Pela terceira vez consecutiva, uma marcha explicitamente anticapitalista foi chamada em Seattle para o 1º de Maio. Este ano, teve duas, uma iniciando no Capitólio e a outra no Presídio de Jovens no Distrito Central. Ambas iniciaram no início da tarde e convergiram, traçando um caminho que foi do Capitólio através do Terraço Yesler, um espaço de gentrificação em curso, até chegar no Centro. A marcha incluiu centenas de manifestantes anticapitalistas, alguns/algumas mascaradxs, outrxs carregando faixas e bandeiras anarquistas, e outrxs cantando ou gritando contra a polícia. A atmosfera geral foi de celebração assim como de antagonismo.
O 1º de Maio em si nasceu de uma luta antagônica contra as condições de trabalho estabelecidas, e desde então se tornou um símbolo de celebração, pela luta por uma vida melhor, uma vida sem Estado ou Capital. Em Seattle, a Marcha pelo Direito dxs Imigrantes organizada por “El Comité”, manteve vivo o momento do 1º de Maio pelos últimos anos. Entretanto, visto que o Ocupa Seattle revigorou o espírito de rebelião em milhares de pessoas, o 1º de Maio se tornou novamente um feriado explicitamente anticapitalista para muitos.
A primeira marcha anticapitalista ocorreu em 2012 como parte de um “Viva!” final para o Ocupa Seattle. A marcha foi radical, cheia de dinâmicas de rebelião e teve como alvo a destruição da propriedade, incluindo grande parte da área do centro comercial e o tribunal de justiça federal. No entanto, muitas pessoas esqueceram que houveram outras duas corajosas marchas mais tarde no mesmo dia. Ocorreu a manifestação “Honrar os Mortos, Lutar pelos Vivos”, onde as pessoas rememoraram xs mortxs pela polícia como o homem Indígena John T. Williams, assim como mártires anarquistas como Louis Lingg. A marcha foi repleta de conflitos com a polícia. Mais tarde, houve o protesto “Anti-Fronteiras, Anti-Prisões” que compartilhou da mesma energia pesada das duas manifestações anteriores no dia.
No ano passado, a segunda marcha anual anticapitalista foi chamada no amanhecer do ano anterior. Foi um caso apaixonado. Duas centenas de manifestantes anticapitalistas marcharam pelas ruas de Seattle, dançando, lutando contra a polícia, quebrando algumas janelas e cantando juntxs.
A polícia e a mídia tentou pintar a revitalização da tradição do 1º de Maio por anticapitalistas como um esforço marginal. Porém, os últimos três anos comprovaram que o 1º de Maio de fato não é fruto do acaso, mas uma tradição que ainda contém o poder da luta anticapitalista que floresceu em Maio de 1886 em Chicago. A polícia, a mídia, e inimigos semelhantes, frequentemente questionam o propósito ou a intenção de uma manifestação radical como algo aparentemente sem foco ou sem demandas. Eles próprios vivem no interior de uma estrutura míope, de um mundo de conflitos. Como anarquistas, rebeldes e antagônicos, temos uma história que se estende por centenas de anos, uma história orgulhosa. Nossa luta foi e será interminável. Enquanto o Estado, o Capital e todos aqueles que tentam suprimir e oprimir nossa existência existirem, nós permaneceremos incontroláveis. Esta é a realidade que vivemos, uma realidade em que nossos inimigos são tão vastos e dominantes que uma simples demanda ou ação de um único dia nunca poderia destruí-los. Ao invés disso, a destruição do Estado e do Capital haverá de chegar através de gerações e séculos de conflito ousado e imortal.
Ontem, marchamos pelas ruas, cantamos palavras de ordem, dançamos em interseções, impedimos prisões, combatemos os super-heróis, jogamos garrafas e tijolos contra a polícia, acendemos fogos de artifício e tochas, nos reunimos ao redor de uma fogueira no meio da rua, e compartilhamos de um momento coletivo de existência comunal e liberdade que não experienciamos com frequência na existência banal do nosso dia a dia. Nestes momentos, dividimos um olhar no que o futuro pode reservar para nós, o que guardamos dentro de nós mesmos e em nossa relação com os outros, e o que nossxs companheirxs rebeldes comportaram no passado. Apesar do nível de nosso ataque ou atividade, fomos capazes de encontrar um/uma ao/a outrx na noite passada e esperançosamente, muitxs de nós agora lembraram-se de que não estão sozinhxs e que nunca estiveram. No futuro, talvez ocupemos os edifícios vazios de condomínios, arrancando o concreto e plantando jardins, expulsando a polícia, ocuparemos as escolas, destruiremos os bancos, para experienciar uma liberdade duradoura que ainda precisamos imaginar. Porém, neste momento, devemos nos orgulhar do lugar em que hoje nos levantamos, como inimigos do Estado e do Capital, e como amantes da liberdade e da autonomia.
Aqui é para construir uma tradição longínqua de um 1º de Maio anticapitalista em Seattle!
Liberdade e Anarquia! Vida Longa à Memória dxs assassinadxs pela Polícia e pelas Fronteiras! Vida Longa aos Anarquistas de Haymarket!
http://pugetsoundanarchists.org/
Tradução > Malobeo
agência de notícias anarquistas-ana
lembrança de menino
fazendo cócegas na mão
a cauda do girino
Rafael Noris
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!