Numa altura em que tanto se discutem os “direitos” dos animais e a necessidade de serem poupados à tortura e ao sofrimento, convém relembrar o texto da conferência produzida em 1922, em Évora, no Teatro Garcia de Resende, no quadro do V Congresso dos Trabalhadores Rurais pelo anarquista Gonçalves Correia. Este anarquista alentejano foi um dos fundadores da Comuna da Luz, nas Fornalhas Velhas, onde o regime alimentar era essencialmente vegetariano e crudívoro. Nesta conferência subordinada ao tema “A Felicidade de Todos os Seres na Sociedade Futura”, Gonçalves Correia defende o fim da propriedade privada e da exploração quer do homem pelo homem, quer do animal pelo homem, entrando a humanidade numa nova era em que todos os seres serão tratados de forma digna e sem serem violentados.
“A sociedade futura, sem propriedade individual, que será de todos, como o sol, como a lua, como o próprio ar, inundará o mundo de ternas, de quentes alegrias. O ódio, que é filho do egoísmo e do erro, dará lugar à estima de todos, que deixarão de se guerrearem como inimigos, para se estimarem como irmãos!
O próprio irracional não terá, como o boi simpático e paciente, olhos mortiços, o corpo cansado e esquelético. Compreenderá o homem, enfim, que ser rei dos animais não significa ter o direito à sua tortura. Os próprios irracionais terão lugar no grande banquete da vida, inundando-se a terra de pura, de generosa alegria!”
Para ler e, sobretudo, para perceber a importância desta conferência num Congresso de Trabalhadores Rurais, em 1922, alertando para a necessidade de um novo tempo de igualdade e de solidariedade entre todos os seres viventes, pondo fim à exploração e à opressão.
Algo bem diferente daquilo que ainda hoje se passa com alguns “animalistas”, que se levantam em defesa dos direitos dos animais, mas que se calam bem caladinhos, quando estão em causa a opressão e a exploração de quem trabalha por conta de outrem.
Para ler em pdf: http://mosca-servidor.xdi.uevora.pt/projecto/components/com_library/texts/42_BNP_AHS424.pdf
agência de notícias anarquistas-ana
Meio-dia,
papa-figos cantando,
o rio flui em silêncio.
Issa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!