Olá, meu nome é Steven Jablonski, sou um anarquista e um resistente ao Grande Jurado. Após viver em exílio no Canadá por aproximadamente um ano e meio, voltei faz um mês aos Estados Unidos. Meu regresso não foi planejado como algo secreto, mas senti a necessidade de tirar um pouco de tempo para mim mesmo, para poder juntar meus pensamentos e descomprimi-los antes de publicar algum comunicado. Agora me sinto pronto para romper o silêncio e para esclarecer um pouco a confusão sobre o fato de haver sido citado pelo Grande Juri de Seattle, investigando o 1º de maio de 2012 em Seattle.
Em julho de 2012 várias pessoas no norte-oeste receberam citações para depor ante o Grande Juri, que investigava a atividade anarquista e a destruição de propriedade que ocorreu durante a manifestação anticapitalista do 1º de maio de 2012 em Seattle. No final de julho recebi uma chamada de alguém dizendo que era um agente do FBI, que declarou que eu havia sido citado para depor frente ao Grande Juri e perguntou como poderiam entregar-me essa citação. Uma citação só tem efeito após ter sido entregue à pessoa, o que significa que a citação física deve ser entregue à pessoa. Tomei a decisão de resistir ao Grande Juri saindo do país, ao invés de arriscar-me a que me entregassem o documento e ter que depor frente ao Grande Juri.
Estive e estou firme na minha ideia de não cooperar com o Estado. Estava bastante seguro que se eu me negasse a responder as perguntas do Grande Juri, teria sido preso por desacato civil e me poriam no cárcere. Sem julgar as decisões tomadas por outros resistentes ao Grande Juri, não me senti confortável apresentando-me ao Estado para uma sentença de prisão. Compreendo que a prisão é parte da vida para muitas pessoas neste mundo e também compreendo que por tomar parte em atividades anarquistas, a pessoa está arriscando-se a ser presa. Quero fazer todo o possível para resistir e não cooperar com o Estado e também recuso caminhar conscientemente até minha própria cela em uma prisão.
Cheguei ao Canadá em 4 de agosto de 2012. Em novembro havia começado a viver em Montreal, Quebec. Durante o tempo que passei em Montreal, a CSIS (Serviço de Inteligência de Segurança Canadense) e a SPVM (Polícia da cidade de Montreal), me perseguiram. Durante o tempo que passei no Canadá, rotineiramente me seguiam e se acercavam dizendo meu nome na rua e fora de minha casa. Durante estas ações me disseram que devia voltar ao meu país e que eles estavam só esperando para poder deportar-me. Muitas vezes me colocaram em uma patrulha da SPVM, incluindo uma vez que me colocaram em uma patrulha da polícia a uma quadra da minha casa, às duas da madrugada e me deixaram na periferia da cidade, onde me tiraram o telefone, dinheiro, meus sapatos e minha jaqueta. Uns meses depois, duas pessoas desconhecidas me atacaram a duas quadras de minha casa, mas não levaram nada de meus pertences, só me chamaram “puto americano” repetidamente. Em todas essas ocasiões, ficou claro que essa gente sabia da minha situação legal.
Apesar de toda a perseguição, também tive o amor e a amizade de gente genial em Montreal. Essencialmente cheguei a Montreal sem conhecer ninguém e as pessoas de lá fizeram com que eu tivesse tudo o que necessitava. Rapidamente, após os altos e baixos, estas relações se transformaram em vínculos que tenho certeza, durarão muito tempo.
É muito claro que o Estado não está feliz com minha decisão, ou as decisões de outros, de não cooperar com esta investigação. Apesar disso, todos, exceto uma das pessoas envolvidas na investigação se mantiveram firme em não cooperar com a investigação. Mas a investigação agora está chegando ao fim. O passado ano e meio, certamente foi o mais interessante e o mais difícil da minha vida. Com a ajuda de amigos novos e velhos, anarquistas próximos e de longe, e a inspiração que senti de meus companheiros e resistentes ao Grande Juri em comum, algumas coisas já finalmente estão chegando ao seu fim.
Meu tempo no exílio também terminou sendo bastante caro, mas graças ao apoio monetário que recebi de muitas pessoas, me cuidaram muito bem. Quero expressar minha gratidão em especial ao Comitê contra a Repressão Política em Vancouver B.C. e Guelph ON e amigos no Bay Area e New York. Também quero agradecer a meus amigos em Puget Sound, os amigos mais próximos que tenho no mundo. Seu apoio e seu ânimo têm sido insuperáveis para minha resistência e minha saúde mental e emocional. Também quero dizer quanto me inspiraram a infinidade de ações em solidariedade ao redor do mundo e também a qualquer pessoa que ofereceu qualquer gesto de apoio.
Também quero esclarecer que me solidarizo completamente com os vândalos anônimos que atacaram o Juizado William Kenzo Kakamura em Seattle no 1º de maio de 2012. Não tem muitas coisas que desejo mais que ver as instituições do poder atacadas. Me identifico fortemente com a tendência anarquista insurrecional e creio que os atos de crimes e rebeliões que ocorreram esse dia em Seattle servem como um pequeno exemplo de como a gente pode atacar fisicamente às instituições do Capital, como parte de sua busca interminável pela liberação.
Ainda estou emocionado por poder estar em casa, como muitas coisas na vida, a experiência tem sido agridoce. Tive umas experiências incríveis durante o último ano e meio e regressar à casa não tem sido nada fácil. Apesar da frustração dos últimos 19 meses, sei que ao sair desta experiência, me tornei uma pessoa mais forte e com vínculos mais fortes, com uma ideia mais clara do que a afinidade, a amizade e a anarquia significam para mim. Mas no fim, simplesmente estou contente de finalmente estar em casa.
Solidariedade com os outros resistentes do Grande Juri e os no exílio!
Liberdade para Amelie, Carlo e Fallon! (os 5 prisioneiros)!
Que viva a Anarquia!
Qualquer pergunta / dúvida / comentário para Steve, podes escrever-lhe por correio a: nothingleft@riseup.net.
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
A abelha voa vai
vem volta pesada
dourada de pólen
Eugénia Tabosa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!