda e mandala.
Yeda Prates Bernis
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…