Publicamos a seguir um texto informativo sobre a Reunião Autônoma de Luta, realizada de 13 a 17 de agosto de 2014, no povoado de Mesojora. O texto foi publicado na página web dinamitera36.wordpress.com.
Em um momento de profunda crise capitalista, a intensidade da ofensiva contra a natureza e a sociedade está tendo um efeito de arraste (bola de neve), buscando saquear completamente a sociedade humana e submeter (subjugar) todos os rincões do mundo natural em benefício do Poder político e econômico, e da necessidade de um crescimento contínuo da produtividade, com a fabricação de novos produtos e a abertura de novos mercados.
Dentro deste contexto, o caso da tentativa de desvio do rio Aqueloo e da construção de hidrelétricas em Mesojora e Sykiá, apesar de sua aparente estagnação devido à suspensão temporária das obras pelo Conselho de Estado, em nenhum momento pode justificar a complacência e negligência por parte dos que resistem. O Estado, as empresas de construção e o Poder político e econômico que dominam a região de Tesalia, em nenhum instante renunciaram ao objetivo de completar e operar o maior projeto de construção na Grécia, apesar de sua irracionalidade, suas consequências devastadoras para o meio ambiente e a sociedade, e à multiplicidade de reações sociais que ocorreram, e também apesar da decisão de anular o projeto pelo Conselho de Estado no passado.
Ao mesmo tempo, nos últimos anos, está sendo pretendida a divisão da obra, de modo que, se o caso do desvio não tiver um resultado feliz para o Capital, a obra poderá ser operada de forma independente como uma barragem produtora de energia hidroelétrica. Isso teria consequências devastadoras para o rio, já que deterão o seu fluxo, criando um enorme lago (pântano) artificial que afogará a maior parte do barranco do rio Aqueloo nas montanhas do sul da cordilheira de Pindos, e isso significaria a desaparição dos povoados de Mesojora e Armatolikó.
Em qualquer caso, as intenções do Estado e das empresas de construção são claras e não deixam lugar para dúvidas. Mais além de Aqueloo, desta vez está sendo planejada uma obra gigantesca de expropriação (concessão) de recursos naturais e terras públicas para o Capital privado, levadas a cabo pelo Estado grego, sob a égide da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional. Por exemplo, já foi anunciado uma série de planos destrutivos para a natureza e as sociedades locais em numerosas partes do país, como a tentativa de instalar uma mineração de ouro em Calcídica e Rodopi, a instalação de parques eólicos industriais em todas as cordilheiras, o programa gigantesco “Helios” que tem a ver com a instalação de áreas industriais fotovoltaicas, a extração de petróleo do fundo do mar Jónico e no Mar de Creta, etc.
A Reunião Autônoma de Luta deste ano foi realizada em Aqueloo, durante os três primeiros dias com chuvas e tempestades, mas continuou mesmo assim, sem cessar.
Na sexta-feira, 10 de agosto, aconteceu uma projeção de vídeo na praça principal do povoado de Mesojora, sobre a água, a luta contra as barragens de Aqueloo e a luta contra a instalação de minas de ouro no noroeste de Calcídica, com a participação de muitas pessoas, apesar do mau tempo. Já na quinta-feira, 10 de agosto, a Assembléia da Reunião Autônomade Luta, realizada na margem do rio, decidiu elaborar um texto em solidariedade com os habitantes do noroeste de Calcídica, que naqueles dias tinham recebido um ataque brutal da Polícia por causa de seus protestos contra os planos de instalação de uma mineração de ouro em suas terras pela mineradora “Ouro Grego” (Elinikós Jrisós), pertencente ao grupo multinacional canadense “El Dorado Gold” e ao grupo de empresas do capitalista grego Bóbolas. O texto foi distribuído durante toda a mobilização em Mesojora; por outro lado, foi enviado também para os mesmos habitantes lutadores do noroeste de Calcídica.
No domingo, 12 de agosto, foi realizada uma concentração e uma marcha na barragem de Mesojora com a participação de aproximadamente 90-100 pessoas. A marcha tinha sido precedida por uma intervenção na entrada do povoado, com informações anunciadas pelo megafone. Foi notável a presença e a participação na marcha da associação dos habitantes afetados de Mesojora, com um bloco composto por muitos moradores. Além disso, a Reunião Autônoma de Luta desfraldou uma faixa em solidariedade com as pessoas que estão lutando no noroeste de Calcídica.
Na segunda-feira, 13 de agosto, um grupo de companheiros percorreu o rio Aqueloo e a garganta da parte superior do rio, que estão em perigo de destruição. Logo após a conclusão da reunião, e depois que o tempo melhorou, um grupo de companheiros escalou o Monte Lakmos onde nasce o rio Aqueloo, e chegaram até Verliga, a 2.000 metros de altitude.
Este ano também, nenhum dos outros componentes da luta contra o desvio e as barragens do Aqueloo, contra a destruição e a pilhagem da natureza, estiveram presentes no rio para lutar e defender a sua existência dos apetites vorazes do Estado e da Companhia de Eletricidade. Até a própria comunidade local não se encarregou por exibir faixas com slogans contra o desvio, as barragens e o desaparecimento de Mesojora, tendo uma atitude de inércia e negligência perigosas sobre o caso do desvio, o que poderia ter consequências devastadoras para a mesma luta, sua evolução e os seus resultados, especialmente quando se tomou a decisão de operar a barragem e quando Mesojora está afundando. De nossa parte, mais uma vez, estivemos presentes nas margens do Aqueloo em Mesojora, tendo como objetivo com a nossa presença no mesmo local onde estão previstas a construção das barragens e o desvio do rio, assim como através da promoção da questão através de eventos e ações polimorfas, a intensificação, a radicalização e, em última instância, a reativação da luta.
Em última análise, a luta contra as barragens e o desvio do Aqueloo não começa e não termina aqui. Ela estará constantemente ocorrendo em todos os cantos do país, onde há pessoas que estão resistindo à investida do Estado e das empresas de construção contra a natureza e a sociedade. Ela está associada a uma infinidade de outras lutas contra a destruição e pilhagem da natureza, desde o noroeste de Calcídica até Timpaki em Creta, e desde o monte Parnis em Atenas e Amvrakikó até Lefkimi em Corfú, e Keratea na província de Atenas. É parte da luta mais ampla para a defesa do mundo natural e da sociedade dos ataques brutais que estão recebendo por parte do capitalismo e do Estado, da luta pela terra e pela liberdade…
Contra as barragens e o desvio, o rio Aqueloo vencerá!
Solidariedade com a luta dos habitantes do noroeste de Calcídica contra a mineração de ouro!
Solidariedade com todos os que lutam com dignidade contra a destruição da natureza e da sociedade!
O texto em castelhano e mais fotos aqui:
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