“Vede o pouco que somo e contudo inventam grandes especulações na imprensa, e contudo não conseguem obscurecer o que nós temos para dizer. Olha o pouco que somos e entretanto se voltam em soluços suas injúrias contra nós, se tornam pequenas suas argumentações, tendo todo o poder entre suas mãos, se atemorizam ‘só’ com o menor dos nossos gestos. Vede o pouco que somos e verás que de um dia para outro serão milhões iguais a nós, então terão razões para haver nos temido tanto” (Domingo Murua, Chuma).
No marco do ciclo de palestras no cone sul sobre a luta insurrecional anárquica com Alfredo Bonanno, a chegada do companheiro estava programada para as 23h50 de quinta-feira, 12 de dezembro. Lamentavelmente a PDI (polícia de investigações) lhe impediu a entrada no país, usando como argumento seus antecedentes penais.
O Estado chileno se vê a si mesmo como um grande cárcere, onde proíbem ou aceitam o ingresso de quem consideram potencialmente perigoso. Alfredo, na linguagem do poder, fomentaria por palavra e por escrito, ideias que tendem a destruir ou alterar pela violência a ordem pública ou o sistema de governo. Algumas horas mais tarde o companheiro é enviado de volta à Argentina, de onde vinha após haver realizado um ciclo de palestras.
Posteriormente nos inteiramos mediante a imprensa burguesa que a proibição de entrada no país havia sido emanada do Ministério do Interior, há aproximadamente um mês, quando foi lançada a propaganda do ciclo de palestras que daria o companheiro em Montevidéu, Buenos Aires, Rosário e Santiago.
Não é preciso uma mente sagaz para precaver-se da razão que precipitou a autoridade a tomar uma decisão como esta. Tal medida tem relação por uma parte com a detenção de cinco companheiros anarquistas em Barcelona, entre eles se encontram Mônica Caballero e Francisco Solar, companheiros anteriormente imputados no Caso Bombas e a posterior caça às bruxas à nível internacional. Por outro lado, dita decisão estaria fundada também no medo que gera ao Estado chileno a propagação de ideias anti autoritárias e as reflexões que surjam a partir destas, sobre formas concretas de enfrentar a luta.
Nos perguntamos: O que esconde uma jogada como esta? Qual é o objetivo de negar-lhe a entrada ao país a um companheiro que vinha após dar palestras públicas no Uruguai e Argentina?
Sempre soubemos que este cenário poderia acontecer, ainda assim decidimos seguir adiante com uma instância que se gestou de forma coordenada entre companheiros, pra lá das fronteiras que nos impõem os Estados.
Para nós fica claro que o poder tenta frear o transcorrer de experiências de lutas (de um país a outro e o de uma geração a outra), cortar os laços de companheirismo, paralisar as redes solidárias e perseguir as conexões internacionais que geram a luta antiestatal.
Mas com a mesma dureza tentam frear a difusão de umas certezas: podemos relacionar-nos sem hierarquia e podemos combater a autoridade ali onde ela se encontra.
A negativa de ingresso nos lembrou que o poder mantêm intacta na memória o momento de enfrentar aos revolucionários. Tanto a trajetória consequente como a persistência de luta são princípios de vida que nossos inimigos não toleram. Se equivocam de forma grosseira ao pensar que esta oposição apaga a chama de cada coração rebelde e isto se faz carne tanto com relação ao companheiro Bonanno como com todos aqueles companheiros que nas diferentes regiões seguem se opondo ao domínio.
Com certeza esperam que nos amedrontemos ou inclusive nos desmoralizemos nestes momentos duros que lamentamos a perda do companheiro Sebastián Oversluij, mas a lógica repressiva não será internalizada nem muito menos nos vai quebrar. Com a memória disposta para o combate, vamos manter viva a lembrança de cada companheiro caído na ação.
E isso que não é segredo para vocês: para os anarquistas/antiautoritários não existem obstáculos que cerquem o compromisso de luta, pois a liberdade plena sabe contornar circunstâncias adversas, jaulas, muros e fronteiras. Deste modo, solidariedade e internacionalismo deixam de ser palavras vazias e se inflamam da paixão que só a luta entrega.
Porque nossa história está cheia de resistência ofensiva e nosso presente cheio de luta contra o Capital, o Estado e toda forma de autoridade.
Com a memória ativa pelos companheiros mortos… Claudia, Jhonny, Mauri, Sebastián…
Presentes!
Coordenadores pela Jornada Negra Informal – Santiago.
• Claudia López: Companheira anarquista assassinada pela polícia em 11 de setembro de 1998. Claudia morre por um tiro no peito enquanto combatia a polícia no calor das barricadas da população de La Pincoya.
• Jhonnuy Cariqueo: Companheiro anarquista morto em 31 de março de 2008. Jhonny foi detido em 29 de março na comuna de Pudahuel, no marco de uma marcha comemorativa, e logo após sofrer um golpe por parte de carabineiros morre de um infarto.
• Mauricio Morales: Companheiro anarquista morto em ação em 22 de maio de 2009. Mauri se dispunha a atacar com uma bomba a miserável escola de torturadores da gendarmeria. O artefato explode antes do esperado, tirando-lhe a vida de forma imediata.
• Sebastián Oversluij: Companheiro anarquista morto em ação em 11 de dezembro de 2013. Sebastián participava de uma expropriação a uma sucursal bancária em Pudahuel, quando se deu uma troca de tiros com um mercenário vigilante da segurança privada. O companheiro é alvejado, morrendo no local.
Tradução > Sol de Abril
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agência de notícias anarquistas-ana
Fiapos nos dentes
o rosto todo amarelo
É tempo de manga
Eunice Arruda
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…
Edmir, amente de Lula, acredita que por criticar o molusco automaticamente se apoia bolsonaro. Triste limitação...