Segundo informaram os meios autônomos do Canadá, na semana passada Jean-Pierre Bony, um rapaz negro que vivia na zona norte de Montreal foi assassinado pela polícia. Isto motivou diferentes protestos de rua, provocou uma mobilização na quarta-feira passada que derivou em ataques à policia, destroços em comércios, bancos e uma delegacia, pichações e veículos incendiados. Na sequência segue uma crônica do acontecido essa noite, tirada do Montréal Counter-Information (mtlcounter-info.org):
Na semana passada, a polícia assassinou a Jean-Pierre Bony em Montreal-Nord, mais outra pessoa negra morta pelos agentes da supremacia branca. Na quarta-feira pela noite, na data do aniversário de Freddy Villanueva – assassinado pela polícia em 2008 e vingado com duas noites de distúrbios em Montreal-Nord – uma manifestação em resposta ao assassinato de Jean-Pierre Bony converteu-se em distúrbios contra a polícia.
Como se esperava, os meios de comunicação regurgitaram o mito dos “agitadores exteriores”, justo como fizeram durante os distúrbios por Oscar Grant em Oakland, e na recente rebelião em Ferguson, perpetuando a mentira da incapacidade das pessoas negras para atuar por si mesmas.
Estivemos cheios de alegria de ver à gente que vive em Montreal-Nord iniciar um feroz ataque contra a polícia. Furgões e câmeras dos meios de comunicação foram quebrados e todo carro de polícia à vista foi atacado com pedras, pés de cabra e bombas de fumaça. Quando a polícia estava se escondendo, decidimos ir até a delegacia. Pelo caminho, as vidraças de numerosos negócios assim como de um banco foram quebradas (com um incêndio mais adiante iniciado dentro) e a prazenteira destruição da delegacia se desenvolveu durante vinte minutos. O posto foi evacuado preventivamente, e escoltamos as pessoas berrando “a polícia tem medo de nós agora!” enquanto cada janela da delegacia foi atravessada por pedras lançadas contra ela.
Quando um policial antidistúrbios solitário (não entendeu a ideia?) tentou intimidar as pessoas para não entrar no estacionamento, foi atacado e um martelo lhe foi lançado enquanto escapava, dando a cada um carta branca para destruir todos os carros também.
Quando a polícia antidistúrbios se aproximava cautelosa para salvar o que restava da sua quebrada delegacia, foram recebidos com pedras e pirotecnia. Enquanto as pessoas se retiravam para suas casas, pelo menos seis carros foram incendiados.
Como anarquistas, participamos nestes momentos para apoiar estes valentes atos de raiva e rebelião. O que passou a noite de quarta-feira continua agitando às nossas mentes, acalentando os nossos corações e inspirando a nossa luta contra a polícia nos nossos próprios contextos.
A cumplicidade que sentimos com as pessoas que encontramos nas ruas de Montreal-Nord nos convoca a sair de nossas gangues e sobrepassar as fronteiras formadas na nossa cidade e nas nossas cabeças pela ordem social racista.
Assim que esta noite escrevemos o nome de Jean-Pierre Bony em vários painéis de publicidade gigantes na cidade junto a imagens de carros de polícia ardendo, porque “a memória está viva, e pronta para golpear”.
Nunca esquecemos. Nunca perdoamos. O fogo segue ardendo em nós.
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
sol nas poças d’água
carro passa
espalha tarde na calçada
Alonso Alvarez
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!