Já se vão 10 anos de mobilizações, onde se fez costumeiro protestar e lutar na rua contra as injustiças, exigindo os direitos negados pelo Estado. Essa mobilização que começou com a Revolução Pinguim de 2006 deixa evidente o macabro vínculo existente entre empresários e o Estado e meios de comunicação. Todos legitimam, defendem e permitem que a educação seja apenas um negócio a mais, mas isso faz também que a cada dia se torne mais claro que a organização é o caminho correto.
Nesses anos as mobilizações e protestos cresceram quantitativamente, cada dia somos mais os que lutamos por educação gratuita e de qualidade, saúde, moradia e transporte dignos, defendendo o meio ambiente contra as AFP’s, por reivindicações de gênero e uma larga etcétera. Hoje como ontem nos sobram motivos para lutar; a única diferença é que agora temos 10 anos a mais de experiência e de consciência, o que sem dúvida nos posiciona com mais força e responsabilidade para promover mudanças profundas que nos levem a uma sociedade sem classes.
O inimigo também aprendeu nesses 10 anos, enquanto aprofunda sistemática e metodicamente as condições de exploração (com a reforma trabalhista, da carreira docente, falsa gratuidade da educação, a lei de pesca, etc…), ao mesmo tempo em que fortalece os mecanismos repressivos com leis (controle de identidade e agenda curta anti-delinquência, reforma processual juvenil e fortalecimento da lei antiterrorista, por exemplo), aumento da dotação policial e recursos tecnológicos de ponta, que são reflexos fiéis de que vivemos hoje em um estado policial, no qual qualquer um pode ser vítima da repressão, somente pelo fato de ser pobres, somente pelo fato de pensar, alçar a voz e protestar contra as injustiças.
Hoje, mais do que nunca, é necessário entender que a união faz a força e que a ofensiva começou, sendo certo que essa união não deve ser necessariamente política nem ideológica, mas inegavelmente uma união de vontade e ação. É o momento de olharmos no rosto, de confiar em nossos pares, de organizar e coordenar todas as forças que se posicionem fora e contra o sistema, todas as forças de nossa classe que detém vários modos de lutar contra um inimigo comum, inimigo que nos seguirá golpeando como de costume, que não entregará mais que migalhas e prazos que jamais cumprirão. Esperamos que todos lutadores sociais que já tomaram uma posição sobre a sociedade que queremos, compreendem que esta é a única forma real de nos aproximarmos do mundo novo que queremos.
Também é preciso que estejamos atentos frente ao oportunismo eleitoral de novas referências e da Assembleia Constituinte, táticas que buscam engrossar as estatísticas que dão legitimidade ao modelo, que funcionam como válvula de escape para a pressão social que ao mesmo tempo coopta e destrói todos os germens de luta.
Rechaçamos abertamente todo o processo democrático eleitoral, representativo e não vinculante como a eleição de governantes e a Assembleia Constituinte, onde nós, os oprimidos, explorados e massacrados não temos mais participação do que depositar um papel em uma urna de tempo em tempo, onde, não importa quem saia eleito, fará o que possa em seu privilégio, ou pior, o que quiserem os empresários. A Assembleia Constituinte, que tal como se propõe é uma mera consulta cidadã, terá obtido informações apenas para maquiar a Constituição.
A ofensiva que começou é o que muito de nós temos esperado e ante aquilo que temos construído ombro a ombro, é hora de alçar a voz e golpear a mesa de forma organizada, todos juntos e também os não revoltosos, pois se não fizermos nós mesmos será o inimigo que tomará a iniciativa, como já demonstrou no dia 21 de maio e em muitas ocasiões anteriores, onde os resultados são tão nefastos que somos incapazes de fazer frente ao refluxo e a desmobilização que provocam o medo e o terrorismo de Estado.
Convidamos para organizar o descontento, pois hoje mais do que nunca necessitamos de todas as forças que se posicionam fora e contra o sistema; vincula-te e coordena com as organizações em pé de luta, promova a contrainformação e agite seu entorno cotidiano, mas, acima de tudo, se organize, pois este é o único mecanismo que nos permitirá avançar e nos proteger ante a repressão que se aproxima. Ninguém é imprescindível, mas somos todos necessários, pois a ofensiva começou e necessitamos que esteja presente, ativo e constante para que este ano não seja uma simples recordação.
Com a esperança de 2006
Com a raiva de 2008
Com a força de 2011
Com a convicção de 2013
Neste 2016, avante as e os que lutam, nunca mais sozinhos!
Fonte: http://noticiasyanarquia.blogspot.com.br/2016/06/la-ofensiva-comenzo-por-brigadas.html
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
a lua ilumina
na roda do chimarrão
o choro do violão
José Ramos Gomes
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!