O país está em ebulição com o impedimento. Vejo muitas pessoas, em larga escala da esquerda institucional, revoltadas convocando manifestações “radicais”, pedindo “ação direta” para derrubar o Temer.
Curiosamente, também vejo muitos que se indignam com os “radicais anarquistas e libertários” que não respondem ou fazem coro com esse chamado.
O argumento geral é que finalmente o povo está revoltado, querendo ir pra rua, e aqueles não somam para “radicalizar” juntxs. Como se “radicalizar”, para os que são contra o Estado e o capital, fosse simplesmente sair por aí a quebrar coisas qualquer que seja o motivo, sem estratégia, sem objetivo: exatamente o discurso da grande mídia.
Não entendem que a ação direta defendida pelos “radicais” tem por objetivo expor as contradições do Estado e do capital. Não vejo sentido algum em ir pra rua “radicalizar”, “destruir” o poder do Temer, para colocar outro qualquer no lugar.
Ah se fosse só isso! Pior ainda! Esse discurso expõe de forma fulcral quando, e pelo que, grande parte da esquerda está disposta a “radicalizar”: para trocar um governante por outro, e nada mais.
De 2013 para cá, inúmeros foram os chamados para “radicalizar”: contra a lei anti-terror da Dilma, contra a criminalização dos que lutam, contra a violência policial, contra o fascismo que emerge, contra as chacinas na periferia e muitos outros.
É frustrante, pra dizer o mínimo, que para tudo isso, para a luta que não gera dividendos eleitorais, não haja revolta alguma, mas para legitimar um Estado falido existe.
Portanto, não vou para nenhum “Fora Temer”. Vou sim tentar me organizar e lutar com os debaixo, contra o fascismo cotidiano do Estado, contra os cortes de qualquer que seja o governo e na luta por democracia real: a direta, construída desde baixo e fortalecendo o poder do povo contra qualquer que seja o governo.
Geová Alencar
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Rodrigo de Almeida Siqueira
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!