[A seguir, comunicado de apresentação do “Rosanegra Ação Direta e Futebol”, um coletivo político de ação direta através do futebol. O time teve “ótima” estreia na segunda edição da Copa Rebelde dos Movimentos Sociais, realizada no centro da cidade de São Paulo, no último final de semana – 12 e 13 de abril.]
Comunicado:
Somos um coletivo autônomo e uma equipe de futebol que pensa suas ações políticas através do futebol.
O time surgiu a partir da vontade de jogar futebol de pessoas já envolvidas em militâncias de movimentos autônomos e libertários. Entretanto, queríamos jogar futebol sem abrir mão de nossas ideias e comprometimento com a luta política diária. Mais que isso, surgiu porque acreditamos no futebol como ferramenta, isto é, meio. Ferramenta para comunicação e convivência entre as pessoas, desde uma perspectiva anticapitalista. Ferramenta para desconstruir valores sociais, reproduzidos também no futebol, jogo amplamente difundido, praticado e de interesse popular.
Nossa ação direta através do futebol passa por jogar em espaços que não são “nossos”, espaços de disputa, pra marcar posições políticas; jogar com pessoas de todos os gêneros e orientações sexuais, sem distinção, como forma de reivindicar na prática a igualdade de tratamento entre todas elas; jogar sem hierarquias internas no time atravessadas por critérios únicos de habilidade ou qualquer outro critério, como forma de praticar a ideia do “a cada um de acordo com o que pode dar, para cada um de acordo com o que necessita, com o todo sendo o denominador comum desses interesses e necessidades”.
Desta forma, acreditamos poder ampliar a discussão política quando jogamos uma pelada na rua e precisamos argumentar cada vez que ouvimos “rua não é lugar de jogar futebol, procurem algum clube”, ou quando, por jogarmos com um time sempre misto, mesmo que o adversário seja só de homens, precisamos debater quando ouvimos na beira do campo que “futebol não é pra mulher”.
Nossa militância e nossa prática política são contra o racismo, o machismo, o sexismo, a homofobia, enfim, contra todas as muitas formas de opressão e dominação que surgem a partir de uma sociedade dividida pelo privilégio. Somos por uma outra sociedade, sem privilégios econômicos, políticos e de gênero, sem classes, onde o apoio mútuo e o anticapitalismo sejam a base das relações e onde caibam muitos mundos.
O Rosanegra ADF é apartidário, organizado de forma horizontal e busca sempre tomar decisões por consenso. Temos nos encontrado a cada 15 dias para reuniões-jogos-treinos. Nos revezamos entre ABC e São Paulo, já que o time tem pessoas de diferentes lugares. Jogamos com golzinhos na rua, em pequenas quadras de bairros e em outros espaços públicos que descobrimos ou para os quais somos convidados. Em linhas gerais, esses são nossos princípios e modo de organização.
Queremos jogar contra/com times de movimentos sociais e coletivos ativistas, para propiciar o diálogo, a troca de experiências, a construção de novas frentes de luta. Mas não nos colocamos limites, afinal, o diálogo com todas as pessoas, independente de onde sejam ou a que grupo pertençam, é necessário se queremos transformar e reconstruir.
Se quiser se juntar a nós, seja bem-vinda ou bem-vindo. É só entrar em contato para saber quando será a próxima reunião-treino-jogo.
Princípios do Rosanegra:
• time misto, o que vai além de ser um time onde jogam homens e mulheres – somos um time misto porque joga quem quiser, independente de sua orientação sexual ou identidade de gênero;
• horizontalidade;
• anticapitalismo;
• apartidarismo;
• comprometimento político e social;
• busca pelas decisões por consenso.
Contato: rosanegra-adf@riseup.net
Rosanegra Ação Direta e Futebol
agência de notícias anarquista-ana
Se mira na poça
de lama do pátio
a lua vaidosa
Luiz Bacellar
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!