[A seguir, uma entrevista feita pela Rádio Anarquista de Berlim (aradio.blogsport.de) a um compa alemão que esteve presente no último acampamento Pinkersterlanddagen, realizado entre os dias 6 e 9 de junho de 2014, na Holanda.]
A-Rádio Berlim > Bem, já informamos em um programa anterior sobre Pinkersterlanddagen. Agora temos alguém aqui, que esteve participando do Pinksterlanddagen 2014. Bem, seria bom se você pudesse nos contar um pouco sobre o Pinksterlanddagen. O que é e como foi?
Resposta < Sim, claro. O Pinksterlanddagen é um acampamento anarquista na Holanda, que vem sendo realizado desde a década de 30. O local é chamado de “Tot Vrijheidsbezinning”, que significa algo como o destino da liberdade. Não sei como era antes, pois foi a primeira vez que estive lá. Mas, de todos os modos, houve uma programação política muito ampla e também eventos culturais – e, obviamente, muitos anarquistas.
A-Rádio Berlim > Quantas pessoas participaram aproximadamente? Pode calcular um pouco?
Resposta < Acho que a cada ano participam uns 300 anarquistas – realmente é muita gente. O caminho até lá foi bastante curioso. A estrada que leva diretamente para o acampamento estava cheia de bandeiras pretas, vermelhas e pretas e brancas e pretas. Isso foi realmente fascinante, nunca havia visto algo assim antes.
A-Rádio Berlim > E que tipo de pessoas estava lá? Quantos anos elas tinham?
Resposta < Bem, estava tudo bem misturado. Houve também um grande programa para crianças – algo que eu gostei muito. Por exemplo, houve um show de marionetes para as crianças. E também um curso para crianças sobre como fazer amuletos de animais. E, além disso, havia pessoas “velhas” como jovens – de várias idades.
A-Rádio Berlim > E também de diferentes países?
Resposta < Sim. Também foram algumas pessoas da Alemanha. E havia pessoas dos Estados Unidos, como me contaram. E acho que também da Inglaterra. Provavelmente isso se distingue a cada ano. É realmente um acampamento muito grande e também bem conhecido.
A-Rádio Berlim > E como foi com a língua? Os eventos foram todos conduzidos em inglês ou isto também era, ocasionalmente, uma questão problemática?
Resposta < Os eventos não foram realizados totalmente em inglês. Mas se alguém perguntasse algo, uma tradução simultânea era realizada. E isso foi ainda mais frequente, o evento em si foi realizado diretamente em inglês – mas não foi nenhum problema. Havia também anarquistas da Holanda que falavam muito bem alemão. Mas, claro, tudo é mais fácil se alguém entende um pouco o inglês.
A-Rádio Berlim > Havia um foco quanto ao conteúdo do acampamento?
Resposta < Bem, um foco nesse sentido não. Mas, como eu entendi, o acampamento tem uma longa história com uma tradição antimilitarista. Por isso, havia as bandeiras em preto e branco na entrada do acampamento. Eu não sabia disso antes, não sabia que as bandeiras em preto e branco representavam o antimilitarismo… Bem, havia algumas coisas sobre antimilitarismo. Mas havia também algo sobre antirracismo, sobre o chamado Zwarte Piet (Pedro Negro). É uma figura extremamente racista, com uma longa história – foi muito interessante. E, além disso, havia discussões sobre Awareness, mas infelizmente não pude participar. Realmente um programa muito diversificado… Houve até uma introdução ao anarquismo.
A-Rádio Berlim > Bem, eu ouvi dizer que o acampamento tem um lema que proíbe o álcool, que vem de uma longa tradição. Você pode nos contar um pouco sobre isso?
Resposta < Sim, está correto. Não há muitas regras no acampamento. Mas uma das regras é que não é permitido o consumo de álcool ou drogas em geral. Na casa principal há diferentes coisas que lembram as pessoas sobre o assunto. Por exemplo, tem uma citação de um anarquista holandês – não consigo lembrar o seu nome no momento – mas a citação diz: “Trabalhadores que bebem não pensam. Trabalhadores que pensam não bebem”. Realmente gostei muito disso, do fato de que foi assim. Porque eu, pessoalmente, tenho uma posição muito crítica em relação às drogas. E em nenhum momento houve a impressão de que as pessoas perderam o controle sobre si mesmas. Todos os dias, depois de 10 horas da noite havia bastante gente que ia para a floresta. No máximo, cerca de 100, 200 metros fora do acampamento. Ali havia uma fogueira e se consumia um pouco de drogas, mas não muito – apenas algumas cervejas e outras coisas mas sem exagero… Bem, eu nunca tive a sensação de que alguém estivesse incomodando outra pessoa por causa das drogas. E no acampamento, as pessoas respeitavam a regra efetivamente. Inclusive fumar: as pessoas não fumavam muito.
A-Rádio Berlim > Houve um conceito de Awareness no acampamento? Ou alguma estrutura de defesa?
Resposta < Não, acho que não. Pode ser que sim, mas ele não foi feito devido à barreira linguística. Em qualquer caso, houve um evento sobre o assunto. Mas eu não sei se havia uma estrutura de Awareness ou não.
A-Rádio Berlim > E, além disso, como funcionou tudo com o custo e comida?
Resposta < Sim, o grupo Rampenplan esteve encarregado da cozinha. Seu nome significa: Plano de emergência ou catástrofe. A entrada para o acampamento custou 12,50 € para todo o fim de semana. E para cada refeição 4,50 €. Com isso estou inteiramente de acordo. Por que o grupo tinha que cozinhar para centenas de pessoas. E foi também um preço muito bom para todo o fim de semana. Naturalmente significou um enorme esforço para organizar, mas tudo funcionou muito bem. Por toda parte havia cordas de luzes – para que ninguém se perdesse ou tropeçasse contra os outros. Realmente foi muito bem organizado e acho que os preços eram justos.
A-Rádio Berlim > E como foi a viagem da Alemanha?
Resposta < Bem, fomos de carro com alguns amigos. Desde Ruhrgebiet foi muito rápido. O local fica perto da fronteira, em uma área onde provavelmente ninguém vive. Acho que ali só há lugares para acampar – um monte de lugares para acampar. E a estrada estava livre. Por isso foi super fácil de chegar lá.
A-Rádio Berlim > Que bom. E a sua conclusão para a próxima vez?
Resposta < Da próxima vez? De qualquer forma, espero participar novamente. Foi uma grande experiência e eu só posso recomendá-la para outras pessoas – e espero que em breve algo similar também aconteça na Alemanha.
A-Rádio Berlim > Existe um site onde as pessoas podem se informar sobre Pinksterlanddagen?
Resposta < Sim, tem uma página web. Chama-se www.pinksterlanddagen.org. Uma parte também está em inglês, onde explicam muitas coisas, tem um mapa e um FAQ.
A-Rádio Berlim > Bem, então. Obrigado.
agência de notícias anarquistas-ana
na primavera
com os galhos entrelaçados—
árvores gêmeas
Geralda Caetano Gonçalves
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!