Não temos ilusões: o cinema é, sem dúvida, o pior meio para difundir o que seja em tempos de escassez da imaginação – é puro ócio, enquanto lá no horizonte surge um script que já nos contaram, uma montagem que já vimos, uns créditos que já lemos, etc. A realidade há muito superou a ficção e tudo soa como um remake ruim (a crise, os messianismos nacionalistas, as organizações formais e informais, a repressão, as velhas utopias, etc.). É o eterno retorno, mas há um detalhe que cada vez ressalta mais na mise-em-scéne: toda a decisão tomada pela ciência é determinada (predeterminada) pela lógica financeira, pela lógica do domínio, e então de onde o avanço temporal se transforma em um pérfido labirinto sem saída, em um eterno “travelling” de planos contrapicados.
Alguns repetirão: “Algo milagroso urge. Algo “impossível”. E por isso aqui seguimos os que fazemos parte desse “impossível”, de algo que também já é velho, os que sabemos perfeitamente que este filme acabara mal, mas que reservamos para nós os planos aéreos -destruindo drones pelo caminho -, porque não nos esquecemos dos tempos em que os seres humanos sabiam voar, muito antes de qualquer filme, muito antes que qualquer Leviatã. E desfrutamos do presente em nossas cloacas, em nossas festas de breja barata, em nossas cantinas de vegetais reciclados, em nossas bibliotecas de livros mal impressos, em nossas feiras de livro e em nossos festivais de cinema, em nossas zona autônomas possíveis e obviamente temporárias.
Sabemos que todo projeto é uma forma de escravidão camuflada, mas nos metemos mais um ano na tarefa de organizar o festival de cinema anarquista. Se quer se juntar na construção deste agradável sem sentido, nos escreva para cineanarquistabcn@gmail.com. Se tem alguma excelente proposta, ou alguma obra acabada ou inacabada, que crê que mereça a projeção em débeis condições técnicas, pois faça-a chagar a nós também a cineanarquistabcn@gmail.com.
Continuará…
Tradução > Caróu
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Alice Ruiz
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!