[No dia da independência finlandesa, 6 de dezembro, houve uma grande revolta (em escala local) na capital Helsinki e a polícia estima ao menos 100.000 euros em danos à propriedade.]
O 6 de dezembro é o dia da independência nacional da Finlândia. É o dia em que nacionalistas e elite celebram “uma nação finlandesa unida” e guerras perdidas no Palácio Presidencial em Helsinki com dinheiro de contribuintes, enquanto a elite e políticos têm impulsionado duras medidas de austeridade para todxs (exceto para si mesmos, obviamente).
Nos últimos anos, anarquistas e autônomxs de esquerda tem organizado manifestações bem pacíficas contra os bacanais das pessoas ricas em frente ao Palácio. Este costume tem existido por mais de dez anos, até o passado 6 de dezembro do último ano, quando o Palácio Presidencial esteve em reformas e os ricos celebraram na antiga cidade operária de Tampere. Anarquistas locais organizaram uma manifestação contra o nacionalismo, que se tornou a maior revolta na Finlândia em décadas. Embora não tenha sido uma revolta em escala internacional, deu um grande impulso ao movimento anarquista e foi a manchete de todos os jornais por uma semana. A polícia estava completamente despreparada e 500 manifestantes lutaram contra eles com sucesso e então foram ao centro da cidade quebrando janelas de lojas e bancos, e outros símbolos do poder e do capital.
Após a humilhante falha da polícia, o parlamento destinou mais dinheiro para equipamentos de controle de multidões e a polícia fez treinamentos de estratégia para situações de revolta. Eles também praticaram táticas de dominação em manifestações durante este ano. Por exemplo, confiscaram bandeiras de anarquistas e esquerdistas nas manifestações de primeiro de maio em Tampere e Helsinki, considerando-as como “armas”. Devido às ações da polícia, ninguém esperava que a manifestação deste ano chegaria sequer perto do sucesso do ano passado.
A manifestação deste ano foi novamente organizada por anarquistas e o tema era “dos subúrbios ao Palácio” e o local da assembleia foi em Itäkeskus, um subúrbio no leste de Helsinki, cuja população consiste majoritariamente de imigrantes e pessoas pobres. O início da manifestação foi bem calma, com cerca de 300 pessoas apreciando artistas de rap subversivo e comida vegana. O lugar foi bem escolhido, por ter conseguido atrair crianças da vizinhança, imigrantes e outras pessoas que raramente comparecem às manifestações.
Depois dos shows, a manifestação começou a caminhar em direção à estação de metrô local. Muitas pessoas não esperavam que os policiais deixariam a multidão entrar no metrô, e a estação estava cercada por dúzias de policiais. Para minha surpresa e de outras pessoas, eles nos deixaram entrar, e manifestantes lotaram o trem. Os policiais esperavam que a manifestação saísse pela Estação Central, onde eles centralizaram a maior parte das unidades de controle de multidões. A manifestação, entretanto, saiu por uma estação diferente, o que confundiu os policiais totalmente. Quando a manifestação atingiu as ruas, pessoas começaram a quebrar janelas de negócios escolhidos a dedo, e, por exemplo, a ventilação de ar dos restaurantes Subway e McDonald’s foram melhoradas. As pessoas queimaram fogos de artifício e rojões e gritavam coisas como “guerra de classes” e “o que o povo quer? Anarquia!” Algum tempo depois os policiais conseguiram se reagrupar e alcançaram a manifestação para conduzi-la a um local de sua escolha. Eles tentaram mover a manifestação para uma área bem longe do Palácio Presidencial e houveram pequenos confrontos entre manifestantes e policiais. O ato conseguiu romper com a escolta policial e levou algum tempo para que conseguissem superar xs manifestantes novamente.
A manifestação seguiu por partes ricas da cidade, quebrando janelas e carros caros, e fazendo pichações de frases. As pessoas também derrubaram bandeiras finlandesas e queimou algumas delas. Depois de um longo tempo a polícia conseguiu cercar a manifestação, mas depois de uma tentativa sem sucesso de dissolver o protesto, e que levou a algumas detenções, a manifestação conseguiu escapar do cerco e foi para uma das partes mais ricas da cidade. Muitas propriedades foram destruídas, de placas de trânsito a joalherias.
Finalmente a polícia conseguiu cercar a manifestação novamente. Isto não acalmou a revolta, e muitas pessoas e a maior parte dxs revoltosxs conseguiram escapar pela última vez antes de dispersarem por um pátio de edifício. Cerca de 100 pessoas não conseguiram sair e tiveram de ficar ali por cerca de três horas. Por fim a polícia deixou algumas pessoas saírem e prendeu as outras, depois de filmar todxs com seus nomes e documentos.
No fim da noite cerca de 30 pessoas foram presas, incluindo repórteres e transeuntes, a maior parte não havia participado na destruição de propriedade. Da mesma forma foram acusadas por tumulto, agressões e desacato às ordens policiais. A polícia estima mais de 100.000 euros em danos e destruição à propriedade.
Concluindo, a noite foi um grande sucesso da parte dxs anarquistas, e a manifestação conseguiu atrair pessoas que nunca haviam estado em nenhum tipo de ato público antes. Com certeza este tipo de manifestação é apenas uma pequena parte da luta de classes diária, mas deu as pessoas participantes uma grande experiência, e esperamos que esta tradição continue no próximo ano.
Fonte e mais fotos:
http://takku.net/article.php/20141206125227377
Tradução > Anarcopunk.org
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Gripe forte? Não!
Apenas adormeci
entre espirradeiras.
Leila Míccolis
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!