No sábado, as forças turcas bombardearam o YPG (em português, Unidades
de Proteção Popular) na Síria. A ação militar ocorreu no mesmo dia em
que o ministro dos Negócios Estrangeiros turco Mevlut Cavusoglu disse aos
jornais que a Arábia Saudita estava enviando aviões de guerra para a base
aérea Incirlik, na Turquia.
Depois que os líderes da União Europeia fizeram um acordo com o
presidente turco Erdogan para barrar os refugiados que querem viajar para a
UE, ele [o presidente turco] parece considerar-se intocável. Erdogan ainda
chantageou os líderes da UE, que concordaram em organizar uma missão da
OTAN para barrar os refugiados.
Erdogan iniciou uma nova onda de repressão contra quase qualquer um que é
crítico ao seu partido governista AKP após os protestos do Parque Gezi
[um protesto ambiental pacífico contra a demolição do Parque Taksim Gezi
que, posteriormente, se transformou em protestos contra o governo por toda
a Turquia após a violência policial sofrida pelos ativistas que ocupavam
o parque].
Ele intensificou esta onda após o AKP perder sua maioria, em junho de 2015
eleições. Após as eleições de junho, o presidente turco começou outra
guerra contra os curdos. Em novembro, Erdogan melhorou seus resultados em
uma segunda eleição forçada, e mais uma vez intensificaram as
operações militares turcas na região curda no sudeste da Turquia. A
guerra em curso na Turquia tem sido acompanhada por um silêncio
ensurdecedor dos líderes da UE, que parecem ter incentivado Erdogan para
intensificar as atividades militares contra curdos na Síria.
No sábado, as forças turcas bombardearam o YPG e também posições do
exército de Assad na Síria. O primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu
confirmou os ataques do exército turco, dizendo: “No quadro das estruturas
das regras do combate, nós respondemos às forças, em Azaz e aos seus
arredores, que representam uma ameaça”, disse em Anatolia [uma das sete
regiões nas que se divide a Turquia, encontra-se no centro do
país],durante uma visita à cidade oriental de Erzincan.
“Vamos retaliar cada passo dado [pelo YPG]”, Davutoglu disse a repórteres
em comentários exibidos ao vivo pela emissora estatal TRT Haber na
televisão turca. “O YPG vai se retirar imediatamente de Azaz e a área
circundante e não deve ir para perto da região novamente”.
Apenas alguns dias atrás, militantes do YPG assumiram o controle de uma
base aérea perto de Azaz, no norte da Síria. O Observatório Sírio para
os Direitos Humanos, que monitora a guerra, disse que uma vila foi invadida
por batalhões islâmicos, em uma ação em conjunto do YPG e do PYD
(Partido de União Democrática).
A Turquia afirma que retaliou as supostas ações do YPG e do Jaysh
Al-Thuwar (Exército Livre da Síria) contra um posto militar turco na zona
fronteiriça, mas o porta-voz do YPG, em Efrîn Canton [região mais
ocidental do Curdistão), negou as alegações. O oficial turco confirmou o
bombardeio da base Menagh e disse que foi feito pelo grupo Jaysh al-Thuwar
ao invés do YPG.
Ambos fazem parte das forças democráticas da Síria (SDF). Xelîl, o
porta-voz do YPG, disse à agência de notícias Hawar (ANHA) que a base
aérea de Menagh e as aldeias vizinhas foram libertados em 11 de fevereiro
por combatentes de Jaysh Al-Thuwar e que eles continuam fazendo avanços
entre Azaz e Efrîn. Xelîl disse: “O Estado turco está preocupado com o
avanço das forças do JayshAl-Thuwar naquela região. Esta é a razão
pela qual ele está bombardeando Menagh, a base aérea, um ambiente militar
e a aldeia de Malikiyê com armas pesadas”.
Assim, o porta-voz oficial do YPG refutou as alegações do Estado turco de
que o YPG e o Jaysh Al-Thuwar atacaram o posto militar turco na zona
fronteiriça, acrescentando: “Não há tal coisa. Durante os últimos 4
anos, as nossas forças não dispararam uma única bala no Estado turco a
partir de Efrîn nem de qualquer outra parte do Curdistão sírio”.
Xelîl salientou que o Estado turco têm realizado estes ataques para deter
o avanço da Jaysh Al-Thuwar na região.
O YPG controla a maior parte do lado sírio da fronteira com a Turquia. O
regime de Erdogan considera a organização como uma irmã do PKK, que luta
pela autonomia das regiões curdas no sudeste da Turquia. Na noite de
sábado, as forças turcas começaram uma nova rodada de bombardeios contra
o YPG/SDF ao redor de Tal Rifaat.
Os ataques de sábado podem ser o início do envolvimento das forças
terrestres turcas árabes e sauditas na guerra civil síria. O Ministro dos
Negócios Estrangeiros turco Mevlut Cavusoglu disse: “Se há uma
estratégia … então Turquia e Arábia Saudita poderiam entrar em uma
operação terrestre”, acrescentando que a Arábia Saudita estava enviando
aviões para a base aérea Incirlik, na Turquia. As possíveis operações
terrestres da Turquia e Arábia Saudita vem antes de uma corrida antecipada
para o território que pode ser abandonado pelo Estado Islâmico.
Em 3 de fevereiro, o exército sírio e seus aliados realizaram um golpe
estratégico para a Turquia quando cortaram a rota terrestre entre Aleppo e
a fronteira Bab al-Salameh, cruzamento com a província turca de Kilis. A
rota é considerada crucial para o interesse do regime de Erdogan. A
Turquia quer derrubar o regime de Assad na Síria, e a rota terrestre para
Aleppo foi usado para trazer combatentes, armas, munições e outros
suprimentos para a cidade mais populosa da Síria. Se Aleppo cair nas mãos
do exército de Assad, a Turquia será afastada na guerra síria.
Em 4 de fevereiro, o porta-voz do Ministério da Defesa russo Igor
Konashenkov afirmou que a Turquia está “se preparando ativamente para uma
invasão militar” da Síria, acrescentando: “Estamos detectando mais e mais
sinais de forças armadas turcas estarem envolvidas em preparações
secretas para ações militares diretas na Síria”. Erdogan respondeu
dizendo que “a Rússia deve primeiro responder para as pessoas que mata
em território sírio”. Mas Erdogan não negou ou confirmou a alegação
russa de que a Turquia está se preparando para uma invasão com tropas
terrestres na Síria.
Para fazer uma invasão parecer legítima, a Turquia poderia enviar tropas
contra o Estado Islâmico na área extensa de fronteira a 90 km da Jarablus,
oeste para a linha Harjalah-Marea. Esta área é agora controlada pelos
jihadistas. Mas o verdadeiro alvo de uma tal operação seria o Partido da
União Democrática (PYD) e o YPG, seu braço armado. É possível que a
Turquia não se incomode nem mesmo atacando o Estado Islâmico, tal como os
seus supostos últimos esforços contra o Estado Islâmico no Iraque. Em
julho passado, turcos deveriam atacar posições controladas pelo Estado
Islâmico no Iraque, mas se encaminharam para o Curdistão iraquiano e na
maior parte das vezes apenas atingiu alvos do PKK nas montanhas Qandil.
Até agora, os bombardeiros do exército turco tem como único alvo o YPG e
o exército de Assad.
Os combatentes curdos formam as unidades de combate mais eficazes para
lutar contra o Estado Islâmico na guerra síria. Depois que conseguiram
vencer a batalha por Kobane, o YPG também salvou muitas pessoas iáziges
dos terroristas islâmicos.
Hoje, os bombardeiros feitos pela Turquia contra o YPG e o exército de
Assad não apenas continua, como tem se intensificado. A cada poucos
minutos, fogo é lançado pelo exército turco na Síria.
Muitos curdos da região sudeste curda na Turquia marcham na direção da
Síria na fronteira com Qamislo para protestar hoje contra o bombardeio do
exército turco contra o YPG. A Turquia está atacando a maior força
efetiva contra o Estado Islâmico na região. Até mesmo o vice-presidente
americano Joe Biden e o ministro francês acreditam que a Turquia deve
urgentemente parar de atacar o YPG.
Fonte:
http://revolution-news.com/turkey-is-attacking-ypg-to-drag-nato-into-syrias-war/
Tradução > Grazi Massonetto
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS ANARQUISTAS-ANA
Olhando bem
O cafezal, na verdade,
São larajeirinhas…
Paulo Franchetti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!