por Makame Lara (MaryCarmen Lara/Areíto Arte Acción)
No âmbito das atividades pelo 1º aniversário da Biblioteca Libertária Maria Luisa Marín de Xalapa, Veracruz, a partir das políticas de autogestão, realizamos a 2ª Tertúlia Libertária. O primeiro encontro aconteceu na cidade de Oaxaca.
As propostas apresentadas, indicam diferentes caminhos no futuro do teatro e a performance, dentro dos códigos do pensamento libertário e o mal estar de estrume que hoje em dia nos incomoda. O contra-hegemônico, antissistêmico, dissidente e autônomo foram as palavras que saíam a reluzir na dramaturgia/partituras do corpo.
A maneira de uma cartografia do dissidente, os coletivos que nos acompanharam vieram de: Veracruz; Xalapa; Querétaro; Chihuahua; Oaxaca; Cuernavaca e Chile, para traçar, encontrarmos-nos e mostrar diferentes formas de intervir a partir de poéticas/políticas da arte. O objetivo, provocar um curto-circuito na estrutura convencional da arte, em um não-espaço/não-tempo, em que o acontecimento do fazer teatro/performance se encenara além do olhar crítico, em um afã de ser livres, ser humanos, voltar a crer, compartilhar e sentir que outros mundos são possíveis e que nossa arma para gerá-los é a arte, como máximo dispositivo que envolve atos de convívio.
É causalidade ou casualidade, que nessa data (19 de outubro), se celebrou o dia da segurança nacional? Entre desfiles de policiais e helicópteros que rondavam o perímetro, o teatro libertário/performance, os filhos não desejados, os apátridas, os desatinados das políticas sistêmicas e das artes hegemônicas, foram parte da grande tertúlia. Feito que afiançou nossas poéticas em um grito/murmúrio de liberdade.
Como convocantes e assistentes decidimos gerar nossas próprias atmosferas, em um convite em que punks, pais de família, meninos, músicos, pessoas de teatro, performistas, etc., nos damos a oportunidade de escutar nos diálogos de ação da cena itinerante da vida.
Para isso visibilizamos a partir de diferentes temas, fatos históricos e acontecimentos ligados a processos de dominação social, política, ecológica e cultural: as demandas dos oprimidos, as injustiças e impunidades dos culpados. Descolonizando os corpos, espaços, o OLHAR, para fazer valer o aqui e agora, as vozes que seguem em pé de luta. Recordo a frase dos compas de Zenzontle: “Nos encontramos porque tínhamos vontade de criar, de fazer algo, de reunirmo-nos”. Ao que se juntaria: de assumir um papel/compromisso para gerar alternativas ante a merda fustigante e a criminalização imposta pelo braço repressor do sistema. É, então como, nos fazemos presente para contrariar a informação midiática sobre o movimento libertário.
Agradecemos a todos os coletivos e criadores que se somaram à proposta, assim como também ao espaço: A Casa de Ninguém, pelas facilidades para criar e sonhar com algo possível. Agradecemos a todos os que foram e os que continuam por este caminho.
Coletivos/Criadores participantes:
• Vladimir Arzate (Chihuahua): “Paso Molino”. Paso Molino, não conta uma história, mas expõe diretamente a situação atual do mexicano. Este personagem prefere lutar contra si mesmo para ganhar algo de liberdade e honestidade, e se necessita falar da brutalidade, narcotráfico e saturamento tecnológico para entender um pouco do mundo, se fará, porque uma das únicas maneiras de deixa de ter medo, é enfrentando nossos próprios ideais, ainda que seja contra nós mesmos.
• Grupo Tercer Teatro (Cuernavaca, Morelos): “Vivam – Rapsódia dos Bons Tempos!”. Direção: Omar Martínez González – Os personagens se transformam em cada cena para fazer aparecer os moradores de Tilantlán, aquela grande cidade, e os moradores do México atual: os jovens que defendem seu direito a educação, a vizinha a que encarregam filhos alheios, o comerciante honesto, a desempregada que ainda escuta, etc…
• Coletivo Estereográfico (Xalapa): “Anomalia”. Performance sobre a liberação das rotinas e monotonias alienantes e escravizantes no mundo atual.
• Coletivo Zenzontle Exkizito (Querétaro): “Deflorando a Terra”. Crítica aos maus tratos a natureza, sua exploração e a intervenção da Monsanto como modelo.
• Fausto Méndez Luna (DF): “Palavras-sementes” semente=palavra, semente=frases. Qual é tua palavra?
• Tinglado (Veracruz): “Gina & O Imperador” é um meio-a–meio de Teatro, de estilo Vaudevile e um gênero satírico, com o que se representa o abuso, a ignorância e o egoísmo de alguns políticos e sua forma de “governar”.
• Sofía Vera. (Xalapa, Ver): “Ausência”. Performance participativo. Sobre como coabitamos o corpo. Crítica ao sistema patriarcal e ao elogio à beleza.
• Don Gua (Chile): “Sou Disentx”, performance declaratória musical que propõe o rompimento de alguns modelos de gênero héteroformativos e patriarcais que imperam atualmente na sociedade.
• Areíto Arte Acción (Xalapa): “A sereia Vermelha” (1906) do dramaturgo Marcelino Dávalos. Adatação ao teatro performático. Áudio: Ramiro González García. Criação coletiva: Esther Castro, Verónica González, Ixchel Castro, MaryCarmen Lara. A obra data dos acontecimentos sociopolíticos de 1906 encabeçados pela ditadura do porfiriato (Porfirio Diaz). A femine-anfíbio: A Sereia Vermelha, faz a vez de alegoria à Revolução Social, que incita/conscientiza o povo ao levante ante o sistema repressor.
• Seres Wenekaz (Oaxaca): “Teatro desobediente”. Como destruir aquele de que segues (co)dependendo? Se diz que o sistema te dará as armas com o que o destruirás; O destruirás?.
Que a fogo e sangue caia, o que a fogo e sangue se construiu.
Talvez, às vezes é necessário morrer para poder viver…
morrer para o sistema…
morrer para ti….
morrer para viver…
essa é nossa história.
“Hoje somos a semente que pisoteiam, porque amanhã seremos a árvore que os esmagará”
• Loukaniko y los perros (Xalapa): “Trova libertária em Resistência”. Rolas estiercoleras para adulterar convenções acartonadas.
Galeria de imagens:
Tradução > Sol de Abril
Notícia relacionada:
agência de notícias anarquistas-ana
O céu, que é perfeito,
andou jogando em seus olhos
o dom do infinito.
Humberto del Maestro
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!