“A prisão não pode ser entendida senão como uma ferramenta repressiva do aparato governante, mediante a qual este afiança seu poder. Assim mesmo, podemos afirmar que surge da necessidade desse poder controlar o povo, da necessidade de regulá-lo, de ordená-lo, de mantê-lo, em diminutiva, sob uma liberdade condicionada, sujeita a um código penal, com a ameaça constante da prisão pendente sobre sua cabeça.”Montes de Oca Rodolfo
Nós, os povos e sociedades que habitamos dentro do território mexicano temos sofrido em carne própria um aumento das arremetidas e agravos que o Estado mexicano perpetua; às quais se somam a longa lista de agressões que as pessoas têm que suportar desde nossa cotidianidade. Mas esta campanha para terminar de destruir o tecido social, as autonomias e aos exemplos de dignidade que resistem em selvas, montanhas e litorais, não se há levado a cabo sem encontrar ferrenha resistência entre aqueles que lutam pela liberdade, contra as injustiças ou que simplesmente desejam poder viver.
Neste contexto de voragem e violência contra as sociedades, foi que o companheiro Mario Gonzalez Martínez acudiu a manifestar seu repudio à repressão, o autoritarismo e à brutalidade do governo no dia 2 de Outubro de 2013, e ele descobriu que os governos mexicanos continuam fazendo uso de tais elementos, recursos que há 45 anos conduziram milhares ante o fogo da repressão naquela tarde em Tlatelolco.
Mario Gonzalez Martínez foi preso neste 2 de Outubro e tem sofrido o intento do Estado de utilizá-lo como exemplo para advertir àqueles que protestam contra o mesmo Estado, ou não estão de acordo com as vexações que vivemos. Política absurda, pois repressão e perseguição não fazem senão intensificar nossa luta e nossos desejos de acabar com os opressores.
O companheiro se encontra em uma greve de fome ante o absurdo de seu processo jurídico, greve que tem deteriorado sua saúde até níveis alarmantes; por outro lado, o governo não só perpetua as injustiças contra o companheiro, como tem respondido de maneira cínica, oferecendo transladá-lo a um hospital, quando foram suas políticas e práticas que conduziram a nosso companheiro a uma situação tão grave.
Acaso Miguel Angel Mancera deseja mostrar que não só é um fascista repressor, mas que também gosta de assassinar tal qual Margaret Tatcher? Dez mortos foram o resultado da greve de fome na Irlanda do Norte, resultado da política repressiva de Tatcher, quem os assassinou lentamente como castigo “exemplar” é esta a política do GDF [Governo do Distrito Federal]? Estão voltando a reproduzir a prática de assassinar aos inconformados? Ou nunca a deixaram?
Nos manifestamos contra toda a violência aos povos e grupos que integram o território mexicano; exigimos a liberação imediata do companheiro Mario Gonzalez Martinez, e declaramos diretamente responsáveis a Miguel Angel Mancera e aos membros do GDF por qualquer dano que a saúde e integridade do companheiro possam sofrer.
Da mesma forma, há mais de um ano vem se desenvolvendo e gestando uma série de resistências comunitárias em defesa da terra, o território e o mar no istmo de Tehuantepec, especificamente nas comunidades que abarcam a extensão geográfica da barra de Santa Teresa nas quais se encontram: Álvaro Obregón, San Dionisio del Mar, San Mateo e Juchitan de Zaragoza, como é de se esperar, o Estado-Capital junto a seu aparato repressor, tem lançado suas forças para tratar de apagar até o mais mínimo broto de revolta organizada nessa zona, por outro lado, as comunidades e seus povoadores tem sabido como resistir aquela investida do inimigo e tem sabido também levar sua luta ao grau de já não só resistir como passar à ofensiva.
Agora os coletivos e indivíduos que compomos o Bloco Autônomo Libertário Veracruz e desde o Encontro Libertário em Xalapa, nos pronunciamos contra o fustigamento e repressão às lutas comunitárias das que estão sendo parte as comunidades em Juchitán de Zaragoza, em Oaxaca. Especificamente os membros da Assembleia Comunitária de Álvaro Obregón.
O compromisso se faz presente de nós até vocês, e que saibam que a palavra e a ação são os meios que unificam as diferentes tendências na luta, que saibam que a organização do povo vem desde abaixo e se levanta na luta lado a lado com vocês, que saibam que há formas de vida diferentes às estabelecidas pelo atual sistema de dominação e que tenhamos presente que há povos em resistência em Oaxaca, em Michoacan, Guerrero, Chiapas…enfim, em toda América Latina.
Por nossa parte, continuaremos lutando desde todas as frentes e trincheiras possíveis dentro e fora das conjunturas, pela liberação de todos os presos, pela liberdade, as autonomias, o poder viver em comunidade e contra as políticas do Governo, posto que sabemos que não existe o abuso de autoridade, senão que a autoridade é um abuso.
Muita força ao companheiro Mario, que saiba que não está sozinho nesta luta e que ninguém é livre até que todos sejamos livres, assim mesmo expressamos toda nossa solidariedade com ele e com seus familiares e amigos.
Solidariedade com as comunidades em resistência, por elas que buscam um novo amanhã, onde o sol segue saindo nas árvores da autonomia.
E por último, um chamado a todos esses ácratas indomáveis que levam um mundo novo em seu coração, a que expressem sua solidariedade em qualquer aspecto aos companheiros presos.
Fraternalmente,
Encontro Libertário Xalapa em colaboração com o Bloco Autônomo Libertário Veracruz
Xalapa, Veracruz a 18 de Novembro de 2013 da maldita era capitalista.
Tradução > Caróu
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agência de notícias anarquistas-ana
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