Corrientes, Argentina, 13 e 14 de agosto de 2016
Articulemos as lutas contra o aprofundamento do ajuste e a repressão!
Em fins de 2010, nós, enquanto grupo formado por organizações territoriais, culturais, de educação popular, estudantis, coletivos autogeridos, militantes sindicais e de outras frentes independentes, coletivos feministas e de caráter libertário e anti-estatista, começamos a concentrarnos em torno do Encuentro social desde abajo y por fuera del estado. Naquele momento estávamos transitanto experiências de organização e luta em diferentes províncias do país e sentimos a necessidade de nos aproximar para articular as nossas lutas, tornando-nos mais visíveis e mais fortes.
Com o passar dos anos, estes encontros anuais reforçaram os laços de confiança e aumentaram a nossa capacidade de articulação em eixos como a solidariedade de classe e de gênero diante de casos de repressão do Estado, e nos permitiram articular uma proposta frente às conjunturas eleitorais, que nos permita denunciar a corrupção de todos os políticos, mais cruel em tempos de campanha, mas também propor o papel protagonista da luta levada adiante pela Autonomia e Independência de classe, através do que entendemos ser a construção de um mundo novo. Assim, confluimos para a campanha anti-eleitoral “Los políticos no sirven organizate y luchá” (Os políticos não servem organize-se e lute). Também tivemos a oportunidade de atuar em coordenação a nível regional latino-americano junto a outros órgãos, como o ELAOPA (Encontro Latino Americano de Organizações Populares e Autônomas) em uma jornada de ação conjunta denunciando a perseguição política de companheirxs de organizações na Argentina, Uruguai e Brasil.
A experiência partilhada até aqui vem traçando um caminho de unidade na luta e nas idéias, um caminho através do qual exercitamos o músculo da autogestão e o federalismo, da equidade de gêneros e a solidariedade de classe.
Para voltar a nos encontrar no espaço que há tempos estamos construindo como uma expressão das lutas de várias organizações por todo o país, nós, grupos, movimentos e militantes classistas, autônomos e anti-patriarcais, convocamos para o Encuentro social desde abajo y por fuera del estado, a ser realizado na província de Corrientes, nos dias 13 e 14 de agosto de 2016.
Este ponto de articulação para xs de baixo assume relevância fundamental na conjuntura que está se definido no país e na região, na qual o saldo dos governos que se auto-proclamaram “populares” continua sendo pago pelxs de baixo, com o genocídio silencioso dos povos indígenas, contaminação, saques e mortes produzidas pelo modelo extrativista, desapossamento das pessoas do campo, feminicídios e lesbotransfobia, demissões e precarização do trabalho, pobreza e desemprego, exclusão, miséria e injustiças contra as quais viemos resistindo para além dos governos em atuação e que hoje vemos se aprofundar.
Em nosso país, neste novo contexto histórico, o modelo do PROi revela tanto rupturas como continuidades com o modelo kirchnerista, que são, sem dúvida, motivo de análise e debate no interior das organizações sociais. O que não é possível ignorar é a cumplicidade e conivência que ambos projetos políticos têm e tiveram, ao aplicar os aumentos de tarifas que está golpeando duramente os setores mais marginalizados e empobrecidos da sociedade, ou ao fazer o pagamento da ilegítima dívida externa aos fundos dos abutres.
O ataque à qualidade de vida das pessoas foi declarado pela duplicação e triplicação dos serviços básicos e de transporte. Através da desvalorização e do aumento dos preços que atingiu severamente o poder de compra que tem os de baixo.
Da mesma forma, em meio a este contexto, houve a chegada de Obama ao país no marco de 40 anos do genocídio perpetrado pelo Estado e a classe dominante na última ditadura militar, como uma provocação a toda a população, mas também como uma clara mostra de como e a que preço este governo defenderá os interesses das classes dominantes.
A isso se somam as demissões massivas nos últimos meses, nos setores público e privado, como uma clara decisão política de avassalar os direitos conquistadxs para as classes oprimidas na luta, fechando programas de contracepção, enclausurando áreas de violência de gênero, cerceando a aposentadoria para donas de casa e a integração da população trans em áreas estatais.
Por fim, e como corolário de uma bateria de ajustes contra xs de baixo, a tentativa de implementar um novo protocolo de segurança que permite ao Estado nacional, aos Estados, Provinciais e municipais concluir um processo de alienação política “por cima”, de caráter repressivo, que está sendo construído como um dos pontos em comum entre os projetos políticos vindos de cima. Com o novo protocolo se pretende estabelecer critérios irrisórios para legitimar a criminalização não apena do protesto social, como vinha ocorrendo com o modelo kirchenerista, mas também a repressão aberta a todxs aquelxs que estejam dispostos a lutar.
Diante da evidência dos limites do governo kirchnerista e os resultados do modelo chamado de “socialismo do século XXI” como saída por cima, é nossa tarefa histórica renovar hoje as vozes e forças para reafirmar, difundir e contribuir na construção de uma alternativa de sociedade organizada desde baixo, sem oprimidxs nem opressores, sem cair em saídas rápidas e ilusórias como mecanismos eleitorais que se propõem desde diferentes correntes políticas, nem ser apoio de projetos alheios. Neste sentido se desenvolvem no mundo processos abertos de resistência e construção classista, autônoma e anti-patriarcal como o Zapatismo e a Revolução Curda do PKK, os quais nã o vemos como modelos para “replicar” mas entendemos que constituem uma referência de grande valor para aqueles que acreditam que a sociedade pode e deve ser organizada pelxs de baixo, e refutam aquele fundamento de que os políticos e o Estado são necessários ou convenientes.
Neste contexto, é necessário unir coletivamente as estratégias de luta para esta nova etapa e, nesse sentido, acreditamos ser importante fortalecer as ferramentas que fomos criando nos últimos anos, dando-lhes um novo impulso. Transformando o Encuentro desde abajo em uma ferramenta mais permanente de coordenação para a luta das organizações libertárias e anti-estatistas. É o novo desafio que queremos empreender neste contexto: discutir estratégias para resistir à situação em torno da repressão, mas também abrir a questão sobre o caminho e o horizonte que viemos construindo e projetando: o feminismo e uma sociedade anti-patriarcal, a l uta da nossa classe, os povos indígenas e a possibilidade de uma sociedade sem Estado…
Porque temos lutado e resistido, e queremos multiplicar nossas lutas. Porque nos organizamos sem partidos e sem patrões, e queremos fortalecer a autonomia. E porque o mundo novo que carregamos em nossos corações e construimos no dia-a-dia é de dignidade, de luta e de liberdade.
DESDE ABAJO Y POR FUERA DEL ESTADO é o encontro social que convocamos…
AVANTE XS QUE LUTAM!
FB: https://www.facebook.com/events/305316529814380/
Tradução > Kysy Fischer
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Jorge Fonseca Jr
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!