[No dia 4 de junho, às 19h30, no Museu da Cultura (Rua Monte Alegre, 984, Perdizes, São Paulo), o Núcleo de Sociabilidade Libertária (Nu-Sol) realiza o evento “Bakunin – A faculdade de pensar e a necessidade de se revoltar”, com Acácio Augusto, Edson Passetti, Eduardo Valladares, Sergio Norte e José Carlos Morel. A seguir, uma micro-entrevista com o companheiro Sergio Norte, autor de “Bakunin – Sangue, Suor e Barricadas”.]
Agência de Notícias Anarquistas > As ideias e práticas de Bakunin continuam carregadas de sentido?
Sérgio Norte < Bakunin é um personagem do século XIX, suas ações e obra estão inseridas no seu tempo. Hoje o Exu da Revolução nos serve como exemplo e inspiração; as dominações, o Estado, as formas de submissão e os autoritarismos são outros no século XXI e exigem novas formas de compreensão e combate. Bakunin nos lega a necessidade de pensar livremente, a urgência da revolta e a lembrança de que: “todo revolucionário deve trazer o diabo no corpo”.
ANA > Se você fosse cineasta, que passagem da vida dele transformaria num filme?
Sérgio < A vida do Exu da Revolução é por si só uma grande aventura, Bakunin foi um homem de ação e não um revolucionário de gabinete como herr Marx, destacaria três momentos:
1. Sua participação nas insurreições populares de 1848/49 em Paris, Praga e Dresden, onde é preso e passa por várias prisões e duros interrogatórios (Königstein, Alemanha; Praga, Olmütz, República Tcheca; e em 1851 transferido para a fortaleza/prisão Pedro e Paulo, em São Petersburgo, Rússia), sem jamais incriminar nenhum companheiro.
2. Em 1857 é transferido para o exílio na gélida Sibéria de onde fugirá em 1861, percorrendo mais de três mil quilômetros em quatro semanas, embarca com documentos falsos no veleiro norte-americano Vickery com destino ao Japão. Em setembro, embarca no vapor norte-americano Carrington, chegando em São Francisco, Califórnia, em setembro. Viaja no lombo de mulas, cavalos, até o Panamá, onde após atravessar o istmo (o canal não havia sido construído ainda) embarca no Atlântico rumo à Nova York, onde permanece de novembro a dezembro, reencontrando exilados veteranos das revoluções de 1848. Embarca para Londres onde chega dois dias após o natal, 1861, na casa do também exilado russo Alexandre Herzen, seu amigo. Após ter feito uma volta ao redor do mundo, em menos de 180 dias, pergunta ao abraçar e beijar Herzen: “Onde há ostras frescas por aqui?”.
3. Sua fundamental militância na Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), e seu duro combate contra os autoritários partidários de Marx e do socialismo estatal.
ANA > E se Bakunin estivesse vivo, em que “barricada” ele estaria lutando hoje? Na Grécia? Ou…
Sérgio < Bakunin era um internacionalista e nesse exercício de ficção histórica diria que estaria lutando nas barricadas da Europa e porque não na Grécia…
agência de notícias anarquistas-ana
saio de casa
esquecendo a razão
perfume de lilás
Ruby Spriggs
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!