“A resistência improvável, a ocupação impossível”

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São semanas confusas as que se vivem, por estes dias, no Oriente Médio, um território que tem pago caro as aventuras das potências que aí jogam, sem nenhum pudor, os seus interesses, à custa de elementares direitos humanos. Aqui todos sabem bem que ao aumento da confusão corresponde mais sangue derramado, sempre por aqueles que menos condições têm para se defender. O povo palestino vive desde o início da Nakba – tragédia; expulsão e extermínio dos palestinos para a fundação e aprofundamento do Estado de Israel – uma violência sem paralelo, numa desproporção obscena relativamente a quem é vitima e agressor, levada a cabo por um projeto colonial já com 70 anos, e que se transformou numa das feridas que mantém todo o Oriente Médio em carne viva. Os palestinos defendem-se levando a revolta a todas as esferas da vida onde o colonialismo israelita, sem memória e sem misericórdia, avança.

Para embaraço dos poucos judeus que se mantêm verticais contra o que Israel tem feito, a verdade é que a sua estrutura política e militar sempre preferiu aprofundar a ocupação a partir o relatório do general das SS, Jürgen Stroop, que comandou a destruição do Gueto de Varsóvia, do que das teorias socialistas dos que alimentaram a ilusão de era possível construir uma sociedade justa por dentro do contexto de uma ocupação, numa coexistência que não implicasse a transformação do dia-a-dia dos palestinos num pesadelo, como se veio a verificar. A mais violeta ocupação que sobra ao colonialismo enfrenta a mais abnegada das resistências, pelo que fica evidente que a revolta só terá fim quando terminarem as razões que a alimentam.

A noite cai em Jerusalém ao som das sirenes das ambulâncias, do latir generalizado dos cães, que nunca se habituam ao alvoroço dos disparos ocasionais dos militares. O dia acorda da mesmíssima maneira. Aqui e ali, do caminho que faço a pé ao longo da estrada de Damasco até à cidade velha, um palestino é revistado pela polícia, duas ambulâncias passam, mas pouco a pouco os sobressaltos vão dando lugar ao som da cidade. O eterno barril de pólvora parece mais cheio que nunca e isso sente-se no ar em cada esquina, desde que se aterra no Aeroporto Internacional de Telavive, uma das poucas passagens para quem quer chegar à Palestina.

Contrariando tudo o que foi escrito nos sucessivos acordos de paz, Israel continua sem definir as suas fronteiras, numa cavalgada permanente sobre os poucos quilômetros quadrados que sobram à Palestina. Do lado palestino, cada dia que passa é sinônimo que o país ficou mais pequeno. Ano após ano, acordo atrás de acordo, a realidade prova que a aventura colonial de Israel avança e a Palestina mantém-se incapaz de reunir o que precisa para ser um país soberano e independente. Olhar a evolução do mapa dá-nos uma visão avassaladora. A Palestina está circunscrita a cerca de 15% do seu território histórico, com todas as suas cidades praticamente sem contiguidade, no queijo suíço em que foi transformada a Cisjordânia. Gaza, cercada pelo muro de onde poucos entram e saem, foi convertida num gueto, uma prisão a céu aberto, onde até os poucos palmos de mar só podem ser usados consoante o humor de Israel e onde, a Sul, o Egito há muito alienou a sua soberania e cuja fronteira está fechada há 500 dias. Desde 2008, e sobretudo desde o massacre do ano passado, são raros os que conseguem entrar e muito poucos os que conseguem sair.

A rotina da violência colonial é arrasadora e chegou a todos os momentos da vida, a todas as horas do dia. O caminho das crianças para a escola, apedrejadas por colonos ou acossadas pelo gás, as revistas e os tiros das colunas militares, muitas delas feitas pela noite dentro, as sistemáticas demolições de casas e o inferno dos checkpoints, são exemplos que mostram bem que não há um minuto de sossego para quem vive ocupado. As sucessivas revoltas não são filhas de nenhum radicalismo. São a única maneira de sobreviver com dignidade.

Jerusalém

Jerusalém mudou muito nos últimos anos. Nota quem, como eu, só a conhece, mal, nos últimos vinte, mas quem, vivendo lá ou fora, testemunhou essa mudança ao longo das sete décadas de conflito. À data da minha primeira visita os palestinos ainda se viam por todos os setores da cidade, hoje são poucos e estão confinados ao lado que os sucessivos acordos de paz alegadamente lhes reservaram. Recordo, no tempo dessa visita, o olhar de um palestino no cimo da muralha da cidade, apontando com raiva para o emergente colonato israelita e segurando simultaneamente a chave de casa que lhe foi demolida e onde já só sobra o lugar. Assim percebi a dimensão da questão do direito de retorno, porque andavam os palestinos com a chave das casas que foram ocupadas ou destruídas ao pescoço e porque não é possível uma solução pacífica e duradoura sem dar uma solução ao povo que foi expulso da sua terra. No olhar da esmagadora maioria dos palestinos fica evidente que nenhum betão os separa do sonho de uma Palestina livre, de ver quem foi expulso regressar e de recuperar um modo de vida sem segregação.

Hoje, ao caminhar pelas ruas de Jerusalém, seja em que setor caminhe, procuro estabelecer paralelos com a Jerusalém que conheci nos anos 90, já fortificada e dividida, claro, mas muito habitada, diversificada, onde os múltiplos checkpoints não eram suficientes para separar as pessoas, mesmo dentro da cidade velha. Vinte anos depois o cenário é bem diferente, as barreiras do exército servem para separar ruas esvaziadas, centenas de lojas fechadas, do lado palestino pela brutalidade da ocupação e da sua política segregacionista, e do lado israelita por falta de clientela que abalou, e muito, até o turismo religioso. O lado cristão e o lado armênio estão assimilados e praticamente não se distinguem do lado israelita, com duas ou três vias sacras para que os fiéis façam o seu caminho com o mesmo frenesim e rapidez com que os turistas visitam a Torre Eiffel, o Parque Güell, a Big Ben ou os Jerônimos.

Jerusalém está a morrer desidratada às mãos daqueles que, fazendo-lhe juras de amor, a secam premeditadamente. Do lado palestino porque a política de Israel passa pelo confisco progressivo da parte Oriental, com sucessivas ordens de demolição e com o congelamento das autorizações de construção. Do israelita porque a ocupação, tão ávida tem sido em construir muros, tarda em perceber que também ela ficou cercada dentro dos muros que levantou.

Jerusalém Oriental é o que sobra à capital da Palestina ocupada, mas tudo o resto é uma cidade fantasma, militarizada, mas onde poucos trocam um olhar sem medo, vergonha ou fanatismo. Jerusalém está a deixar de ser uma cidade de todos para se tornar apenas e só numa gigante sinagoga, um campo de batalha entre quem a quer só para si e os que recusam a expulsão até ao fim das forças.

Depois de transformar Gaza, primeiro numa prisão e depois numa ruína, depois de ter cercado e recortado a Cisjordânia com um muro infame e ilegal de quase 800 quilômetros de comprimento, Israel voltou a centrar-se, nos últimos meses, a exterminar a presença árabe em Jerusalém, mesmo dos que têm cidadania israelita. Na capital que todos reclamam e que os acordos dividiram, só Israel manda e desmanda. Apesar da estratégia de Israel para o seu esvaziamento, a verdade é que Jerusalém Oriental ainda é a parte mais povoada da cidade e também a mais cosmopolita, com a diáspora dos amigos da resistência palestina e os palestinos que aí resistem a serem uma presença com uma visibilidade que a diáspora judaica ou sionista não consegue. Do lado árabe respira-se menos a cada dia, mas respira-se. Do lado israelita, a política das provocações afastou tudo e todos da cidade velha, à exceção dos religiosos, transformando a cidade ora numa sinagoga exclusiva ora numa passerelle de militares. Do lado árabe os religiosos também resistem a caminho da Al-Aqsa, mas além dos chamados da mesquita, onde confluem muçulmanos de todos os cantos do mundo, ainda se vê a vida a acontecer ao ritmo do reboliço das crianças a jogar à bola nos becos ou dos trocares de olhares dos adolescentes apaixonados, de escada para escada na Porta de Damasco, essa mesmo onde Israel passou a liquidar sumária e sistematicamente qualquer palestino que não se prostre perante os sistemáticos arrastões militares. Os israelitas vivem cada vez mais longe do modo de vida moderno que lhes prometeram e remetem-se aos condomínios fortaleza, seja nas cidades seja nos colonatos, cercados pelas armas e pelo medo.

A cidade velha é toda ela um santuário, mesmo para abnegados materialistas. Ao caminharmos pelas ruas sente-se a magia de uma atmosfera que é uma testemunha de uma parte significativa da história humana e um dos locais determinantes para a arquitetura dos povos. Uma cidade onde até os cheiros são coloridos, onde as ruas escondem segredos com séculos, onde o burburinho dá ares de sinfonia e onde apesar de toda essa harmonia se sente também o dramatismo de se saber que poucas são as pedras da calçada que não foram pintadas por botas cardadas de sangue.

O último cemitério árabe colado às paredes da cidade velha é um bom exemplo da expulsão dos árabes da cidade. A primeira vez que ali estive ficou-me na retina a beleza do espaço, com as oliveiras e os ciprestes a dar a paz que boa parte destes mortos nunca tiveram. Hoje não sobram árvores e o cemitério é um dos muitos castigos a céu aberto com que os árabes muçulmanos são humilhados todos os dias. Do outro lado do muro onde está este cemitério, votado ao abandono e sujeito ao vandalismo dos colonos, está a Esplanada das Mesquitas, planalto que ostenta a mesquita Al-Aqsa, local onde Israel incentiva as provocações dos colonos.

A esplanada das mesquitas é um dos mais espantosos sítios que conheço. Eu, que nada tenho de religioso, saio sempre de lá revigorado. Pela luz, os mosaicos e as oliveiras, tudo cria um ambiente acolhedor e empático para quem quer que seja que lá vá sem ressentimentos. Não tenho nenhum fascínio pelo Islã, como por nenhuma outra religião, mas é inegável a força simbólica, quase mística, deste lugar.

Há checkpoints em todas as entradas para a esplanada das mesquitas, controlados pelo exército israelita. Só uma delas permite a entrada a não muçulmanos, em horários muito restritos e quando Israel não decide fechar o espaço a todos para o abrir aos colonos. À porta de cada um dos controles militares a intimidação é permanente, e qualquer jogo, de palavras que seja, pode colocar um palestino em maus lençóis. Mesmo com quem não é palestino há um olhar de desdém só pelo interesse na visita. Curiosamente, o debate pode ser levado para o surrealismo, algo que permite demonstrar melhor o paradoxo da realidade que ali se vive todos os dias, onde os soldados israelitas questionam tudo e todos se são ou não muçulmanos, não sendo, eles mesmo, muçulmanos. O debate é curto, mas revelador:

IDF: É muçulmano?

– Não.

IDF: Então não pode entrar.

– E você é muçulmano?

IDF: “Jerusalém is not a good place for jokes”.

Lá dentro o ambiente é de paz. Muitos rezam. Os turistas fotografam sem qualquer hostilidade. Outros deambulam. Em qualquer dos casos percebe-se que este é um local de grande tolerância, onde a beleza do espaço convida a tudo menos à guerra que ali se vive há demasiados anos, sobretudo desde que Israel ocupou a Palestina.

Intifadas sem número

Todos negam a terceira intifada e ao mesmo tempo ela parece estar em toda a parte. Todos dizem que numerar intifadas é um exercício disparatado, mas todos levam a intifada a todas as esferas da vida. Não podia ser de outra maneira e todos parecem ter alguma razão no ponto de vista. Há revoltas a cada vaga colonial israelita, pelo que as duas que se celebrizaram como as maiores estão longe de ser as únicas e, esta que alguns dizem ser a terceira é muito diferente de todas as outras. Desta feita, ao contrário das duas grandes revoltas não há uma direção política definida, uma intenção, uma pauta reivindicativa concertada das organizações do campo palestino para fazer frente ao avanço colonial israelita.

A atravessar uma gigantesca crise de liderança e de sobrevivência, as organizações políticas que fizeram a história do campo palestino nos últimos 70 anos estão agora isoladas, sobretudo se estivermos a falar do seu prestígio junto da juventude radicalizada, daqueles que, já tendo perdido quase tudo, não conseguem perceber o horizonte que lhes é dado pelas organizações no terreno, ora esmagadas pela ocupação e pela clandestinidade, ora comprometidas, elas mesmas, com o colonialismo.

A natureza espontânea desta terceira grande revolta além da falta de direção política está entregue ora ao voluntarismo ora ao desespero de quem já nada tem a perder, mas essa característica também a dota de um grau de imprevisibilidade que deixa Israel, mas também o campo institucional palestino, à deriva. Esta imprevisibilidade fere Israel como poucas outras revoltas, algo que se percebe pelo aumento do rácio de baixas israelitas face às palestinas, que apesar de continuar desequilibrado tem uma assimetria com uma distância menor do que nos anteriores levantamentos. Esta capacidade, até ver, teve no entanto a proeza de dar ao lado palestino a certeza que, independentemente da ferocidade de Israel e do grau de falência das suas organizações políticas, a ocupação enfrentará resistência até ao último ser humano, no lugar e na hora que menos se espera. Não é uma revolta reprimível como eram as outras, uma vez que ela se identifica bem além das linhas das barricadas.

A forma como os palestinos resistem foi-se diversificando e esta capacidade parece ter sido a chave para tornar a resistência insuperável por parte de quem ocupa. Se a ocupação se identifica em todo o lado, a resistência parece ser capaz de ter sempre uma resposta. Estejamos a falar da abertura de um túnel em Gaza à vaga de greves na Cisjordânia, estejamos a falar dos sistemáticos castigos militares de Israel até à segregação dos árabes com cidadania israelita. À ocupação absoluta dos israelitas, os palestinos responderam com a intifada infinita.

Ocupações sem fim

Ali é palestino com cidadania israelita, o que o coloca no fim da cadeia alimentar da cidadania. Israel é um mosaico racista com muitos graus de direito (ou falta dele), consoante a identidade de quem se apresenta aos olhos do Estado e da Justiça. “A natureza segregacionista é evidente e facilmente comprovável nas escolas, nos hospitais, em todo o lado”. A todo o tempo, no que sobra de espaços mistos ou contíguos, os palestinos são apedrejados e violentados, com particular gravidade nas ofensas comprovadas contra idosos, mulheres e crianças. Mesmo entre os judeus há os de primeira e os de segunda, sendo que aqueles que se opõem a Israel são imediatamente classificados de ‘self-hating jew’. Por exemplo, para os judeus etíopes, a terra não é tão prometida como para os judeus americanos, europeus ou russos, e uma vez chegados em Israel por ali ficam a fazer os trabalhos que outrora eram para os palestinos e nenhum outro judeu aceita fazer. São o exército de mão-de-obra barata que acabou com o aumento da segregação dos árabes palestinos.

Ali é um estudioso do Islã político e não tem dúvidas de que há uma revolta em curso, à qual prefere chamar de “intifada 2.0”, sublinhando o aspecto digital (ligado às redes sociais) e informal (sem direção política) deste novo levantamento, que ganhou dimensão com a soma das provocações dos colonos na Al-Aqsa, que se somaram às demais violações quotidianas que a ocupação impõe. “Ao contrário das outras intifadas esta não tem nenhuma organização política palestina na retaguarda”, conta, confirmando que as ações são levadas a cabo quase sempre por jovens de vinte anos, que agem por sua conta e risco, e no lugar das pedras usam facas ou canivetes para atacar os colonos. “As ordens de Israel são para matar”, garante Ali, “o que dá origem a que os colonos matem primeiro e perguntem depois, não raras vezes plantando uma faca junto ao corpo da vítima”. Entre os ataques verdadeiros e os semeados há registro deles todos os dias num processo de revolta que, por não ser politicamente enquadrado, levanta toda a espécie de problemas a Israel.

Podem matar quem os comete, mas não podem comprar nenhuma liderança política por um punhado de dólares, como em boa medida aconteceu para domarem as duas primeiras revoltas palestinas.

A lista de execuções sumárias não pára de aumentar e quem as registra corre risco de vida. Assim aconteceu com o foto-jornalista brasileiro, Marcel Leme, Observador dos Direitos Humanos, que teve que sair à pressa de Israel perante as ameaças de morte que recebeu depois de fotografar um soldado das IDF a fuzilar Hadeel al-Hashlamon, estudante palestina de 18 anos, num checkpoint de Hebron. A viralização das imagens de Marcel Leme deixou as autoridades israelitas em polvorosa, mas o seu relato foi demolidor ao denunciar a política que vigora nas forças militares: “a mulher aproximou-se de um posto de controle militar em Hebron, tentou abrir sua bolsa para mostrar que nada tinha. Assustado, um soldado teria disparado e, na sequência, outro oficial da IDF teria dado outro tiro.” O brasileiro permaneceu no local, fotografando, até que foi abordado por um soldado de forma intimidatória, acabando por sair de Israel temendo pela sua segurança.

Outra história, igualmente reveladora, é a tentativa de alguns, em Israel, de processar Imad Abu Shamsiya por ter filmado, em Al-Khalil, a execução de um jovem palestino já ferido e prostado no chão, sem que oferecesse qualquer ameaça aos soldados presentes. Em causa, a indignação gerada não só pelo fuzilamento, mas também pela frase que se ouve no vídeo onde um médico israelita dá a ordem ao soldado que executa a execução: “He’s Not Dead, Shoot Him In The Head”. Em Israel, para que se perceba bem o isolamento em que vivem as franjas progressivas, houve manifestações apoiadas por Avigdor Lieberman, com centenas de pessoas contra o castigo e em homenagem ao soldado que executou Abdul-Fattah al-Sharif.

Estes incidentes não são ocasionais, mesmo que seja ocasional a capacidade de os provar sem que sobrem dúvidas, em registo fotográfico ou em vídeo. Eles são testemunhas desta etapa do processo colonial de Israel, que com fatos no terreno deixam perceber um conjunto de práticas coerentes com a limpeza étnica, não só de Jerusalém como de todo o lado onde Israel não teve força para expurgar a Palestina e a resistência dos palestinos.

Os sinais do fundamentalismo sionista são cada vez mais hegemônicos. Durante uma conferência organizada pelos ‘Estudos de Segurança Nacional’, em Telavive, o ministro da Defesa israelita, Moshe Yaalon, afirmou que preferia o Daesh ao Irã, que no seu entender “será sempre o principal inimigo do Estado Judeu”. O radicalismo no campo sionista mede-se em números mas também em palavras. As sucessivas ordem de prisão para crianças parecem até uma pena menor face aos apelos à morte daqueles que alguns, em Israel, consideram serem apenas “futuros terroristas”. Bate todos os recordes a prisão de Ali Alqam, de apenas onze anos de idade, acusado de ser, ora pois, terrorista. O grau de atrocidades levou, por exemplo, a que o observador da ONU, Makarim Wibisono, abandonasse o território apontando o dedo a Israel. Outro exemplo foi o do Rabino Yitzhak Yosef, uma das maiores autoridades religiosas, quando afirmou que “se as nossas mãos forem firmes e se eu tivesse poder para governar, então todos os não judeus não poderiam viver em Israel.” Apesar da barbaridade de tudo isto não se julgue que a sociedade israelita ficou chocada. Bem pelo contrário. Uma sondagem recente levada a cabo pelo Pew Reserch Center, um think tank financiado pelos EUA, concluiu que metade dos judeus em Israel entende que os árabes deviam ser expulsos de Israel. O mesmo estudo, mostra que um em cada cinco adultos acha que a “limpeza étnica” é aceitável. Entre o universo do estudo, quatro em cada cinco judeus considera-se ortodoxo e somente um em cada cinco judeus seculares, dados de um Estado com uma proximidade assustadora do delírio de ser uma ocupação que se julga capaz de consumar o extermínio total da população anterior.

Leia mais aqui: https://jornalismodecausas.wordpress.com/2016/04/10/a-resistencia-improvavel-a-ocupacao-impossivel/

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Sobre o monte liso
contra o céu uma só árvore.
Gesto de vitória!

Alexei Bueno