A justiça espanhola autorizou pela primeira vez a exumação dos corpos de duas vítimas republicanas da guerra de Espanha, enterradas no mausoléu no qual está o ditador Francisco Franco, anunciou a magistratura num comunicado referido pela agência France-Presse (AFP).
O tribunal de San Lorenzo de El Escorial, município da região de Madrid no qual está instalado um monumento aos mortos da guerra civil, ordenou num decreto datado do dia 30 de março, “a devolução dos restos mortais dos irmãos Lapeña Altabas à sua parente Maria Purificacion Lapeña Garrido depois das suas identificações para lhes dar uma sepultura digna.”
A decisão vem quase 80 anos depois do início da guerra civil hispânica, que decorreu ente julho de 1936 e março de 1939.
O “Valle de los Caidos” (Vale dos que caíram) foi construído entre 1940 e 1958 pelo regime nacionalista franquista e abriga os corpos de milhares de vítimas da guerra civil, nacionalistas ou republicanos, entre os quais o de Francisco Franco.
Maria Purificacion Lapeña Garrido pediu, em setembro de 2015, ao tribunal daquele município a exumação dos corpos do avô e do tio-avô, Manuel e Antonio-Ramiro Lapeña Altabas.
Ambos militantes anarquistas, os irmãos foram fuzilados e enterrados em Aragão numa vala comum em 1936. Em 1959, os seus restos mortais foram transferidos para o monumento “Valle de los Caidos” sem o consentimento da família.
Várias dezenas de milhares de desaparecidos, mortos durante a guerra civil ou a repressão que surgiu depois da vitória de Francisco Franco, jazem ainda em valas comuns. Em 2007, sob um governo socialista, foi votada uma “lei para a memória histórica” que permite às autoridades públicas ajudarem as famílias a encontrar e recuperar os corpos das vítimas.
O governo de Mariano Rajoy, no poder desde 2011, recusa financiar esta lei que acusa estar a abrir feridas do passado.
> Imagem: fotos dos irmãos Manuel e Antonio-Ramiro Lapeña Altabas fuzilados em Aragão em 1936.
Fonte: agências de notícias
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!