Que a revolta em Sants seja só o início!
A rebelião social no bairro de Sants dos últimos dias é um acontecimento que marca um antes e um depois. Uma importante parte das pessoas do bairro está se rebelando contra o despejo de Can Vies e a demolição bárbara do edifício. Can Vies tem sido território contra o poder do Estado e do capital há 17 anos e muita gente o tem-temos defendido como nosso, porque é nosso. Em Can Vies temos defendido um modo de viver, de criar e de nos relacionarmos sem cobertura oficial, sem instituições, nem empresas nem subvenções. Agora bem, estes últimos dias estão sendo também a oportunidade para expressar o descontentamento generalizado pela violência e a miséria que o capital nos impõe em todos os níveis de nossas vidas.
A solidariedade ativa de milhares de pessoas, como expressão de um desejo coletivo de viver sem obedecer, supõe um grande perigo para as autoridades políticas, midiáticas e econômicas. E o sabem. A luta na rua demonstra que só organizando-nos de forma coletiva podemos defender nossos interesses e nossas vidas. O suposto diálogo com nossos inimigos só nos leva aonde eles querem: submeter-nos a aceitar sua lógica.
Can vies tem tido tanta importância não porque fosse um projeto cultural ou educativo valioso, mas sim porque era um projeto que tinha como traço constitutivo o não-pacto, a ruptura, a negação de cada governo, de qualquer representante. Negociar com o Estado anula as bases de nossa luta: criar uma sociedade sem classes, sem exploração, sem relações de dominação. Nossa ação muda de caráter se obedece a um pacto com a autoridade ou se nega a obedecer. Can Vies não era nem será um centro cívico. Não é nem pode ser parte do projeto culturalista, “aberto”, progressivo ou humanista de qualquer profissional da política. É decisão de fazer política sem este profissional e contra ele. Portanto negociar equivale a desaparecer como atividade emancipadora. Já há muitas pessoas que não veem nenhum problema em encher um bairro com barricadas, atacar bancos ou atirar pedras na polícia para defender uma forma de organização social autônoma sem mediadores. Nós, incontrolados e incontroladas, nos multiplicamos, e ademais sabemos e aprendemos pouco a pouco a nos cuidar.
Curiosamente o Estado e os meios de incomunicação tentam introduzir as divisões do passado entre manifestantes pacíficos e violentos. É evidente que tal divisão não existe. O conflito já se expandiu e temos que fazer que se estenda ainda mais. Já não é a “fila” de manifestações a que faz seus rituais, mas muitos, muitíssimos vizinhos do bairro e da cidade. Cada vez é mais evidente que o pacifismo resulta inútil, por isso a participação nos distúrbios aumenta, e uma nova cultura da autodefesa cresce, a de combater coletivamente. Mas na se trata da violência, mas de marcar objetivos claros e atacar o capital e seus símbolos. Não há que atuar de maneira aleatória ou compulsiva, nem ter uma sensação difusa de responsabilidade sobre os acontecimentos, mas de assumir plenamente a tarefa de atuar juntas, com os coletivos, as assembleias e as pessoas que querem promover práticas e projetos contra e fora das permissões e das normas de nossos adversários.
Outras formas de viver encheram (e seguem enchendo) as ruas de Sants, de Gamonal, de Istambul, do Rio, etc., com barricadas para defender-nos daqueles que só pensam no benefício econômico e político, excluindo-nos com suas leis, reprimindo-nos com sua polícia, manipulando-nos com seus meios. Estamos aí e seguiremos estando, opondo nossa comunidade de luta ao mundo individualista, mercantilista e patriarcal, em que a vida decai em mera sobrevivência. Os amos e os governos destroem projetos coletivos com 17 anos de história e também destroem milhares de vidas a cada dia. Que ninguém se deixe enganar: quando a comunidade ganha, as leis opressivas dominantes perdem. Quando estas leis ganham, (se) perde a comunidade. Em outras palavras, nós ou o Estado, ou a vida comum ou a barbárie. O que mais necessitamos neste momento é potencializar os laços entre nós, as colaborações e as coordenações que nos permitem criar e defender o mundo no qual queremos viver.
Sem mais despejos nem mais expulsões. Sem mais detenções nem espaçamentos nas delegacias nem nos camburões. Multipliquemos as okupações, internacionalizemos o conflito. Reconheçamo-nos nas lutas contra o capital em todo o mundo. Temos que seguir combatendo e, ao mesmo tempo, desenvolver e melhorar nossos vínculos, organizarmos e coordenarmos. Estratégia comum, estratégia do comum. Por trás de cada barricada, um projeto coletivo. Por diante de cada projeto coletivo, uma barricada.
Fora polícia dos bairros!
Liberdade para todos os presos!
Liberdade para todas presas por lutar!
Okupemos cem, mil Can Vies!
Vida longa ao espírito que incendeia as ruas de Sants e Barcelona!
Vida longa à Rosa de fogo!
Isto não fez mais do que começar!
CRIT – Comitê Revolucionário Internacionalista Tozudo
Tradução > Caróu
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Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
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