Comunicado dos coletivos Syrena (Sirene) e Przychodnia (Clínica) – espaços autônomos radicais no coração de Varsóvia – que estão realizando trabalhos incríveis com os refugiados, moradores locais, crianças de rua e famílias, enfrentando o neoliberalismo a todo vapor na Polônia nos dias de hoje. Em 11 de novembro passado, Dia da Independência na Polônia, eles foram atacados por grupos de extrema-direita poloneses.
Promotores imobiliários têm permissão para comprar casas sociais em Varsóvia – uma cidade reconstruída dos escombros pelos habitantes sobreviventes, na sequência da destruição de 90% do lugar durante a Segunda Guerra Mundial – com moradores locais ainda vivendo nas casas. O resultado é uma onda de gentrificação e despejos. Higienização social. Ou então se, como Jola Brzeska, a última mulher permanece em seu bloco de apartamentos e decide lutar, seu corpo pode ser encontrado carbonizado nas periferias da cidade, com as mãos amarradas nas costas, a inexistência de galões de gasolina nas proximidades, e um veredicto de “suicídio” decretado. O mote do Syrena é “Você Não Pode Queimar a Todos Nós” e “Nós Somos a Cidade”. Este é o espírito coletivo que resiste ante o capitalismo mafioso, ao qual as pessoas estão sendo subjugadas diariamente na Polônia
1.
Uma testemunha ocular do ataque nazista aos espaços Syrena e Przechodnia
O que as autoridades não podem fazer em seu próprio nome, os fascistas o fazem.
Hoje, no Dia de Independência da Polônia, houve a presença constante da patrulha da polícia nas ruas Skorupki e Wilcza, onde os espaços autônomos Syrena (Sirene) e Przychodnia (Clínica) estão localizados.
Mais ou menos às 15h30, a marcha dos Nacionalistas passou pelo centro da cidade. De repente, todos os policiais desapareceram da Rua Sorupski.
No mesmo momento, um grupo de dezenas de neonazistas apareceu. Eles arrancaram a corrente do nosso portão e invadiram o espaço. Atacaram a todos que encontraram no local, utilizando machetes, garrafas e bastões.
No espaço Syrena durante o ocorrido havia, entre outras pessoas, oito crianças de 3 a 14 anos. As maiores perdas foram em Przychodnia. Carros foram destruídos e queimados, pessoas foram feridas, janelas foram quebradas. Por 30 minutos, em função da retirada de toda a polícia da área, fomos forçados a defender a nós mesmos sozinhos. Se não fosse pela nossa atitude firme, poderia ter ocorrido uma tragédia. Os neonazistas estavam prontos para matar.
Essa é a cara do “patriotismo” hoje. Todos que compareceram à Marcha da Independência hoje são responsáveis por estes ataques às casas de famílias que sofreram despejos; pensionistas, pessoas deficientes e todos aqueles que não conseguem pagar aluguel ou empréstimo de crédito por 30 anos.
Esta é a realidade em Varsóvia hoje – as autoridades despejam e os fascistas espancam.
Não nos submeteremos a nenhum dos dois!
Coletivo Syrena
2.
Comunicado do Przychodnia Skłot acerca do ataque fascista contra o Centro Social, no dia 11 de novembro, em Varsóvia
Por volta das 15h45, os participantes da Marcha da Independência atacaram o Centro Social Przychodnia. Foi graças a nossa determinação e calma que conseguimos resistir à agressão nacionalista. Algumas pessoas foram feridas, mas a vida de ninguém corre perigo.
Os nazifascistas estavam preparados em relação à mídia e informaram imediatamente que foram as pessoas da okupa que atacaram a sua marcha jogando pedras do terraço na sua direção. É óbvio que isso era impossível, porque o final da Rua Skorupki, onde o Centro Social está localizado, fica a 200 metros da rua Marszałkowska, onde os nacionalistas estavam marchando.
Como podemos ver em alguns vídeos, uma organização paramilitar chamada “A Guarda da Marcha da Independência”, cujo objetivo seria proteger a marcha, possibilitou a passagem de um grupo de centenas pessoas, armadas e prontas para brigar. Os participantes da Marcha da Independência, com tochas, garrafas e pedras em suas mãos, avançaram contra o Przychodnia.
Os nacionalistas puseram fogo em um carro e devastaram outro, danificaram o prédio tentando adentrá-lo, mas felizmente conseguimos resistir ao ataque. Só foi possível porque estávamos de guarda no terraço (já fomos ameaçados algumas vezes) e reagimos rapidamente para apagar as chamas que caíram dentro do prédio.
Queremos ressaltar que, apesar do fato de que pelotões da polícia estavam estacionados a alguns metros de nós, levaram 20 minutos para intervir. Se tivéssemos ouvido a polícia e ignorado o perigo, a okupa teria sido queimada.
A propaganda goebbelsiana do Movimento Nacionalista está tentando fazer parecer um ato de hooliganismo – apesar de que foi a guarda oficial da marcha que permitiu os agressores a deixarem a marcha e os ajudou a evacuar após o confronto. No momento estamos nos preparando para mais um ataque, fiquem atentos!
Saudações antifascistas,
Coletivo Przychodnia
Tradução > Malobeo
agência de notícias anarquistas-ana
cai, riscando um leve
traço dourado no azul
uma flor de ipê!
Hidekazu Masuda
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!