Envolvidos/as pela urgência cotidiana, pela inquietude anárquica e pela experiência fecunda, nos levantamos pelo 3º ano consecutivo para convocar o multiforme universo antiautoritário a participar da feira do livro e propaganda anarquista de Santiago. Esta vez, programada para os dias 12 e 13 de abril de 2014, em algum misterioso lugar, a confirmar.
A feira do livro é, e têm sido, um lugar basicamente de encontro.
Encontros formais e informais, tanto em debates abertos como em encontros ocasionais, em oficinas práticas como em mesas de propaganda, tanto nos risos como nas tensões. Sem dúvida, nossa intenção é estimular a leitura, a reflexão e o debate, contudo, aquela pretensão aparentemente neutra, se enche de conteúdo ao considerar a finalidade política que nos exalta: A propagação das ideias e práticas que promovem a anarquia.
Não é uma feira do livro cidadã nem de esquerda, não é outra feira do livro organizada pelo Estado nem por alguma corporação privada desejosa de impor sua aborrecida cultura dominante, tampouco é uma “nova alternativa” e muito menos um “mall” contracultural. Esta é uma feira anarquista, de livros e propaganda antiautoritária: é uma feira completamente aberta a todo aquele que deseje participar dela, sob nenhum ponto de vista se trata de um encontro privado, nem muito menos clandestino, nossa convocação é pública e se deve compreender como uma incitação a conhecer as ideias anarquistas, a compartilhá-las e a discutir com elas, em fim, é um de tantos esforços que nascem para terminar com este mundo que nos aflige e construir novas realidades antagônicas ao Poder.
Durante 2012 e 2013 realizaram-se nesta cidade a duas versões anteriores desta iniciativa, cujo êxito de convocação, participação e conteúdo nos convida a continuara com estas jornadas, que ano a ano nos têm proporcionado novas oportunidades para o crescimento de nosso projeto anarquizante. Entre todos os componentes que integram a preparação desta feira, destaca-se o trabalho prévio que se realiza no que denominamos “ampliados”, ou seja, um espaço de encontro com os diversos grupos, coletivos e editoriais, que fazem parte do trabalho de coordenação, participando das discussões e responsabilidades que se apresentam fundamentalmente na última etapa. Através desta instância buscamos que as/os companheiras/os contem com um papel mais ativo no projeto e planejamento da feira, e deste modo, aprimorar a pontaria coletivamente para que este encontro cumpra cabalmente os objetivos a que se propõe.
Mas sem dúvida, além dos acertos e as oportunidades que se abrem, o grupo de coordenação busca planejar novos desafios, através de uma leitura (auto)crítica do que foi feito até agora. Nesta oportunidade, pretendemos fazer um melhor uso dos espaços, independente do lugar que nos acolha, pois proporcionar um lugar adequado para receber à imensa quantidade de pessoas que chega, é a prioridade; também, nesta terceira versão, buscamos instalar novas problemáticas, em torno das quais, tiremos como resultado novas reflexões, que nos ajudem a posicionar nossa aposta política com maior solidez e capacidade destrutiva do “status quo”, isto, posto que em reiteradas ocasiões os supostos debates da feira resultam ser intermináveis repetições de bandeiras e reafirmações coletivas do que a miúdo se escuta ou se lê em nosso meio. Agora, bem, nesse sentido nos cabe a responsabilidade de planejar as temáticas idôneas e dar o espaço para o desenvolvimento da conversação, mas o êxito concreto deste objetivo está em todos/as que participam dos debates, em quem se atreve a levantar a voz e ser um aporte para cada reflexão, em quem carrega o ânimo de enfrentar posições e não viver da mera reprodução de bandeiras repetidas. Por último, temos determinado como intenção, esta vez, não só abrir um espaço para meninas/os, senão melhor, fazer ênfase na criação de um contexto preocupado com os menores, por um lado, fazendo do lugar físico onde se desenvolve a feira do livro, um espaço mais amigável para todas/os (por exemplo, insistindo em que esta é uma atividade livre de fumo e de álcool), e por outro, promovendo a edição de textos infantis, assim como a leitura e a criatividade dos pequenos através de diversas atividades.
Após este breve traçado de objetivos, só nos basta saudar a todos/as companheiros/as que têm aberto e multiplicado instâncias semelhantes em outros territórios próximos, entre eles a 4ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre; aos que realizarão a 1ª Feira do Livro e Propaganda Anarquista de Lima em fevereiro; a quem organizou a 1ª Feira do Livro e Cultura Libertária, Zona Norte (Santiago) e quem prepara para os primeiros dias de março a segunda versão desta na Zona Sul de Santiago; aos compas que realizaram a 1ª Feira Antiautoritária de Puerto Montt em dezembro passado e a quem prepara para fins de fevereiro a Semana Anárquica “pela comunicação de nossas relações e territórios” em Concepción. Finalmente queremos enviar um caloroso abraço aos que se encontram sequestrados em diferentes centros de extermínio em cada rincão deste planeta, aos compas que têm caído dignos/as enfrentando este mundo de misérias, especialmente, a quem têm conhecido e compartilhado suas ideias e experiências em versões anteriores desta Feira do Livro e propaganda anarquista.
Os esperamos.
Grupo Coordenador Feira do Livro Anarquista de Santiago – ferianarquistastgo@gmail.com
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
As cores da noite
recamadas de silêncio
preparam o dia.
Eolo Yberê Libera
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!