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[Grécia] Cinco pontos para um debate sobre a nova conjuntura após a mudança de governo, e a elaboração de nossa estratégia como anarquistas

By A.N.A. on 7 de Abril de 2015

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O texto a seguir é parte do texto que acompanha o chamado do grupo anarquista do bairro ateniense Nea Smirni “vogliamo tutto e per tutti”, para um debate sobre este tema que se realizou no dia 12 de março em Atenas.

– O novo governo ascendeu ao Poder absorvendo as resistências e capitalizando as lutas do período anterior. Ao mesmo tempo, assegurou que pode garantir a paz social (desde a revolta de dezembro de 2008 até a greve de fome de Nikos Romanós).

– A doutrina da ordem e segurança foi substituída por jogos comunicativos, pelo negócio da venda de esperança, por várias promessas (tudo isto está baseado nas ilusões e nas falsas esperanças de uma grande parte da sociedade de que a situação pode retroceder a 1996 quando as pessoas faziam empréstimos para pagar os gastos de suas férias) e pela tática do chicote ou cenoura, pelo menos temporariamente, enquanto o método da assimilação e a apreensão do consenso social têm resultados.

– As manifestações a favor do governo, sob o nome de “Juntos podemos, mas temos todos a mesma responsabilidade”, ofereceram apoio ao novo governo e criaram um clima de unidade nacional, de forma que os novos gestores políticos repartiram as responsabilidades da derrota das negociações com a UE, o BCE e o FMI, que tem que assegurar. Também constituíram o meio adequado para fortalecer a credibilidade derrubada das instituições. As instituições nos últimos anos não só tem perdido a confiança dos grandes segmentos sociais, como também tem sido totalmente desprezadas. Não se pode esquecer que a crise não foi e não é apenas econômica, mas que tem afetado toda a edificação capitalista. O maior problema para o sistema é que a crise era e continua sendo institucional. A obsolescência e a falta de confiança nas instituições constituem um dos maiores problemas para o Capital e seus gestores políticos. As concentrações de apoio ao maior partido da coalizão governamental Syriza, constituíram também o meio para que as instituições recuperassem seu prestigio perdido. A mensagem transmitida nestas manifestações a favor do governo é que o importante é quem gere as instituições e não sua índole.

– No princípio nossa atitude deve nos distinguir dos novos e “alternativos” gestores políticos, mas, entretanto, não pode simplesmente estar caracterizada por uma retórica contra Syriza, porque desta maneira iremos nos definir através de Syriza, e formar uma oposição esquerdista (como os partidos Antarsya e KKE), e logo vamos estar nos queixando de que Syriza não tem cumprido com suas promessas pré-eleitorais. Temos que ressaltar as contradições do governo, nos basear nelas, intensificar e radicalizar tanto as lutas dadas quanto nossa ação. Temos que nos aproveitar de potenciais furos, já criados ou que se criem com a mudança de gestores no aparato estatal, e conseguir vitórias pequenas ou grandes para o campo dos de baixo. Nos organizemos, criando aquelas estruturas políticas e sociais que nos permitam capitalizar nossas forças, dar respostas a nível central, nos reunir e encontrar com amplos segmentos sociais, e então nos preparar para o passo seguinte, quando formos chamados para enfrentar os que substituirão a Syriza (depois de sua queda estrondosa) e que sem dúvida pertencem ao bando político da extrema-direita e do fascismo.

– Temos que voltar a dizer que a única pessoa competente e capaz de gerir suas necessidades é o próprio trabalhador, o desempregado, o oprimido. Nenhum grupo burocrático e hierárquico sedento por Poder vai assegurar os interesses da maioria social, seja ele “conservador” e reacionário ou “progressista”. A auto-organização e a autogestão da sociedade podem e devem desconstruir o prestígio e a autoridade das instituições governamentais e financeiras, sempre que a sociedade queira viver sem o jugo de líderes políticos e governantes econômicos de todo tipo.

Há que se fazer públicas e conhecidas as nossas propostas para a revolução social e a subversão total do Estado e do Capital, e delinear nossa visão de uma sociedade sem exploração e opressão, baseada nos princípios de igualdade, liberdade e solidariedade. Para a perspectiva comunista e sem classes que pode ser a única esperança para os de baixo.

O texto em grego:

http://vogliamotutto.espiv.net/index.php/8-2013-07-22-09-52-27/136-2015-03-02-19-45-32

O texto em castelhano:

http://verba-volant.info/es/cinco-puntos-para-un-debate-acerca-de-la-nueva-coyuntura-despues-del-cambio-del-gobierno-y-la-elaboracion-de-nuestra-estrategia-como-anarquistas/

Tradução > Anarcopunk.org

agência de notícias anarquistas-ana

livro aberto gelado
o norte geme no vento
sobre a página branca

Lisa Carducci

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