[Nesta sexta-feira, 5 de dezembro, às 19h30, acontecerá uma concentração em solidariedade com Nikos Romanós, na Praça da Revolução (Gracia), em Barcelona. Confira abaixo a chamada solidária da Rede Antifascista por Grécia – Barcelona.]
Asfixia por um sopro de liberdade
Nikos Romanós é um preso do Estado grego desde 1º de fevereiro de 2013 por dupla expropriação bancária em Velvento Kozani junto com seus companheiros I. Michailidis, D. Politis e A.D. Bourzoukos.
Após sua prisão uma série de contradições, mentiras e afirmações ridículas foram produzidas pela polícia. Os detidos foram severamente torturados durante horas em delegacias de polícia. No dia seguinte, a polícia divulgou fotos dos detidos manipuladas com photoshop escondendo as marcas da tortura. No julgamento pela dupla expropriação, onde no seu caso não se aplicou a lei antiterrorista, sua sentença foi injustificadamente dura. Desde o princípio, Romanós se declara anarquista e afirma que luta por um mundo sem autoridades, exploração, nem proprietários. O comportamento político e militante de Romanós forma um contínuo com a revolta social de Dezembro de 2008, visto que Romanós foi companheiro de classe e amigo íntimo de Alexis Grigoropoulos, e esteve presente no episódio do seu assassinato em 6 de dezembro de 2008 por um policial. A grande mídia apresentou Romanós como um jovem desviado da legalidade, guiado apenas pelo trauma psicológico que provocou o assassinato de Alexis, enquanto ele afirma que é uma decisão política e consciente.
Na primavera passada Romanós se apresentou aos exames seletivos desde dentro da prisão e entrou em uma faculdade da Universidade de Atenas. Em setembro de 2014, o novo Ministro da Justiça, Haralambos Athanasiou, visitou a prisão de Avlona para premiar todos os prisioneiros que passaram no exame seletivo. Romanós rejeitou tanto a visita como o prêmio de 500 euros. Segundo a lei, desde setembro de 2014, Romanós tem direito a permissão de sair para assistir às aulas. Embora o Estado reconheça o seu direito de se apresentar aos exames, e até o premiou, lhe nega a permissão para participar fisicamente das aulas.
Assim, o companheiro Romanós entra em greve de fome em 10 de novembro. Em suas próprias palavras para obter a permissão de saída educativa, usa seu corpo como uma barricada e esclarece: “Por isso, a decisão que eu tomo quero que seja a mais clara possível, não estou defendendo a sua legitimidade, pelo contrário, faço chantagem política para obter um sopro de liberdade da condição devastadora de confinamento”. Em 24 de novembro Romanós entrou no hospital.
Mesmo depois de mais de 20 dias em greve de fome o seu médico declara que ele está em um estado crítico, o Estado se mostra indiferente e rejeita seus pedidos. Como se isso não bastasse, em 28 de novembro, o Ministério Público emitiu uma ordem de alimentação forçada – segundo a União Mundial de Médicos é uma forma de tortura e um ato imoral – que seus médicos se recusam a executar.
Nesta greve de fome dois mundos se enfrentam: de um lado estão aqueles que defendem, aceitam ou permitem as pilhagens cotidianas de nossas vidas (medidas de austeridade, cortes, demissões, exploração laboral, assassinatos, torturas e prisão de proletários “sem documentos”, etc.) e nos dão lições de moral: é preciso respeitar a lei, a violência é legítima só quando é exercida por eles, Romanós deve se submeter ou morrer…
Por outro lado, estamos nós, as pessoas que tomaram partido sobre este crime institucionalizado e que lhes declarou guerra. É uma guerra onde nós estaremos sempre ao lado dos oprimidos e das oprimidas. Apoiamos o imigrante contra a fronteira, o trabalhador contra o patrão, nos posicionamos ao lado do preso que luta pela sua liberdade e contra a prisão. Ao lado de Nikos Romanós, ao lado de qualquer Nikos Romanós. Tanto no plano do Estado grego como no âmbito internacional, dia após dia aumentam às manifestações de solidariedade à luta do grevista de fome. Se não queremos mais vítimas, se não queremos ser vítimas, não há outro caminho que sair a rua e se organizar coletivamente, para demolir o poder dos carrascos.
Solidariedade com o preso em greve de fome N. Romanós!
Solidariedade com o preso em greve de fome I. Michailidis!
Solidariedade com os presos D. Politis e A.D. Bourzoukos, que entraram em greve de fome em solidariedade com N. Romanós!
Rede Antifascista por Grécia – Barcelona
redantifaporgrecia.wordpress.com
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Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!