Do Black Rose Anarchist Federation
Trump anunciou seus planos de discursar em Richmond cerca de uma semana antes de seu evento do dia 10 de junho, dando à esquerda da cidade muito pouco tempo para reagir. Estabelecendo um precedente promissor, organizadores de tradições de esquerda divergentes se juntaram para além das diferentes ideologias a fim de planejar uma resposta de emergência a este evento supremacista branco. Com dois dias de planejamento, fomos capazes de juntar pelo menos 60 pessoas antes de deixar o Parque Monroe por volta das 20h. Inicialmente a polícia tentou confinar nossa marcha a uma faixa, mas os manifestantes se recusaram a ser empurrados para o lado. Ao marcharmos nos bairros residenciais, a reação das pessoas em suas varandas era esmagadoramente de apoio.
Houve inicialmente certa apreensão quanto ao slogan “Foda-se Trump”, mas nossas experiência nas lojas de esquina e paradas de ônibus no dia anterior provou que todos viam isso como a expressão perfeita da nossa indignação coletiva. Durante a marcha não foi diferente. As pessoas se juntaram a nós por toda a marcha e adotou a bandeira do “Foda-se Trump”. À medida em que crescíamos em tamanho, o grito dominante era “Sem Trump, Sem KKK, Sem EUA Fascista” ecoava pelos prédios.
Em certo ponto na marcha, uma mulher negra que havia trazido um cartaz exigindo indenizações trabalhava duramente para iniciar o grito “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam). Achei interessante perceber que esse grito custou muito para pegar e se extinguiu rapidamente quando as pessoas voltaram a entoar o “Foda-se Trump”. Me parece claro que Trump e seus apoiadores rejeitam as questões centrais do Black Lives Matter, então foi surpreendente ver que a multidão não respondeu com entusiasmo a esse grito. Enquanto nosso material de divulgação e cartazes centravam-se no racismo de Trump, a multidão estava pouco interessada em se afastar de slogans anti-Trump mais gerais.
Para uma marcha que se viu com apenas dois dias de planejamento, nossos problemas táticos até que foram relativamente pequenos. Quando chegamos no Coliseum, os organizadores estavam preocupados que a marcha tivesse sido presa na chamada “zonas de liberdade de expressão” [free speech zones, áreas afastadas que o Estado norte-americano delimita como “áreas de protesto”], mas isso se provou falso. Foi nessa zona que o grosso dos confrontos da noite ocorreu. A polícia permitiu que rapazes bêbados de fraternidade e pró-Trump marchassem no meio da multidão, se antagonizando a eles. Um confronto irrompeu quando um dos quatro amigos pró-Trump cuspiram num manifestante, mas foi só quando um jovem negro deu na cara de um desses fascistas que a polícia decidiu intervir.
Assim que a discussão passou a envolver esse homem negro, a polícia levantou a barricada e tentou arrancá-lo da multidão. Os manifestantes foram rápidos ao puxá-lo de volta para a multidão, e não houve relatos de que ele tenha sido preso. Estamos felizes que você não tenha sido preso, quem quer que seja você! Nessa briga, os manifestantes impediram a prisão de outras pessoas que a polícia tentou agarrar quando tentou empurrar manifestantes sobre uma bicicleta caída. Curiosamente, a única pessoa presa nessa noite foi o homem pró-Trump que cuspiu num manifestante.
Os organizadores da marcha tomaram então a iniciativa de, ao invés de nos confinarmos gritando fora do Colisuem, voltarmos para as ruas. Nós serpenteamos um caminho em meio às áreas movimentadas da cidade e recebemos apoio da maioria daqueles que passavam de carro e a pé. Quando os apoiadores de Trump apareceram em pequenos grupos, foram confrontados por toda a marcha antes que fugissem. Uma marcha que partiu às 20h, caminhou por cerca de duas milhas para alcançar o Coliseum, continuou então através da movimentada área da rua Broad, até perto das 23h.
Apesar de fisicamente cansado, o povo de Richmond foi encorajado pelo sucesso da noite. Residentes de longa data da cidade me disseram que há muitos anos eles não tinham experimentavam uma marcha como essa. A marcha manteve uma atmosfera de militância por todo o tempo, recusando-se a ser limitada pela polícia e nunca recuando para os camisa-marrom do Trump. A noite terminou com espíritos elevados e um forte senso do nosso poder coletivo.
De forma importante, essa noite também ajudou a construir confiança entre a esquerda aqui em Richmond. Ainda que nossos grupos possam diferir no que diz respeito qual a melhor forma de construir movimentos sociais, nós estamos de total acordo quanto à importância de nos opormos à coalizão supremacista branca que é a campanha de Trump. A marcha estabeleceu um sólido precedente para as lutas futuras nas ruas de Richmond, enquanto que o próprio processo de organização ajudou a construir relações que podem fortalecer nossa resposta futura ao fascismo.
Fonte: https://itsgoingdown.org/richmond-va-fuck-trump-reportback/
Tradução > Jorge Holanda
Conteúdo relacionado:
agência de notícias anarquistas-ana
Uma sereia
Mar que canta encanta
Traz à areia
Umav
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…
Edmir, amente de Lula, acredita que por criticar o molusco automaticamente se apoia bolsonaro. Triste limitação...
Tudo bla,bla,bla...porque não se faz um post comentado a degradação durante o bozo. 🤪🤪🤪🤦
Olá, me chamo Vitor Santos e sou tradutor. Posso traduzir do Inglês, Espanhol, Alemão, Italiano e Catalão. Inversamente, somente do…