Concessão de Verbas para Escrita do Instituto para Estudos Anarquistas (IAS – Institute for Anarchist Studies¹) de 2016
Gostaríamos de parabenizar nossos quatro beneficiários da concessão de verbas para escrita de 2016. Nós escolhemos estes quatro de sessenta e duas inscrições. Eles são: Henna Räsänen, na obra “Weltuntergang: A Queer Post-Apocalyptic Graphic Novel “(Weltuntergang: Uma História Queer Pós-Apocalíptica em Quadrinhos); Jeremy Louzado, na obra “The Friendly Neighborhood Anarchist: Embracing the Groundwork that Makes Revolutions Possible” (O Anarquista Camarada do Bairro: Abraçando o Trabalho de Base que Torna Revoluções Possíveis); Mona Luxion, na obra “#Printemps2015: Lessons from Québec’s Stuned Anarchist Anti-austerity Mobilization” (#Primavera2015: Lições da Mobilização Anarquista de Anti-austeridade de Quebec); e Toshio Meronek, na obra “They Won’t Quit: LAGAI Queer Insurrection” (Não Desistirão: Insurreição Queer LAGAI). Parabéns! Nossa próxima data-limite para inscrição da concessão do IAS é 15 de janeiro de 2017. Entre no nosso sítio eletrônico (anarchiststudies.org) e clique em “Grants”.
• Henna Räsänen é uma artista femme queer e ilustradora de quadrinhos políticos. Ela reside em Berlim e trabalhou como editora em duas antologias de quadrinhos políticos: Sikala – Comics on Factory Farming (Sikala – Quadrinhos sobre Fazendas Industriais) e On The Way To Peace (No Caminho para Paz), alvejando estruturas de violência estatais. Henna faz desenhos regulares para a revista feminista Tulva (Finlândia), assim como tirinhas para Ubik Magazine (Finland) e faz parte da rede Finnish Femicomix (Femicomix Finlandesa). Henna apresenta palestras de quadrinhos sobre normas queers e publicou sozinha duas edições da zine de quadrinhos A Hypothetical Love Triangle (Um Triângulo Amoroso Hipotético).
O projeto de Henna é intitulado WELTUNTERGANG: A Queer Post-Apocalyptic Graphic Novel (WELTUNDTERGANG: Uma História Queer Pós-Apocalíptica em Quadrinhos)
WELTUNTERGANG narra a história do fim do mundo de uma perspectiva anarquista e queer, ambientada nas ruínas surpreendentemente vívidas de Berlim. Ela segue, alguns anos após o colapso, um pequeno grupo de sobreviventes queers. A história em quadrinhos foca em questões que afetam em especial a comunidade queer, ao mesmo tempo em que fala com uma audiência mais ampla, criando um mundo onde as protagonistas queer não são excluídas, enquanto questões específicas queer tomam importância. Ao lidar com construção comunitária e estratégias de tomadas de decisões baseadas no consenso como parte da sobrevivência, Weltuntergang comenta a alarmante paisagem política do norte Europeu. Por meio dos retratos interseccionais das personagens, que mostram vários gêneros, raças, classes, tipos físicos, habilidades, idades e histórias de vida, a história emprega um humor sombrio e espinhoso e, como a ficção científica distópica faz com frequência, usa ficção para comentar nosso próprio mundo; desde o fechamento das fronteiras do norte da Europa até a ascensão da extrema-direita no país nativo da autora, a Finlândia.
• Jeremy Louzao é um organizador anarquista de velhos tempos na área de Seattle. Ele toma parte em grupos relacionados à justiça global, lojas informativas comunitárias coletivas, grupos de apoio anti-violência, organizações sem fins lucrativos para empoderamento jovem, comunidades ex-guerrilheiras da Guatemala e, mais recentemente, foca em ensino colegial e trabalho de reforma escolar.
O projeto dele é chamado “The Friendly Neighborhood Anarchist: Embracing the Groundwork that Makes Revolutions Possible” (O Anarquista Camarada do Bairro: Abraçando o Trabalho de Base que Torna Revoluções Possíveis)
O “belo ideal” do anarquismo se manteve lamentavelmente subdesenvolvido enquanto sustentado como orientação estratégica para uma luta social de massa. O anarquismo se mantém frequentemente uma contribuição suave, um tipo de ajudante simbólico de movimentos revolucionários -raramente atingindo um estágio em que pode arquitetar totalmente suas estratégias. Este projeto argumenta que as correntes antiautoritárias contemporâneas têm um tremendo potencial de quebrar estes modelos de organização rígidos e insípidos e de realmente construir uma massa política vitoriosa por meio da encorporação de uma disposição unicamente humilde, mas ainda estratégica, direcionada ao trabalho de base radical. Ele explora de forma profunda: 1) de que forma radicais podem abraçar pessoalmente uma abordagem unicamente antiautoritária no trabalho de massa: como ouvintes, cúmplices, conectores, educadores e torcedores, e 2) como nós podemos solidificar este trabalho de massa num poder popular efetivo por meio de organizações de massa expressamente não gerenciais.
• Mona Luxion² é uma pessoa colona branca vivendo em Montreal/Tio’tia:ke³, onde concorre a uma vaga de doutorado e organiza-se contra o militarismo e o capitalismo de diversas formas. Tendo nascido e crescido em Chicago, a inserção de Mona na política veio por meio das lutas por justiça anti-imperial e ambiental do começo dos anos 2000. Hoje, pode encontrar-se frequentemente conservando alimentos junto de seus colegas de quarto, facilitando workshops e trabalhando para conciliar as lutas por serviços públicos e infraestrutura básica e a política antiestatal e antiautoritária.
O projeto de Luxion é chamado “#Printemps2015: Lessons from Québec’s Stunted Anarchist Anti-austerity Mobilization” (#Primavera2015: Lições da Mobilização Anarquista de Anti-austeridade de Quebec)
Visando os esforços em inflamar um movimento social amplo em oposição ao orçamento de austeridade (politique déficit zéro) do governo liberal de Quebec em 2014, este ensaio é delineado por entrevistas de organizadores de movimentos e de ativistas maduros, que mantiveram-se às margens para tentar entender os objetivos e aspirações das mobilizações e o porque de, apesar da oposição à austeridade ser muito difundida pela sociedade de Quebec, a campanha ter fracassado em mobilizar uma participação em larga escala. “#Printemps2015″ investiga o impacto da massiva insurgência popular de Quebec levada por estudantes em 2012 na organização de 2014-2015, e o uso do destaque retórico dos efeitos do orçamento da austeridade em uma ampla variedade de problemas. As lições de “#Primtemps2015” são provavelmente úteis a outros esforços de construção de movimentos, oferecendo ao mesmo tempo uma fonte de inspiração e uma crítica dos meios pelos quais solidariedade e interseccionalidade são praticadas pelas organizações anarquistas norte-americanas, que são predominantemente jovens, brancas e adjacentes a universidades.
• Toshio Meronek é um jornalista independente cujo trabalho foca em temas como política, Área da Bahia de São Francisco, deficiência, questões LGBT/queer e prisões. Ele cobre o Vale do Silício para o TruthOut e também escreveu para Al Jazeera, In These Times e The Nation. Seu trabalho apareceu em diversas antologias — mais recentemente em Captive Genders: Trans Embodiment and the Prison Industrial Complex (Gêneros Cativos: Personificação Trans e o Complexo da Prisão Industrial; AK Press, 2015).
O projeto de Toshio é intitulado tentativamente “They Won’t Quit: LAGAI Queer Insurrection” (Não Desistirão: Insurreição Queer LAGAI)
Muitas organizações radicais ‘fogo-de-palha’ emergiram por curtos períodos somente para dissolverem-se rapidamente no éter. Muitos criaram espaço para um ativismo antiautoritário no futuro, mas poucos tiveram o poder duradouro do LAGAI – Insurreição Queer da Área da Bahia de São Francisco. Assumindo posições políticas frequentemente impopulares, os camaradas do LAGAI popularizaram ações diretas ao redor do movimento de boicote, desinvestimento e sanções para a libertação da Palestina, fecharam a ponte Golden Gate para dar visibilidade à crise de AIDS e produziram o jornal focado em prisioneiros mais duradouro dos EUA, UltraViolet. Os atuais ativistas têm muito o que aprender com os membros do LAGAI, que incluem tanto amantes quanto “frenemies” (pessoas que são amigas apesar de uma rivalidade ou desavença fundamental) e pessoas de todo o espectro de gênero. Esse projeto tenta desvendar quais fatores extraordinários levaram o grupo a prosperar e manter-se leal a suas raízes radicais por múltiplas gerações.
[1] O Institute for Anarchist Studies (IAS), dos EUA, é um coletivo que ajuda a fomentar o desenvolvimento teórico do anarquismo, outorgando bolsas a escritores/escritoras que trabalhem temas pertinentes ao anarquismo. São aceitos projetos em qualquer idioma, mas as solicitações devem ser feitas em inglês.
[2] Todos as referências a Mona do texto original estão no plural, de forma a manter o gênero neutro. Como a língua portuguesa não admite a neutralidade nem no plural, fiz modificações de forma que o texto fosse compreensível e mantivesse o gênero neutro.
[3] Tio’tia:ke é a designação moicana para ‘Montreal’. Significa “onde as correntes se encontram”.
agência de notícias anarquistas-ana
pequenos dedos
das gotas de chuva
massageiam a terra
Carlos Seabra
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!