O terrorismo de Estado nas escolas secundárias continua mais intensificado. A polícia se encarregou do funcionamento das escolas secundárias e da tarefa da repressão aos estudantes que participaram em mobilizações estudantis e ocupações de escolas. Em várias escolas secundárias do território do Estado grego, os aparatos repressivos do Regime têm implementado procedimentos penais contra estudantes secundaristas menores de idade que participaram nas últimas mobilizações estudantis, acusando-os de delitos graves, enquanto que em um caso conhecido proibiram a estudantes de se apresentarem aos exames de seleção por haverem participado em ocupações.
Fazem uns dias a Polícia chamou a diretora dos três últimos cursos e o diretor dos três primeiros cursos da escola secundária do bairro de Pireo Keratsini para que testemunhassem e delatassem aos estudantes do secundário da escola que haviam participado na última ocupação em outubro passado. O ano passado, dezenas de estudantes secundaristas, de colégios no norte da Grécia foram expulsos por haverem participado em manifestações contra a instalação de uma mineradora de ouro em Calcídica. Em outubro de 2011, fiscais, policiais e paraestatais irromperam em escolas secundárias ocupadas para reprimir as mobilizações juvenis. No mês anterior o governo neoliberal pretendeu proibir a política nas escolas, com uma encíclica do Ministério da Educação de 1985, segundo a qual “fica proibido qualquer discurso de conteúdo político dentro das escolas, dirigido aos educadores ou aos estudantes por parte de representantes de partidos, de órgãos coletivos ou por outras pessoas”.
O diretor se negou a colaborar com as forças repressivas do Regime. Pelo contrário, a diretora, atuando como uma genuína delatora, entregou aos policiais os nomes e apelidos de oito alunos que segundo ela, haviam participado na ocupação. Quando lhe perguntaram se havia delatado aos estudantes, se negou a responder, ameaçando a um dos pais de expulsá-lo de seu escritório. Ao mesmo tempo chamou a polícia, pedindo-lhes que o prendessem e que confiscassem seu telefone celular, temendo que houvesse gravado toda a conversa que haviam tido.
Depois disto, os oitos jovens foram chamados pela delegacia do bairro para testemunhar. Os policiais perguntaram aos meninos a que se dedicavam seus pais, como haviam votados nas últimas eleições, qual é a situação econômica de sua família, qual é a ideologia ou as convicções políticas de seus professores, porque haviam realizado a ocupação, quais haviam sido os professores que os haviam apoiado, e se haviam sido incitados por algum partido ou por alguns de seus professores.
Na delegacia os jovens foram informados que são acusados de delitos graves, e de que segundo os policiais não têm direito de apresentarem-se nos exames de seleção (ingresso) para as universidades, enquanto correm os procedimentos penais contra eles. Quando a Associação de Professores local pediu à Polícia que lhes explicassem em que lei se basearam para proceder a estas ações, a resposta que receberam os deixou atônitos, inclusive aos partidários ou defensores da Democracia.
Os policias ensinaram aos professores um documento da Direção Geral da Polícia, no qual se ordena a todas as delegacias registrar todas as escolas de seu bairro, contatar com os seus diretores com a finalidade de “registrar seus problemas e necessidades”, “receber petições realizadas pelos diretores das escolas, com respeito a temas associados com o Ministério da Ordem Pública e da Polícia”, redigir relatórios pertinentes sobre tudo isso, e apresentá-los às subdireções da polícia local… Depois de haver recebido esta ordem, policiais da delegacia de um bairro de Atenas visitaram os diretores de várias escolas secundárias, primárias e… creches de seu bairro.
Assinalamos que o caso da repressão dos estudantes da escola secundária de Keratsini não é nem o primeiro nem o único. Diretores de várias escolas secundárias, depois de haver sido contatados pela Polícia, entregaram às forças repressivas do Regime os dados de estudantes que segundo eles participaram nas últimas mobilizações estudantis e ocupações de escolas, ou “incitaram” a outros estudantes a proceder a tais ações. Em dois casos de escolas das províncias, alunos do secundário têm sido processados por haver participado em ocupações de três anos atrás! Todos estes jovens estão acusados de vários delitos graves.
O denominador comum de todos os comunicados dos partidos ou coletivos esquerdistas e das associações progressistas é sua surpresa, a afirmação que “estas práticas convertem as escolas em terreno de controle, manipulação e aterrorização dos seus professores e diretores”, e a constatação de que “obstaculizam o trabalho educativo”… A Associação de Professores local em seu comunicado pede “que a escola volte o quanto antes a seu funcionamento regular e a seus fins educativos”.
Deixamos de lado o fato de que em seus comunicados fazem menção tão só aos professores e diretores das escolas, e não aos alunos, que são os receptores principais do terrorismo da Democracia. No atual sistema sociopolítico as escolas são instituições de manipulação dos jovens, de produção de pessoas dóceis e obedientes, de sua integração na hierarquia deste sistema, e por ente de reprodução e perpetuação do sistema imperante em geral, e de sua estrutura e ideologia em concreto. Este é o papel que tem que cumprir o sistema pedagógico inteiro e os que o servem. Para nós, é algo mais que óbvio que este papel não é nada neutro. Tudo isto é chamado “funcionamento regular” no comunicado dos professores, citado no parágrafo anterior.
No totalitarismo neoliberal que estamos vivendo, o Poder está intensificando sua ofensiva contra aquela parte da sociedade que resiste à imposição de seus planos. Esta ofensiva têm várias facetas. Onde não chega o estilo de vida, a desinformação, a propaganda, o controle do pensamento, chega a criminalização de qualquer ação política coletiva ou não, a repressão direta e a aterrorização dos que não se conformam com esta realidade horrorosa que se pretende impor nas escolas, nas universidades, nos lugares de nossa escravidão assalariada, nos espaços públicos, na internet, em todas as partes.
O que está tentando realizar o Regime nas escolas é muito mais que uma mera “obstaculização do trabalho educativo”. É a primeira vez depois da Ditadura não encoberta (1967-1974) que direta e abertamente as forças repressivas se fazem responsáveis pelo funcionamento das escolas. A mensagem intimidatória remetida pelos governantes aos estudantes é clara: “Somos os senhores de vossa vida. Como se atrevem a tomá-la em vossas mãos, a fazer ocupações, greves, manifestações e em geral qualquer ação que ponha em perigo o status quo atual, vamos castigá-los e reprimi-los de qualquer maneira que nos pareça adequada. A mensagem remetida a seus pais é igualmente clara, colocando-os também na mira da repressão, e indicando-lhes o caminho da submissão.
Contudo, o que não levam em consideração os soberanos e os agentes executivos de seus planos, é que quem semeia vento, colhe tempestade. Já têm caído as primeiras gotas da tempestade que está por vir.
O texto em castelhano aqui:
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Rastros de vento,
escuridão de brasas,
um salto suave.
Soares Feitosa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!