Texto da Organização de Antifascismo Combativo, publicado em sua página na web.
• Não, à ideia de que “todos” somos responsáveis do fascismo, não está dentro de nós, não é uma ação “má” feita por nós, nem é um comportamento autoritário. O fascismo não é uma cosmovisão equivocada, um sistema ético sujo. O fascismo não é uma ideologia, é um movimento político reacionário, dirigido a dissolver qualquer conquista social na história humana. É o capitalismo primitivo do Far West (“distante oeste”). É o canibalismo social de cada faceta da nossa vida. Converte as comunidades humanas em lugares de conflito civil entre os pobres, para o deleite dos capitalistas. O fascismo é a versão mais suja do sistema capitalista, cujo fim é transformar as sociedades organizadas em uma matéria-prima “dócil”, pronta para ser usada pelos patrões, para que eles obtenham lucro.
• Vivemos em um período de transição. Estamos em um estado de trânsito entre a complacência de nossa cadeira no parlamento até o desmantelamento de todo tecido social. Os acontecimentos que têm lugar na periferia capitalista (Egito, Síria, Iraque, Ucrânia, etc.) podem ser considerados como o pesadelo da flexibilidade burguesa ocidental, que se aproxima. O bloco burguês se valerá de qualquer projeto político para preparar aos trabalhadores europeus para o massacre que está por vir: Estados autoritários e policiais, golpes de Estado e partidos ultradireitistas, exércitos de mercenários e “estados de emergência”. O fascismo é um projeto mais de imposição da competição capitalista. A maior crise econômica que o sistema capitalista conheceu acarretará a maior devastação já conhecida pela história humana na era moderna. Hoje, portanto, não é suficiente gritar de maneira genérica e arrasadora: “O fascismo não passará!”. É necessário uma clara descrição da situação específica em cada momento determinado, para poder dar as soluções adequadas.
• O fascismo pode ter muitas versões. Pode tomar a forma de um partido político, como Aurora Dourada. Entretanto, também pode aparecer como um movimento de “indignados” ou de fura greves. Pode ser um exército de mercenários contratados por peixes grandes, ou como gangues de rua “ilegais”. Pode ser uma união (associação) moralizadora contra a prostituição ou as drogas, ou uma organização de “pessoas roubadas” ou de pequenos proprietários “desditosos” (pobrezinhos) que protegem sua propriedade. Sempre, porém, (os fascistas) trabalham em equipe. Sempre procuram conseguir uma legitimidade social para suas ações. Aparecem como “os que dão comida, trabalho e segurança aos cidadãos”. Usurpam bandeiras e ideias que são “armas” do movimento dos trabalhadores, e empurram os trabalhadores ao derrotismo, ao individualismo, à inércia, a sua conversão fatalista, de seres políticos coletivos, em carne para a máquina de moer capitalista.
• O fascismo é uma ferramenta política de centralização. Não planeja a longo prazo, não está interessado na “mudança do equilíbrio de forças”, não prepara o empoderamento político e ideológico de base, das gerações futuras… O fascismo não faz uma guerra de guerrilhas de longa duração, nem de “batalhas simbólicas”. Por isso não se confronta com lutas locais nos bairros. Busca nossos vazios políticos e geográficos, e especula sobre nossas debilidades. Estabelecem um regime mediante a imposição política, e como tal tem que ser confrontado. Seja no bairro esquerdista de Níkea ou na longínqua Ucrânia, o inimigo é o mesmo!
• Devemos evitar qualquer tentativa de legitimar as práticas fascistas em todos os campos da atividade social ou política, seja nas manifestações e desfiles ou disfarçadas de caridade, nas escolas e locais de trabalho, nos estádios e organizações sociais. Cada momento de vacilo, cada centímetro que se conceda (aos fascistas), aumenta a confusão para o nosso povo, e nos aproxima da derrota.
• A batalha contra o fascismo, então, não é uma batalha de ideias, princípios ou ética, e não se pode dar em um universo mental paralelo. É uma batalha de vida ou morte para as forças políticas e sociais do movimento dos trabalhadores, classista, e deve acontecer poupando forças, e com eficácia. A violência existe em nossa vida cotidiana, e é exercida pelos patrões, dentro e fora do marco institucional. Contra eles sustentaremos que “a lei é o direito do trabalhador… independentemente da cor, sexo, nação e raça”. Defenderemos com todos os meios possíveis a vida, o trabalho, os bairros, nossas visões de uma sociedade igualitária. Portanto, está demonstrado historicamente que a violência é uma arma inevitável e indispensável contra o fascismo, e deve ter uma utilidade instrumental. Não serve para vinganças, egoísmos individuais ou eventos autônomos espetaculares, e têm sentido na medida em que reduz a eficácia dos movimentos do bando fascista, e contribui para a união do movimento antifascista.
• O movimento antifascista tem feito grandes e heroicas batalhas durante os últimos anos. Milhares de antifascistas através de assembleias, grupos, locais, sindicatos, partidos e inclusive através de grupos de vizinhos, estudantes e de torcedores, estão lutando com todas as suas forças contra os fascistas (uniformizados ou não) e seu Estado. Necessitamos algo mais. Necessitamos uma organização para transformar a reação e o instinto antifascista em um mecanismo de ação eficiente.
• Necessitamos uma organização antifascista como uma parte orgânica do movimento dos trabalhadores. Não somos uma força competitiva com os partidos políticos, sindicatos e locais autogestionados existentes. Ao contrário. Consideramos que a organização é uma participação consciente com os movimentos dos trabalhadores existentes, até a formação de um sujeito revolucionário para a derrubada do capitalismo.
• Em última instância, a vitória contra o fascismo não virá nem com o profissionalismo, nem com as batalhas simbólicas. Nossos inimigos não irão se desarmar e sair ante a causa moral justa de nossa luta. Não esperamos que lutem alguns “outros”, o “povo” em geral, os “trabalhadores”, a “sociedade”. Independentemente das influências políticas que têm (ou não têm!) cada um de nós, agora, todos juntemos nossas forças: comunistas, anarquistas e anticapitalistas como um punho, coerentes, organizados e tendo como fim não deixar que se converta em um inferno, a realidade que estão preparando para nós.
O texto em castelhano:
http://verba-volant.info/es/nueve-posiciones-sobre-el-fascismo-y-el-movimiento-antifascista/
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
figos pretos
em farrapos nas figueiras
chuva de outono
Rogério Martins
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!