Texto do local anarquista-antiautoritário Antipnoia.
Aparte dos memorando, guerras e desarraigamento, o verão de 2016 tem a Eurocopa [na França] e os Jogos Olímpicos [no Brasil]. Em condições de crise sistemática, o totalitarismo moderno se aprofunda constantemente, o estado de emergência se faz permanente, o totalitarismo parlamentar se fortalece, e os patrões se voltam cada vez mais gananciosos.
A mercantilização do esporte é total, e se pode notar desde o clube desportivo mais pequeno até as multinacionais que tem comprado equipes em todos os esportes. Promovendo como consequência os princípios de antagonismo e da vaidade, os atletas se converteram em umas caricaturas de promoção (publicidade) das oportunidades que oferece o capitalismo a todas e todos. Basta com que esteja disposto a dar tudo.
Em concreto, quando falamos de eventos esportivos de grande alcance, os interesses são ainda maiores, ainda mais globais. Os eventos de tal alcance constituem a melhor oportunidade para o Estado e o Capital para eliminar os direitos trabalhistas e para intensificar o trabalho. O resultado disso é o aumento explosivo dos acidentes de trabalho, a abolição dos acervos [conquistas] e da desvalorização da mão de obra. Ao mesmo tempo, são aplicadas umas leis novas. São umas leis que diariamente se caracterizam pela limitação de nossas liberdades, por mais controle e por mais multas. Toda esta rede, que conduz a exacerbação da exploração pelo sistema estatal-capitalista, se promove através de invenções ideológicas como a unidade nacional, o voluntarismo, etc.
Regressando ao presente, vemos que todos estes elementos que se caracterizam diacronicamente a eventos como a Eurocopa, a Copa do Mundo ou os Jogos Olímpicos, hoje se vêem mais claramente.
Na França, com o pretexto da organização da Eurocopa em junho e do Tour de França (ciclismo) em julho, foi aprovada uma prorrogação ao estado de emergência, imposto com o motivo dos ataques do EI [Estado Islâmico] em Paris. Na França do desafio e dos enfrentamentos com as forças de repressão e do autoritarismo, as luzes dos estádios escurecem a realidade das centenas de manifestantes e grevistas, das refinarias bloqueadas, da ofensiva por todos os lados do Estado e da patronal aos direitos trabalhistas, e da presença permanente do Exército nas ruas.
Ao mesmo tempo, se vai celebrar os Jogos Olímpicos no Brasil das favelas evacuadas e destruídas, dos mortos e dos presos da insurreição estalada e estendida faz tão só dois anos por causa da Copa do Mundo [de futebol], da pobreza e da indigência crescentes. A instabilidade política, a corrupção e o saqueio da riqueza pública, tem que se esconder sob o manto do “espírito olímpico”, dos recordes e do turismo.
Por nossa parte, nos colocamos do lado dos que lutam e dos que sofrem a opressão e a exploração. Reclamamos nas ruas e nas praças, contra a mercantilização do esporte, contra a unidade nacional. Lutamos por um mundo de igualdade, solidariedade e liberdade, de uma maneira auto-organizada, sem mediadores e hierarquias.
Solidariedade com os insurgentes na França que lutam contra a nova lei trabalhista e contra a imposição do estado de emergência. Solidariedade aos de baixo no Brasil, que estão recebendo a ofensiva constante do Estado e da patronal.
Local anarquista-antiautoritário Antipnoia
O texto em grego:
http://stekiantipnoia.espivblogs.net/
O texto em castelhano:
http://verba-volant.info/es/contra-la-eurocopa/
Tradução > Renato Brando
Conteúdo relacionado:
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2016/06/07/franca-apelo-a-perturbar-a-euro-2016/
agência de notícias anarquistas-ana
Canta alegre o sabiá
faz folia o bem-te-vi
— natureza assovia
Rogério Viana
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!