No último sábado do mês passado (25/06), uma centena de pessoas assistiram ao ato em memória de Valentín González, o jovem cenetista que perdeu a vida neste mesmo dia durante a brutal repressão de 1979 no Mercat d’Abastos de Valência.
O mito interesseiro da transição segue dificultando qualquer aproximação veraz à tão dolorosa e complexa realidade histórica. Foi um período no qual se lutou e sofreu muito, daí a exposição de originais de imprensa com os quais se mostra a dor da cidade de Valência depois do assassinato de nosso companheiro, uma dor manifesta numa greve multitudinária convocada pela CNT e seguida pelo restante das forças sindicais, a qual seviu como resposta ao assassinato de Valentín.
O povo, afundado numa guerra de classes, estava sendo destroçado por mais de três décadas de facismo. O medo durante a transição, converteu a esquerda política em uma força mansa e conformada com a monarquia imposta, com o controle dos referendos e com a falsa paz social mitificada. Os assassinatos de estudantes, as torturas nas delegacias, os processos sumaríssimos e os atentados a intelectuais foram respondidos com greves, manifestações e protestos de operários, e reprimidos com grande brutalidade e violência.
A exploração e a repressão de hoje, é outro capítulo da longa história na luta de classes. A transição não deixou de ser um processo aparente de democratização, no máximo insuficiente, que garantiu a continuidade e impunidade do fascismo, o qual trouxe consigo uma forma de Estado imposta, uma divisão insubstancial de poderes, uma direita selvagem e carente de hábitos democráticos e uma imposição de deveres para a classe operária que ficava sem espaço algum na participação da vida pública.
A CNT nunca fechou os olhos ao engano, à traição nem às ambiguidades dos protagonistas da transição. Mais de duzentos assassinatos por violência policial de 1975 a 1982, entre eles o de nosso companheiro militante da CNT, são a mostra de que a transição foi uma indolente reforma do regime franquista que garantia a sua continuidade, alimentado primeiramente com a vida das vítimas e depois com o seu esquecimento.
Diante do pacto de esquecimento e contra a impunidade dos criminosos fascistas, reafirmamos nosso mais absoluto repúdio e esses pactos e a sua explícita negação histórica.
Em memória a Valentín González. Pela justiça social e contra o esquecimento.
Federación Local de Valencia
Confederación Nacional del Trabajo (CNT)
Tradução > Kysy Fischer
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!