No dia 23 de Agosto de 2014, completará 87 anos da morte de Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti; o assassino de ambos trabalhadores italianos foram os Estados Unidos da América. Forjando documentos e provas, munidos de uma jurisdição xenófoba e conservadora, condenaram os dois a cadeira elétrica. A metodologia de criminalização do Estado, especialmente aos anarquistas, não é uma novidade. Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti não foram os primeiros a perderem sua vida e liberdade diante da justiça burguesa.
No Brasil, a ação de repressão aos movimentos sociais ocorre principalmente no início da República velha e o começo da consolidação do Estado brasileiro. Diante da política de branqueamento social e da abolição da escravidão, imigrantes de outras partes do Mundo chegavam nos principais portos do país. Dentro de suas bagagens, além de sonhos e esperanças de uma vida melhor, traziam a experiência histórica da classe operária europeia. A realidade apresentada no país foi o oposto do esperado, e perante esta situação, começaram a organizar sociedades de resistência. As manifestações proletárias evoluíram de forma crescente até irromper na Greve Geral de 1917. A repressão acompanhou pari passu esta evolução. Invasões de sedes de sindicatos, infiltrações de policiais em reuniões, torturas, prisões, deportações, exílios e mortes eram constantes no país.
O Estado novo varguista deu continuidade a metodologia de repressão, perseguindo os anarquistas que agora se organizavam principalmente nos Centros de Cultura Social, após a integração dos sindicatos ao Estado, da criação do Ministério do Trabalho, e da CLT. O Estado de Bem Estar começava a se modelar, imitando a ideia de Mussolini na Itália fascista.
Mais adiante, o período mais marcante da repressão brasileira: A ditadura civil-militar. Sob a orquestração da CIA, montando um pânico generalizado no país a respeito de uma “ameaça comunista”, os militares juntamente com a instituição estadunidense deram um golpe de Estado que perdurou por mais de 20 anos. De 1964 a 1988, militantes de várias organizações sociais, desde a igreja a partidos políticos, foram espancados, torturados, dilacerados moral e psicologicamente, mutilados, abusados, perseguidos e mortos.
Em 1988, no entanto, com o fim da abertura política e com a eleição do primeiro presidente civil desde 64, dá-se início à “democracia”, sob a esperança de liberdade política, e o fim das repressões. Enganaram-se. Em 26 anos, a democracia brasileira, para os movimentos sociais nada mais é do que o acúmulo prático de 126 anos de sufocamento das lutas e intenções dos que desejam um mundo pautado na justiça e igualdade social, isto é, desde à constituição da república à democracia burguesa.
Em junho de 2013, um levante popular marca um novo ciclo de lutas sociais no país. A autonomia, o classismo, a combatividade e a cooperação mútua são características não somente da maioria dos movimentos sociais atuantes na onda de protestos que perdura até o momento, mas também os princípios organizacionais dos trabalhadores estrangeiros que aqui desembarcaram na Primeira República: O anarquismo. E assim como os Mártires de Chicago, Nicola Sacco, Bartolomeo Vanzetti, e tantos outros que foram presos ou mortos no esquecimento, o Estado continua massacrando os que lutam; sua repressão se estende ainda às periferias, em todas as cidades do país e do mundo, pois a intenção de qualquer Estado, é se manter intacto, nem que seja preciso enganar toda uma população.
Em meio a prisões políticas, torturas, e demais meios de coerção apresentadas pelo Estado brasileiro, assim como um ato em solidariedade a todos os povos que sofrem com a repressão em seus Estados e países, e apoio permanente axs pres@s polític@s desde as manifestações de Junho de 2013, o GEAPI – Grupo de Estudos Anarquistas do Piauí constrói uma roda de debates chamada “NÃO ESQUECEREMOS! – Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzzetti”, em vista dos 87 anos do homicídio de ambos os anarquistas. Será realizado no dia 16 de agosto de 2014. A programação será a seguinte:
• 08h30 – [Palestra] A vida pela liberdade: Nicola Sacco & Bartolomeo Vanzetti;
• 09h30 – Exibição do Filme “Sacco & Vanzetti”.
(Por volta das 11:30h, faremos uma pausa para o almoço e retornaremos pela tarte).
• 14h30 – [Palestra] Repressão e criminalização dos movimentos sociais: Ontem e hoje.
• 16h – Reunião Pró-Comitê Popular de Auxílio axs Pres@s Polític@s.
O evento ocorrerá no Auditório da Universidade Estadual do Piauí, é aberto para tod@s @s interessad@s a contribuir e conhecer. Entrada franca.
“Primeiro levaram os Black Blocs,
Mas não me importei com isso, eu não era Black Bloc.
Em seguida levaram alguns Anonymous,
Mas não me importei com isso, eu também não me intitulava como Anonymous.
Depois prenderam os militantes de grupos sociais,
Mas não me importei com isso porque não me associei a ninguém.
Depois agarraram manifestantes comuns,
Mas como não saí as ruas também não me importei.
Agora estão me levando, mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo”.
C o n t a t o s
E-mail: geapi.phb@riseup.net
Site: http://anarquia-pi.blogspot.com.br/
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Alexandre Brito
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!