Com este comunicado assumimos a responsabilidade política pelo ataque contra a Livraria Europa, ocorrido às 10h30 de terça-feira passada, 11 de março. Se após a recente onda de investidas a centros sociais, detenções e encarceramentos de antifascistas por parte do Estado, alguém pensava que o campo ficava livre para a passagem do fascismo em Barcelona, com a ação de terça-feira deixamos claro que se equivocava.
Os soluços vitimistas difundidos pelo nazi Varela como reação a nosso ataque (expresso na forma de um discurso hipócrita contra a “violência da esquerda”) não nos surpreendem, pois conectam com a fachada generalizada que tentam manter em diferentes graus todos os grupúsculos do fascismo espanhol, arrastando pateticamente pelo chão seus verdadeiros princípios para mostrar-se ante o público, sob o mais apresentável aspecto do populismo xenófobo democrático. Mas em que pese todas as tentativas de maquiagem política, a cantilena vitimista e democrática de sujeitos como o que dirige a Livraria Europa, diretamente vinculada com a comunidade de nazis do exército de Hitler aposentados no Estado espanhol após a Segunda Guerra Mundial (Otto Skorzeny, Leon Degrelle), sempre soarão estridentes e ridículas nos ouvidos minimamente informados.
O fascismo expressa seu DNA violento não só quando historicamente adquire a forma de Estado totalitário, aniquilando mediante o terror as minorias que a ele se opõe, senão também em suas formas atuais de grupúsculos políticos ou de gangue, levando a cabo agressões brutais contra quem consideram seus alvos. Agressões que só no Estado Espanhol têm causado inúmeros feridos graves e mortos: Carlos (2007); Roger (2003); Guillem Agulló (1993); Lucrecia Perez (1992)…
Frente a essas agressões e frente às tentativas de impor um projeto político baseado na exacerbação e institucionalização destas agressões, diferente de seus autores, nós nos não ocultamos nossa determinação para atuar de forma contundente. Não vamos deixar-lhes passar. Não deixaremos que intoxiquem nossos bairros e nossos povoados com o discurso fácil da “unidade nacional” e o “ódio ao estrangeiro”, aproveitando o contexto de crise para ganhar cotas de poder, ao custo de impor ainda mais violência e pressão sobre a classe trabalhadora migrante. Aqui como em qualquer lugar da Europa, aqui em Barcelona como em Vallecas, Paris, Keratsini ou Hellersdorf, o inimigo é o mesmo: o sistema capitalista que tem devastado nossas condições de vida em nome dos “Mercados”, e seu subproduto reacionário, os fascistas que querem levar ainda mais longe o autoritarismo e a brutalidade dos Estados.
Por isso, porque somos conscientes dos tempos que vivemos e viveremos, não podemos senão surpreendermo-nos ante a atitude de quem por um lado critica a ação direta contra os nazis de hoje em dia, e por outro, leva as mãos à cabeça, vendo documentários históricos sobre as ditaduras europeias dos anos 30, enquanto se pergunta: “Como é que ninguém fez nada?”
Barcelona, 13 de março de 2014.
Tradução > Sol de Abril
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