Em nossa entrada intitulada “90.000 lares na Grécia estão sem eletricidade”, publicada em 13 de julho de 2012, citávamos: “Aumentou drasticamente em 2012 o número dos lares sem eletricidade em toda a Grécia. Nos cinco primeiros meses de 2012 o número dos lares sem eletricidade quintuplicou em comparação com os cinco primeiros meses de 2011… Foi calculado que na atualidade uns 90.000 lares estão sem eletricidade…” Se os dados que apresentamos naquela introdução, concerniam aos oito primeiros meses de 2012, os dados para todo o 2012 são ainda piores: 135.000 lares estão sem eletricidade, descontando os que estavam sem eletricidade os anos anteriores.
De concreto, segundo os dados da empresa administradora da rede de distribuição de eletricidade, em 2008 os cortes de fornecimento elétrico a pedido do consumidor e as reconexões que os sucederam foram 220.371, em 2009 subiram aos 351.877 e em 2012 dispararam aos 531.944. Segundo os dados da mesma companhia, em 2012 os cortes de fornecimento elétrico por inadimplência chegaram aos 325.011. Destes fornecimentos cortados, os 190.541 se reconectaram, mas pelo menos 134.470 lares e empresas continuam sem eletricidade. Dizemos “pelo menos” por que estes dados não incluem nem as pessoas sem teto, nem aos que nunca apareceram nos dados oficiais. Segundo os dados da mesma Companhia de Eletricidade, destes cortes de eletricidade realizados em 2012, os 315.232 concernem a lares e o resto a pequenas e medias empresas.
Todos os dados comparativos são assustadores. Durante os nove primeiros meses de 2012 as ordens de corte de luz superaram as 4.153.000! Durante os oito primeiros meses de 2011 as ordens de corte de luz haviam chegado a 900.000, enquanto que durante os oito primeiros meses de 2010 haviam sido umas 734.000. No biênio 2012-2013 as novas conexões foram umas 40.000, em 2009-2010 foram umas 100.000 e em 2004-2005 haviam sido mais de 200.000.
Ao mesmo tempo, vai crescendo a “dívida” dos consumidores com a Companhia de Eletricidade. Se em novembro de 2011 a dívida das faturas de eletricidade sem pagamentos entre os pequenos consumidores chegava aos 289 milhões de euros, em maio de 2012 alcançou os 668 milhões e na atualidade (dezembro de 2013) disparou aos 1,2 bilhões de euros. Lembramos que este é o terceiro ano que os súditos do Estado grego terão que pagar o imposto imobiliário extraordinário, um dos muitíssimos impostos, tributos e contribuições que o Regime impôs à população. Este imposto está incorporado às faturas de eletricidade.
Segundo os dados que temos a nossa disposição, com respeito aos nove primeiros meses de 2013, os cortes de eletricidade realizados chegaram aos 237.806. Quer dizer que, para 2013 se esperam realizar mais de 330.000 cortes de fornecimento elétrico, sendo ainda desconhecido o número de reconexões a realizar-se.
Esta notícia é indicativa de como na Grécia o capitalismo está mostrando seu verdadeiro rosto, conduzindo a maior parte da sociedade à miséria, à indigência, ao desespero, inclusive à morte. Faz umas semanas uma menina de 13 anos perdeu sua vida ao respirar adormecida os gases de um braseiro que havia acendido junto com sua mãe desempregada, para aquecer-se, já que a Companhia de Eletricidade lhes havia cortado o fornecimento elétrico. Faz uns dias um homem que estava quase dois anos desempregado, morreu de frio dentro de sua casa. Apresentava muitos meses que a Companhia de Eletricidade lhe havia cortado o fornecimento elétrico. De sua morte, tomou conhecimento o padeiro do bairro ao notar que o pedaço de pão que lhe havia deixado na porta de sua casa, no dia anterior, ainda estava no mesmo lugar.
Ao mesmo tempo que milhares de pessoas não são capazes de pagar para ter eletricidade em seu lar, os sucessivos aumentos do preço do gás, em conjunto com os cortes, a falta de roupa, o desemprego crescente, os impostos e em geral a situação atual preanunciada pela Soberania já desde os anos 90, têm impossibilitado o uso da calefação a gás e têm incentivado o uso das chaminés e o aquecimento a lenha. Cada noite uma nuvem mortífera cobre o céu das cidades gregas. É a nuvem da denominada “crise”, a nuvem da pobreza e a miséria das pessoas que não são capazes de pagar por aquecimento com calefação a gás ou a gás natural. É a nuvem da contaminação provocada pelas emissões das estufas à lenha e as chaminés, que vão substituindo as calefações a gás.
Tradução > Sol de Abril
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