A primavera de 2015 verá emergir um novo marco simbólico da política de austeridade com a abertura da nova sede do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt. A cerimônia servirá não somente para as delegações dos Estados membros a se felicitar quanto às “soluções” contra a crise, mas também a se preparar (e nos preparar) para outra série de programas de austeridade. Eles querem institucionalizar o estado de emergência. Mas numeroso são aqueles que vão estragar a sua festa por que a sua solução para a crise, em uma palavra, o capitalismo, é uma catástrofe para a vida das pessoas. Nessa primavera de 2015, nós assistiremos a um momento simbólico da resistência contra o regime da crise europeia. Milhares de pessoas de toda a Europa participarão aos dias de protesto contra a inauguração do BCE.
A BCE como um aparelho simbólico de Estado transnacional
Através da BCE, os governos europeus colocam em práticas as políticas de austeridade rigorosas que vão causar estragos no tecido social, em particular no sul da Europa. Essas medidas não tem fim, porque tanto a redução forçada de despesas públicas, quanto o aumento dos meios de pagamento não foram capazes de reforçar a economia, nem ao menos de estimulá-la. O desemprego e o sub-emprego atingiram seus mais altos níveis históricos e é difícil de encontrar formas de investimentos rentáveis. A crise continua e as medidas tomadas para enfrentá-la tornam-se permanentes. O BCE é o aparelho de Estado transnacional que institucionaliza as políticas anticrise. Consequencia dessas políticas: cada vez menos pessoas conseguem enriquecer, ao passo que cada vez mais pessoas caem na pobreza. O BCE se tornou um símbolo evidente da dominação capitalista na Europa.
Inverter o vapor: encerrar toda a cumplicidade com o capitalismo
A dominação capitalista controla cada aspecto das nossas vidas. Nossas relações tradicionais de dependência e de controle, mas também de solidariedade, são diluídas: o modo como nós trabalhamos, como comemos, como nos amamos, onde nós vivemos e mesmo o ar que respiramos são constantemente enquadrados. Nossa vida depende da reprodução cotidiana da dinâmica capitalista e nós somos parte integrante do mecanismo que nos controla. Todas as promessas de novas liberdades não são somente feitas pelas classes dirigentes, mas também apreciadas e aceitadas pelos explorados. Mas mesmo aqui, na vida de todos os dias, os conflitos e as contradições desse sistema de dominação emergem, por exemplo, os salários e pensões são reduzidos; as expulsões de locatários; o estado social e a saúde pública se despedaçam; institucionalização da exploração humana pelo sistema de fronteiras que provoca a morte de refugiados e imigrantes. Todas essas lutas são nosso ponto de partida. Nós somos determinados a romper com essa dominação concreta, dirigida pelos princípios capitalistas. Nós fazemos todos e todas partes do capitalismo, juntos, nós podemos desmontá-lo.
A auto-organização fora do Estado, da nação, da Europa
Ninguém pode fazê-lo por nós, nem o Estado, nem um partido. A política burguesa fica confinada às necessidades do capitalismo. Ela não pode, portanto, rever os princípios da dominação capitalista: o crescimento econômico (a acumulação de capital) como fim em si e a separação necessária do trabalho e dos modos de produção. Nós devemos retomar o controle de nossas vidas e aspirar à auto-organização em uma ótica antiautoritária. Na Europa, as instituições transnacionais como o BCE foram criados fora da dialética parlamentar tradicional. Sem arrependimentos por esse passado, mas por evitar de sermos colocados uns contra os outros na defesa inútil das fronteiras nacionais, nossa luta deve assumir uma ótica internacional! A escolhe entre os antigos Estados-nação e a Europa, tal como apresentada pela direita populista não é um: a Europa sempre foi uma estrutura na qual se desenvolve a concorrência entre os Estados-nação. Essa estrutura tem como representação principal o BCE que produz os ganhadores e os perdedores, cria as divisões nacionais e reforça as formações nacionalistas. Uma sociedade emancipada não poderá ser criada a não ser que exceda os Estados-nação e a Europa.
Aprofundemos os processos de intercâmbio internacional. Reagrupemo-nos em torno das nossas lutas, da nossa raiva e oponhamo-nos ao BCE, enquanto símbolo da dominação capitalista na Europa. Junte-se ao bloco antiautoritário e anticapitalista na manifestação e participe do bloqueio à inauguração do BCE em Frankfurt.
Encare os adversários, jogue o jogo! Venha à Frankfurt para sabotar a sua festa!
Mais informações em: march18.net ou blockupy.org
agência de notícias anarquistas-ana
Silêncio:
cigarras escutam
o canto das rochas
Matsuo Bashô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!