[Texto da coletividade “Anarquistas e comunistas dos bairros de Kipseli e Gyzi” distribuído estes dias nas escolas secundarias do centro de Atenas, em razão da recente repressão a balas pela Polícia de uma tentativa de estudantes secundaristas de ocupar a escola de Atenas.]
Na madrugada da segunda-feira, 22 de setembro de 2014, uns alunos de duas escolas secundárias do bairro de Kesarianí, Atenas, trataram de ocupar sua escola, em protesto contra a realidade educativa vil e opressiva que experimentam diariamente.
Imediatamente chegam três carros patrulha da delegacia do bairro, e se colocam a perseguir aos alunos. Um dos pistoleiros valentão disparou três vezes contra os estudantes que estavam tentando fugir. Os demais policiais invadiram o pátio da escola secundária, e apontando (com suas armas) às cabeças dos estudantes-okupas, se puseram a soltar insultos e ameaças.
Os estudantes foram conduzidos à delegacia local, onde foram detidos até as primeiras horas da manhã, onde os policiais os ameaçaram, dizendo-lhes que não falassem dos disparos que haviam recebido.
Os alunos responderam de uma maneira direta, ocupando as escolas do bairro.
Copiamos o texto do comunicado que emitiram, com suas demandas e a narração do acontecido:
“Somos estudantes de duas escolas secundárias de Kesarianí e decidimos ocupar nossas escolas, reagindo a:
1. As atitudes fascistas de alguns professores;
2. As condições higiênicas inaceitáveis;
3. A austeridade excessiva mostrada durante a chegada dos alunos à escola pela manhã;
4. As grades que durante os últimos anos nos tem isolado como se fossemos prisioneiros;
5. Os edifícios das escolas em que estamos empilhados, enquanto não se constroem salas de aula decentes;
6. O fato de que temos que pagar pelos livros escolares.
Assim que na madrugada de segunda-feira, 22 de setembro de 2014, acudimos a nossas escolas para fechá-las. Naquele momento chegaram da delegacia de Kesarianí às escolas forças policiais (três carros de patrulha) com o fim de nos reprimir. Sem receber nenhuma ameaça ou ataque, um deles disparou três vezes até onde estavam nossos companheiros de classe, os quais estavam tratando de escapar (fugir). Os outros irromperam no pátio da escola e apontando para as cabeças do resto de nós, se colocaram a soltar insultos e ameaças. Neste clima de terror fomos levados algemados à delegacia local sem explicar-nos os motivos de nossa detenção, tomaram nossos dados pessoais e nos deixaram nas celas da delegacia até de manhã.
Não nos assustam, nos exasperam. A tudo isso respondemos com ocupações ainda mais combativas.
O mundo não se conquista com orações! Luta contra todo tipo de opressão, por um mundo de liberdade e igualdade”.
Já há alguns anos as “autoridades” aumentam a pressão sobre os estudantes. Fiscais nas okupas, pelas noites policiais motorizados com pistolas fazendo o papel de guardas das escolas, e agora disparos contra estudantes.
Nada é fortuito. Estas e muitas outras “novas medidas” do ministério vem a esmagar aos estudantes secundaristas, mudando a realidade para pior. Frente a estes movimentos, os estudantes seguem sendo um fato imponderável. Talvez porque não se apodrecem, trabalhando de oito a dez horas diariamente. Talvez porque na crise atual, a hipnose do sofá e da televisão tenha perdido parte de seu encanto.
Assim que as promessas de um futuro melhor e de uma “carreira” deixaram de convencer, e do papel da persuasão que se encarrega a violência estatal brutal.
Seja como for, as resistências estudantis, desde as mobilizações estudantis dos anos 80 até a revolta de dezembro de 2008, seguem aterrorizando ao Estado. Se não, para que querem as pistolas?
Não nos dão medo. Solidariedade entre os estudantes!
Escutem atentamente policiais e juízes: Tirem as mãos dos estudantes!
Anarquistas e comunistas dos bairros de Kipseli e Gyzi
O texto em grego:
http://sak-kg.espivblogs.net/2014/10/14/
Tradução > Caróu
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!