por Deanna Duff
Os ponteiros do relógio no Mercado de Pike Place continuam passando acima dos Livros do Left Bank, desde que o espaço abriu suas portas em 1973, contando cada minuto de seus 40 anos de existência. A livraria está na entrada pavimentada do Mercado, vizinha da Floricultura Pike Place – um pouco de açúcar nas proximidades do que há de picante em Left Bank. Bottons na janela indicam as raízes anarquistas da livraria (“Esmague o Estado” e “Questione a Autoridade”), mas as vibrações no interior são suaves e convidativas.
“Eu amo conversar com as pessoas sobre quais livros estão lendo e os projetos que estão engajadas”, diz Chris Paine. “Nós temos um ótimo respaldo das pessoas que comparecem”.
Left Bank é uma livraria sem fins lucrativos que opera como um coletivo, o mais antigo do tipo da América do Norte. Paine é atualmente um dos oito membros que gestionam a Livraria Left Bank, em conjunto com aproximadamente 20 voluntários. Não existe uma junta de diretores, donos, administradores ou indivíduos que detém a palavra final. As decisões são feitas através de encontros bimensais, mas não são realizadas votações, todos devem concordar: “este sempre foi um coletivo bastante fácil de se trabalhar em conjunto”, conta Paine. “Temos metas bastante claras. Nosso interesse é manter a livraria funcionando, de forma efetiva, sendo algo que nos estimula, assim como às pessoas que nos visitam”.
No espaço de 700m², o chão pintado de vermelho estende escadarias que desembocam em um sótão onde é possível observar a freguesia abaixo. Um gnomo lendo um livro aponta seu chapéu de pontas vermelhas debaixo de uma estante de livros. Há um símbolo da Starbucks dependurado na parede com um X pintado em spray o cortando. Um adesivo de para-choque colado em uma prateleira adverte, “Leia um livro, porra!”.
“O que agrega as pessoas é o sentimento antiautoritário generalizado. Nós temos livros que são exteriores aos interesses convencionais”, diz Paine. “Tem uma enorme quantia de ficção, poesia e livros infantis, mas também tentamos focar em coisas que você não irá encontrar em nenhum outro lugar”.
Left Bank tem em seu estoque um montante de 8.000 livros novos e usados, mais zines, panfletos e outros materiais políticos e literários, em torno de 50 categorias incluindo tudo de justiça social até comida fermentada e anarquismo. Um setor muito bem estocado de ficção oferece nomes conhecidos próximos de traduções estrangeiras. Os best-sellers da Left Bank como Chuck Palahniuk e Kurt Vonnegut estão guardados atrás do balcão para deter dedos pegajosos.
“Um zine que vendeu de modo impressionante era sobre a moda das Golden Girls (Garotas Douradas)”, conta Paine. “Nós tínhamos 15 cópias e vendemos todas elas em duas semanas. As pessoas enlouqueceram por isso!”.
Os trabalhadores da Left Bank tocam a melodia do espaço desde a participação de estudantes do ensino médio até idosos, musicistas e políticos radicais. Os membros nucleares do coletivo estão envolvidos por quase uma década e sempre há uma lista de espera para voluntariar. Os funcionários trabalham alguns turnos por semana, para que todos tenham trabalho externo. Todos são bem-vindos. O único dia que a Left Bank fecha é no dia 1º de Maio, em memória do Dia Internacional dos Trabalhadores.
Os trabalhadores são a alma da livraria. Os membros nucleares são providenciados com uma quantia mensal para encomendar livros. Eles peneiram o catálogo antigo – não há como checar computadores na Left Bank – para determinar as compras. Um cartão pode dizer, “Melhor livro de todos! Por favor, mantenha no estoque!” ou “Baixo inventário, encomendar novamente”.
“O caráter da livraria definitivamente muda na medida em que as pessoas vem e vão e isso é parte do que a faz tão divertida e dinâmica”, comenta Paine. “Eu não espero que as pessoas venham na livraria sabendo o que querem. Espero que venham e esperem que algo surja e absorva sua atenção”.
As sugestões dos clientes também influenciam o que a Left Bank estoca. Os negócios despontaram nos anos 80, como resposta à presidência de Reagan. Ambientalismo foi um tópico favorito na última década. Questões de vigilância e privacidade são os tópicos quentes atuais.
Left Bank quer permanecer enquanto um refúgio para ideias, tanto impressas ou transferidas de pessoa para pessoa. A Left Bank recentemente re-entrou o mundo das publicações com seu primeiro livro, e outra publicação já está para sair. As leituras de livros, um ou dois mensalmente, irá continuar, e um objetivo a longo prazo é a digitalização da coleção para venda online.
“Os turistas entram e dizem “Graças a Deus que vocês existem! Não existe nada como isso de onde eu venho, no Texas, Alabama ou Alaska”, diz Paine. “Os alegra e satisfaz ver locais como o nosso que são um mercado de ideias. Encoraja-os a pensar que nem todos os lugares são meros corta-biscoitos, ou lojas de varejo”.
Tradução > Malobeo
agência de notícias anarquistas-ana
O grito do grilo
serra ao meio
a manhã.
Yeda Prates Bernis
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!