O discurso oficial não se cansa de insistir que a fundação da cidade de Monterrey foi levada a cabo por pessoas empreendedoras, que construíram suas fundações, tendo às costas as inclemências próprias de um deserto. Ao longo dos anos, percebemos que o mito do deserto tem alguns detalhes que merecem ser corrigidos: existe, então, um rio que atravessa a cidade de lado a lado, passando por seus vales, montanhas, bairros, prisões e cemitérios, mas sobretudo atravessa o corpo dos seus habitantes.
Falamos sobre o rio do despojo, da violência, da desigualdade e da injustiça; um rio que flui desde os mananciais da história, mas que vimos transbordando com a tempestade negra da guerra. Sua passagem deixou milhares de vítimas que ainda não sabem quem são, e muitas outras milhares de pessoas que anseiam por uma resposta à sua miséria.
Só aqui, há histórias de exílio que não foram capazes de atravessar todas as fronteiras e chegar a todos os cantos: compartilhá-las torna-se uma necessidade e uma exigência.
É por isso que convocamos coletivos, editoras independentes e aqueles interessados em romper o cerco da realidade para construir caminhos de solidariedade que nos guiem para outros mundos possíveis.
Em 4, 5 e 6 de março, será realizada a Feira Libertária do Livro e da Publicação com sede na cidade de Monterrey, Nuevo León, México. Acontecerão atividades para o diálogo, a troca de experiências, apresentação de publicações, bem como venda e exposição de materiais editoriais.
Nós que convocamos esse evento, não acreditamos nas formas encapsuladas de cultura, que reduzem a dinâmica da vida para o consumo, que não vêem as pessoas como sujeitos criativos capazes de expropriar, reapropriar e expandir o conhecimento, seja em livros, fanzines ou publicações periódicas com conteúdo comprometido com a transformação do destino que nos marca esta guerra. Buscamos trabalhar mediados pela autogestão, a horizontalidade e a solidariedade para nos aproximar de uma luta frontal com as diferentes formas de opressão.
Entre os objetivos do encontro, está criar saberes conjuntos e intercambiar ferramentas para fazer frente as máquinas editoriais e de informação que nos inundam com conhecimento fugaz, alienado e sem fundo na realidade social, que provocam uma leitura enviesada das nossas necessidades, ademais, privatizadoras de conhecimentos populares e comunitários, bloqueando a melhor possibilidade de ver além da dominação. Por esta razão, vemos como necessária a difusão das ideias libertárias como ferramenta que nos permita transformar as relações sociais impostas pelo Estado-Capital e, assim, fortalecer o nosso trabalho.
A dinâmica da feira estará centrada em oficinas, apresentações de livros, fanzines, revistas, publicações, palestras, exposição e vendas. As propostas serão aceitas até o 15 de fevereiro, pelo e-mail: ferialibertariaenlace@gmail.com.
Evento no FB: https://www.facebook.com/events/1116212445107409/
agência de notícias anarquistas-ana
A brisa da praia,
Neste calor, chega a ter
Um gosto salgado
Igor
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!