Barcelona, 22 de agosto de 2014.
Através da denúncia da Junta de Bom Governo do Caracol III “Resistência Até um Novo Amanhecer” de La Garrucha e do pronunciamento do Centro de Direitos Humanos Fray Bartolomé de Las Casas (Frayba) tivemos conhecimento das graves e lamentáveis agressões levadas a cabo contra as companheiros e companheiros base de apoio zapatistas das Comunidades Autônomas Egipto, El Rosario e Kexil, do Município Autônomo Rebelde Zapatista San Manuel (Ocosingo, Chiapas) por parte de integrantes da Organização Regional de Cafeicultores Autônomos de Ocosingo (ORCAO).
Nós voltamos a explodir em indignação ao saber que o recrudescimento no nível de agressões contra nossxs companheirxs zapatistas cada vez aumenta mais. A raiva se faz presente porque sabemos que esta macabra estratégia de tentativa de despojo e destruição, efetuada em cumplicidade com algumas “supostas” organizações sociais, pretendem acabar com um digno processo de construção de autonomia e o despojo das terras recuperadas. Nos ferve o sangue porque sabemos que ademais se dá no marco da Partilha do EZLN com o CNI e um dos objetivos era impedir sua realização.
E é precisamente a raiva e a indignação a que faz que nossa voz e nossos corações voltem a gritar bem alto que não estão sozinhos, que não estão sozinhas. Não podemos, nem queremos, permanecer em silêncio nem impassíveis diante destes graves fatos:
O passado 25 de Junho se produz uma invasão durante 24 horas de terra recuperada, disparos para o alto, destroços e ameaças de desalojamento e ameaças nos povoados ao redor Egipto e El Rosario.
O 26 de Junho se produz, novos recursos estando armados, uma incursão em terras recuperadas. Uma vez no interior pulverizaram o pasto da comunidade com uma substância desconhecida no pasto que serve de alimento aos animais. Ali reagruparam a todos os animais, que não se encontravam no interior do mesmo, para que se alimentassem com pasto pulverizado. Um novilho foi ferido com uma arma branca perto dos chifres. Como uma clara ameaça deixaram escrito na terra “Território Pojkol” junto a cápsulas queimadas de cartucho de calibre 20 e 22 em forma de cruz.
O dia 1 de Agosto, San Jacinto volta a ser penetrado, já dentro de terra zapatista recuperada matam a um novilho, realizam disparos para o alto e agrediram o povoado zapatista Egipto demovendo a todos os integrantes de sua comunidade a outro povoado zapatista no qual ainda correm o risco de voltar para suas casas e sua terra. Levaram a carne do novilho que mataram, deixando seus ossos na comunidade.
O dia 06 de Agosto, incursão de duas caminhonetes marca Nissan e uma motocicleta com um total de 15 pessoas do povo de Pojkol. Realizaram disparos para o alto enquanto tombavam uma árvore grande. De novo em seus veículos, dispararam para o alto a seu passo pelo povoado zapatista El Rosario e ao passo pelo povoado zapatista Kexil realizaram dois disparos à casa de um companheiro Base de Apoio e desde aí regressaram a seu povoado nas caminhonetes.
O dia 14 de Agosto de madrugada, 18 integrantes armados da ORCAO do povoado Pojkol rodearam o povo da San Jacinto. Realizaram disparos indiscriminados contra os tetos e o interior das casas enquanto os integrantes da comunidade estavam dorrmindo. Tiveram que sair sem nada e de forma apressada buscando refúgio em outra comunidade para salvaguardar sua vida e evitar ser massacrados. Se pode saber que 5 casas foram destruídas, 7 zontes de milho (2.100 unidades) e 130 kilogramas de grãos foram roubados.
Denunciamos e repudiamos todos e cada um destes fatos violentos e assinalamos, tal como se faz desde a denúncia da Junta do Bom Governo, a responsabilidade dos três níveis de governo. De igual maneira, responsabilizamos aos integrantes da ORCAO: Andres Gutierrez Guillen, Andres Gutierrez de Meza, Eliceo Ruiz Gutierrez, Guillermo Perez Guillen, Vidal Gutierrez Gomez e Juan Ruiz Gutierrez (entre outros), do povo Pojkol ,Município de Chilón.
Exigimos o fim imediato das agressões e que todas as pessoas e famílias desalojadas possam retornar de forma imediata a suas casas.
Exigimos o fim imediato da Guerra de Baixa Intensidade e à estratégia global de contra insurgência desenvolvida contra o EZLN.
Exigimos o cessar imediato deste plano de despojo e a destruição do processo de construção de autonomia contra o EZLN, assim como a tentativa de romper com seu processo de organização, resistência e formas de vida.
Exigimos o cessar imediato à utilização oficial e midiática da desculpa de conflitos intracomunitários como forma de ocultação de estratégias contrainsurgentes.
Companheiros, companheiras desde rincão de nossa geografia, como Aderentes da Sexta Internacional, como ex-alunos e alunas da Escuelita Zapatista, como organizações, como pessoas a título individual… assumimos o compromisso de estar cientes e alertas. Estaremos acompanhando seu digno processo de construção e resistência porque também é nosso. Nossa voz, nosso ouvido e nosso coração estarão juntos aos seus.
Três meses após o assassinato do companheiro Galeano, seguimos gritando com vocês. Não há paz sem justiça, não haverá agressões sem resposta.
SE NOS TOCAM A UMX, NOS TOCAM A TODXS!
VIVA O EZLN!
SAÚDE E LIBERDADE!
Para aderir a este pronunciamento, envie um e-mail para: opcionrevolucion@riseup.net.
Assinam e apoiam o pronunciamento:
Coletivos, organizações, etc…
Aderentes a Sexta Barcelona; Ex Alumn@s de la Escuelita Zapatista; Biblioteca Libertaria Ferrer i Guardia; CNT-Catalunya; Fundació d’Estudis Llibertaris i Anarcosindicalistes de Catalunya (FELLA); Associació Solidaria Café Rebeldía – Infoespai – Barcelona; Distribuidora el Grillo Libertario; CNT-AIT Cornellà i Comarca; Unió de Grups Excursionistas Llibertaris (UGEL); La Reus, Cultural i Solidària per la Pau; Adherentes a la Sexta Reus; Chacatorex, Catalunya; Gass CGT Barcelona; Comité Solidaritat Leonard Peltier de Barcelona…
Individualidades:
Pascual Cantero Fernández –Muerdo (Cantante y músico); Amparo Sánchez (Cantante y músico); Juanito Piquete (Cantante y músico); Miss Motosierra (Grupo de Rap); Ibeth Ibarra; Leticia Cruz; Gorka Ramos Hervella; Carles Sanz; Òscar Llago i Giménez; Rut Moyano; Itzel Villa Acultural; Juan José Garrido Marcos; Marc Vilalta Quintana; Rosi Morales; Miguel Elenes; Susana García; Carina García Sanagustín; Aitor Pueyo Vispe; Eduard Nus Garrell; Rolando d’Alessandro; Cristina Grau Sanz; Artur Pavlovic; Mónica Ortiz Garrido; Victor Naval Altabas; Montserrat Espinosa Nicart; Orland Mena Casals; Javier Sanchez Gil; Juan José Nora Ortiz; Karmelo Barkín Álvarez; Mónica Monroy Jurado…
Tradução > Caróu
Notícia relacionada:
agência de notícias anarquistas-ana
Na mesma noção de corpos em arte
nós somos um símbolo
Mistério de ser.
Manuela Amaral
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!