Na sexta feira, 6 de dezembro, nos reunimos no Largo Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre (RS), para fortalecer a proposta de pedalar em solidariedade axs que foram encarceradxs em decorrência de montagens da imprensa e da polícia, em relação aos levantes em forma de protestos e manifestações que ocorreram em diferentes cidades deste território denominado brasileiro, neste ano de 2013.
Saímos do ponto de concentração com a intenção de chegar ao Presídio Feminino localizado a alguns quilômetros dali.
Logo de cara nos deparamos com o trânsito caótico da Av. Perimetral retomando nosso espaço nas ruas, não esperávamos pelos sinais de trânsito e menos ainda pelo respeito dos carros, preocupadxs somente com suas próprias vidas materialistas e capitalistas. Não foram poucxs xs que se incomodaram quando viramos na Av. João Pessoa trancando as quatro pistas. Ao som de petardos e gritos de liberdade e solidariedade, lançando panfletos por onde passávamos, o que incomodava um número cada vez maior de descontentes cidadãos/dãs ordeirxs civilizadxs, que pouco se importavam com as nossas motivações, que chegavam a se assustar com xs encapuzadxs de bicicleta.
Seguindo nossa rota, fechamos a Av. Azenha e passando por trás do Estádio Olímpico começaram as explosões de cores nas fachadas dos comércios.
A pedalada ia chegando ao seu destino quando recebemos a indesejada escolta de um veículo da Brigada Militar; alguns metros mais pra frente um cidadão na mais perfeita encarnação do modelo cagueta, otário, cumpre seu papel em cobrar uma postura mais repressiva da polícia, dizendo que havíamos sujado seu amado automóvel de tinta. Assim a viatura nos corta a frente, intimando a todxs, sabendo de suas intenções em coibir/repŕimir qualquer comportamento que fuja da normalidade, sem querer diálogo nenhum, saímos em retirada, infelizmente 3 companheirxs acabaram sendo identificadxs pelxs vermes, ninguém foi detidx porém a pedalada acabou se dispersando.
Com a finalidade de levar a cabo nossas intenções, no domingo, dia 8, nos dirigimos até o Presídio e estendemos uma faixa com a mensagem de solidariedade na frente do Presídio Feminino Madre Peletier.
Contra todas as prisões!
Liberdade a todxs presxs por lutar!
Em repúdio as montagens da imprensa e da polícia!
Liberdade a Baiano e Rafael!
Solidariedade e apoio mútuo!
Viva a Anarquia!
Ciclistas do caos
Panfleto distribuído no ato: Ninguém será Esquecido…
Hoje trazemos pras ruas a constante sensação que pulsa em nossos corações de que não estamos todxs, faltam nossxs presxs. O capitalismo assegurado pela democracia vivem um momento de auge, de avanço de inúmeros projetos megalomaníacos de mineração, geração de energia e reurbanização, buscando tornar as cidades cada vez mais cômodas para as classes “bem favorecidas”, para isso se valem de todo tipo de humilhação e violação da vida, arruínam meios naturais, expulsam comunidades de seus territórios tradicionais, militarizam sufocantemente todas as zonas que sejam alvos dos projetos econômicos, despejam xs pobres para xs ricxs ganharem espaços mais tranquilos para viver. Desde junho deste ano, o acúmulo se viu traduzido e descarregado como revolta, belíssimos gestos de insatisfação que foram muito além de qualquer reivindicação por reformar este mundo, as ruas falaram a profunda necessidade de destruir uma lógica que sufoca, tortura e humilha diariamente a todxs que não vivem confortavelmente nesta sociedade, aos/as pobres, as/aos rebeladxs.
O estado e o capital se veem assustados com a possibilidade de seus grandes eventos, Copa e Olimpíadas, serem recebidos com barricadas, já que após a tempestade não veio a calmaria, a tormenta segue furiosa, em inúmeras localidades as pessoas sentem cada vez mais a necessidade de sair as ruas e expressar de todas as formas possíveis sua indignação.
Para combater essa situação uma progressiva e desenfreada repressão se lança contra xs que nas ruas se encontram, são incontáveis detenções, processos, invasões em domicílios e prisões. No Rio de Janeiro atualmente duas pessoas se encontram presas em consequência da onda de revoltas, Rafael Braga Vieira, que vivia nas ruas e foi detido quando no dia 21de junho, em meio a maior manifestação da história daquela cidade, saia da loja abandonada onde morava com duas garrafas de plástico na mão, condenado a 5 anos de prisão numa absurda montagem que diz que essas garrafas eram para a confecção de coquetéis molotovs.
Já Jair Seixas, o Baiano, militante da Frente Internacionalista de Sem-Tetos, está preso desde a manifestação do dia 15 de outubro, parte dos intensos e combativos protestos que aconteciam no Rio em decorrência da greve dos professores, o apriosionaram acusando-o fantasiosamente de ser uma conexão internacional em uma organização terrorista que organizaria distúrbios de rua, já que x companheirx havia viajado umas quantas vezes a distintas partes do mundo, atualmente ele se encontra isolado, sem poder receber visitas, sem acesso a correspondência e sofrendo contínuas represálias por suas opções políticas.
Além disso, não podemos esquecer de Samuel Eggers, assassinado em Caxias do Sul, em situações obscuras muito provavelmente por mãos de fascistas ou policiais, após declarar-se publicamente anarquista em um congresso de “psicologia e movimentos sociais”; e de Gleise Nana, ativista que morreu em Duque de Caxias,RJ, após 32 dias de coma em decorrência de um incêndio provocado em sua casa, Gleise havia reunido vasta documentação dos “abusos” cometidos pela PM nas manifestações desde junho e vinha sofrendo ameaças constantes por telefone e internet.
Estes acontecimentos evidenciam que o Estado não persegue fatos, mas sim ideias, que busca com as prisões, torturas e assassinatos semear o medo e a paranoia e com isso frear a crescente onda de Rebelião que se faz cada dia mais presente por todos os lados desse território. Frente a isso queremos dizer que a solidariedade sempre se fará sentir a cada pessoa sequestrada pelo Estado por rebelar-se, que a memória estará sempre viva, que as energias de nossxs mortxs se farão presentes em cada ato de rebeldia e de desprezo ao poder, que hoje em pequenos gestos derrubamos os muros das prisões e fazemos de nossas ações e nossas palavras asas que nos aproximam de quem se encontra nas garras do inimigo, já que não há grades que aprisionem nossos desejos de liberdade.
Notícia Relacionada:
http://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2013/11/19/sobre-os-presos-no-rio-o-cansaco-nao-e-uma-opcao/
agência de notícias anarquistas-ana
Não é meia-noite
e as mariposas cansadas
já dormem nas praças.
Humberto del Maestro
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!