[No último dia 5 de setembro, um grupo de atores ocupou as antigas instalações do teatro “À La Place”, em Liège, com “mala e cuia”. E desde então o teatro se transformou num espaço autônomo de criação e reunião. Diversos eventos são realizados ali: espetáculos teatrais, performances, oficinas, exposições, shows, uma rádio livre, comedor… Este espaço cultural no coração da cidade, não tinha vida desde junho de 2013 e, segundo as autoridades, deveria permanecer fechado até a sua destruição, prevista para a Primavera de 2014. A seguir, reproduzimos o manifesto do teatro ocupado “À La Place”, um espaço autogestionário, livre, gratuito, aberto a todos e todas. O teatro está aberto de quarta a domingo, das 13h a meia-noite.]
M a n i f e s t o:
Observamos que um teatro está vazio.
Nós investimos nesta oportunidade de experimentar uma prática artística, além de mercado, profissão, carreira, trabalho, restrições de produção.
Nossa ação é por nossa conta, é a resposta que encontramos hoje, porque o terreno é favorável, as circunstâncias são favoráveis.
Ao invés de surfar na instituição, nós escolhemos uma ação coletiva e autônoma.
Há política suficiente na arte para iludir, tornando-se dependente de políticas, sejam elas culturais, sociais, popular, em qualquer caso, determinado pelo calendário eleitoral.
Nós não queremos ser colaboradores ativos de um programa político.
Não temos reclamações, não temos expectativas.
Nossa ocupação do Théâtre de la Place é instintiva e consideramos que isso é necessário.
Defendemos que é porque não há nada melhor a fazer neste momento. É um gesto de ir além do vazio, não é o mais radical e acreditamos que é justo, por isso é generoso.
Os teatros são nossos. Os teatros são para todos.
Queremos inventar um ritual que é chamado de teatro, que faz parte da vida, e que, como tal, acontece sem ser mistificado nem depreciado.
Queremos inventar este lugar que é chamado de teatro, aberto ao público, no centro, um ponto de passagem, bem como um lugar para se enraizar.
Não vamos esperar para provar que vale a pena mais de mil vezes antes de nos sentir legitimados.
Queremos fazer as coisas simultaneamente, e não mais sucessivamente.
Não vamos gastar mais tempo tentando encontrar dinheiro que agindo.
Queremos mesclar uma arte viva e uma arte de viver.
A sociedade tem o teatro que merece.
Vamos supor que nós merecemos melhor.
O Théâtre de la Place deveria ficar vazio até sua demolição.
O temos ocupado desde 5 de setembro.
Vamos abri-lo todos os dias.
Vamos jogar todos os dias. De graça.
Damos boas-vindas a quem quer que esteja disposto a lidar com a situação e as condições oferecidas pelo local.
Estamos dispostos a descobrir o que é um teatro em Liège, quando se é livre e permanentemente aberto a todos.
Mais infos: http://www.theatrealaplace.org/
Tradução > Caróu
agência de notícias anarquistas-ana
Imóvel, o gato,
olha a flor de laranjeira.
Eu olho o gato.
Jorge Lescano
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!