Na sexta-feira, dia 6 de maio, 20 nacionalistas brancos, neonazistas e fascistas associados ao “Identity Evropa” (IE) e ao “National Policy Institute” (NPI) realizaram um comício na Universidade da Califórnia em Berkeley com a proteção da polícia do campus. O IE e o NPI são parte da crescente “Direita Alternativa”, a qual inclui “racistas científicos” acadêmicos, ativistas do pró-estupro Direitos dos Homens [Men’s Rights], proponentes do “Dark Enlightenment”, entre outros, opostos aos ideais do igualitarismo, do feminismo e da solidariedade da classe operária. Essas ideias ganharam terreno durante a campanha de [Donald] Trump [pré-candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano], e seus proponentes tem usado-a como um ponto de intervenção. Fundamentalmente, o objetivo deles é criar um Estado fascista totalmente branco no continente norte-americano de acordo com a Confederação, baseados nesses ideais do anti-igualitarismo e da supremacia branca.
Nas duas semanas seguintes ao comício, cartazes do “Identity Evropa” começaram a ser vistos, aparecendo em torno do campus da Universidade de Berkeley, tanto nas ruas com muito movimento de Shattuck, Allston, Euclid e Avenida da Universidade, quanto nos bairros ao redor do campus. Todos esses cartazes foram rapidamente arrancados, muitos deles tendo sidos encontrados e destruídos por indivíduos que não estão associados a qualquer grupo ou equipe, mas que são opostos aos pontos de vista fascistas e da supremacia branca do IE. Parece que a notícia das ações dos supremacistas brancos no campus alcançaram muitos olhos e ouvidos, trazendo muitas pessoas para a tarefa de destruir os cartazes. Depois que uma história que foi exposta sobre o comício de 6 de maio foi compartilhada no facebook e no twitter algumas milhares de vezes, postagens começaram a aparecer no Indybay mostrando o material de propaganda arrancado e destruído.
Aparentemente em resposta à destruição de seu trabalho, a pessoa que administra a conta do IE no twitter, que provavelmente é Nathan Damigo, um organizador da juventude neonazista que atualmente vive no norte da California e que estava presente no recente comício da Universidade de Berkeley, pôs no twitter uma compilação de fotos que parecem sugerir que eles estão apenas ampliando sua ação.
Esses tweets datam de 22 de maio, entre 3h30 e 4h da manhã. Eles mostram cartazes em cerca de seis áreas de Berkeley. Só há um problema, quando os antifascistas saíram para procurar esses cartazes, eles descobriram que a maioria deles já havia sido arrancada. Como pode ser lido numa postagem no Indybay.org.
Graças aos tweets do IE e ao conhecimento antifascista das ruas que vivemos e passamos, os dois cartazes remanescentes foram encontrados e rapidamente destruídos.
Apesar de a maioria desses cartazes ter sido rapidamente arrancada por membros da comunidade, quase que imediatamente após serem afixados, nós queríamos ajudar ainda mais a agitar a cultura de resistência ao fascismo, ao patriarcado e à supremacia branca. Acreditamos fortemente que há dois residentes de Berkeley e da Universidade de Berkeley que estão envolvidos nesses grupos e estão postando essas imagens. Nós também queríamos nos certificar de que a comunidade ao redor de Berkeley está ciente desse fascismo crescente e pode ajudar a tomar uma posição contra ele.
Para este fim, os antifascistas decidiram colocar 10 vezes a quantidade de cartazes que o IE colocou, junto com centenas de adesivos antifa dizendo “Zona Anti-Fascista”, bem como alguns com fotos de neonazistas e nacionalistas brancos sobre os quais se sabe que são membros dessas organizações. Nós também espalhamos informações e falamos com as pessoas sobre o que estava acontecendo na área local, para alertá-las sobre a ameaça de organizações de nacionalistas brancos e sobre como se envolverem na luta contra elas.
Não permitiremos que grupos como o IE movam-se por dentro de Berkeley e aí se instalem. Na medida em que um conjunto multirracial de pessoas da classe operária já está nas ruas dessa cidade todos os dias, nós conversamos entre nós e cuidamos uns do outros. Não permitiremos que um grupo de neonazistas de fora da cidade e estudantes com base local promovam seus pontos de vista fascistas.
Essa ação é uma extensão e uma parte de uma luta mais ampla contra o capital, a supremacia branca, o patriarcado e o Estado. Das lutas em Ohlone em nome dos lugares sagrados e contra a colonização contínua, ao povo tomando ações contra uma contínua barragem de assassinatos policiais, até as pessoas da classe operária de todas as partes lutando contra um sistema que faz bilhões fora da crise de habitação, da austeridade e dos empregos com baixos salários; a luta aqui em Berkeley contra os fascistas e supremacistas brancos do “Identity Evropa” é uma outra faceta da luta mais ampla por uma sociedade livre da exploração e das hierarquias da dominação de gênero, classe e raça.
Esses fascistas estão longe de serem encontrados nas lutas cotidianas das pessoas que trabalham todos os dias, incluindo aquelas dos brancos pobres e trabalhadores. Da luta pedindo justiça por Richard “Peddie” Perez, um jovem de Richmond que foi morto pela polícia, até a porção de gente morando em trailers próximo à Ponte Golden Gate em El Cerrito e que foi despejada devido ao desenvolvimentismo, até as milhares de pessoas pobres que estiveram envolvidas em varias lutas, tais como o “Occupy”, o “Fight for $15”, as lutas contra a extração de óleo e gás da terra e o “Black Lives Matter”. Em todos esses exemplos, os brancos pobres e da classe operária trabalharam juntamente com milhares de outras pessoas contra os sistemas de dominação e opressão diante da supremacia branca e do patriarcado.
O fascismo não libertará ninguém, nem mesmo os brancos pobres e da classe operária a quem os nacionalistas brancos tentam agradar. Devemos não apenas esmagar esses fascistas e expulsá-los das ruas, como também desorganizá-los e apresentar alternativas claras ao autoritarismo e ao nacionalismo.
A civilização ocidental está se desmembrando e desmoronando devido a constantes ciclos de crise econômica, política e social. Os trabalhadores encontram-se sem condições de pagar por um lugar para viver nas cidades onde trabalham, por aparentemente mais e mais horas com um salário cada vez menor. Vilas e cidades inteiras estão com falta de água, enquanto a infraestrutura se esfarela. Uma conspiração entre corporações e o governo encobre tudo, desde desastres nucleares até vazamentos de gás em massa. A mudança climática ameaça a vida desse planeta em nome da geração massiva de lucros para um número seleto de elites e mantém rodando as engrenagens da corrida militar, industrial e governamental. A reação do governo consiste em mais prisões, mais policiamento e mais vigilância. A supremacia branca e o patriarcado são parte da cola que mantém esses sistemas de opressão unidos.
O nacionalismo branco não oferece solução para esses problemas. Apenas uma solução final.
Fonte, mais imagens: https://itsgoingdown.org/antifa-patrol-and-cover-neo-nazi-posters-in-berkeley/
Tradução > Jorge Holanda
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Mais fotos:
agência de notícias anarquistas-ana
Incrível manhã
Os pássaros se alegram
E galos cantam
Daniele Pawlak, 13 anos
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!