O objetivo do trabalho de Herberg consistiu em anunciar o golpe, documentar sua preparação, e mais tarde denunciar a repressão
O cineasta e jornalista gijonês Miguel Herberg, célebre pelas filmagens e entrevistas que realizou antes e depois do golpe de estado dirigido por Pinochet no Chile, em 1973, e que serviram para a libertação de mais de 800 presos de Chacabuco e Pisagua, foi entrevistado por Tmex.es por causa da apresentação da nova edição de seu livro, “Diário de um anarquista infiltrado nas fileiras de Pinochet 1972/74”.
O livro vem acompanhado do documentário realizado por Saúl Valverde, “Extraña forma de vida”, um filme que é uma retrospectiva da experiência de Herberg no Chile nos campos de prisioneiros do deserto de Atacama, que já em seus dias ficou evidente no documentário “Chile 73”. Ademais inclui um resumo do vivido por mais de 40 pessoas que participaram junto ao cineasta, em Morille, Espanha, na queima de alguns desses documentos audiovisuais precisamente.
A história que conta o diretor de cinema e jornalista Miguel Herberg, que hoje trabalha na China dedicando-se ao cinema de animação, no “Diário de um anarquista infiltrado nas fileiras de Pinochet 1972/74”, parte do ano 1972, quando se infiltrou na extrema-direita chilena como jornalista de um canal de televisão europeu inexistente, e ganhando a confiança dos golpistas, conseguiu imortalizar no filme um importante número dos responsáveis pelo golpe de Estado liderado pelo general Pinochet.
Roberto Rossellini, o grande maestro do cinema, havia rodado já naquele momento sua entrevista com Salvador Allende. Previa um futuro negro para a Unidade Popular. Foi assim como Roberto e seu filho Renzo, que havia sido assessor de Salvador Allende para a cinematografia e com os quais Herberg trabalhava na Itália ombro a ombro, nessa época, insistiram em que havia que documentar o que estava acontecendo no Chile. Herberg se apresentou ante a senhora Di Girólamo, da alta sociedade e da extrema-direita chilena, com um enorme ramo de flores de parte do diretor de cinema Roberto Rossellini e de seu filho Renzo, amigos d e Herberg, e cuja produção “Orizzonte 2000” ele representava.
A partir daí… tudo foi rodado. Miguel se introduziu na alta sociedade golpista e foi tecendo sua teia de aranha de relações pessoais para conseguir entrevistas e permissões até chegar aos campos de concentração onde entrevistaria os presos de Pisagua e Chacabuco, cuja existência se negava e onde permanecia internado, entre outros, o médico de Allende, Danilo Bartulín. O general Joaquín Lagos caiu na mentira e pôs a disposição de Herberg seu próprio helicóptero para entrar nos campos. “Meu papel era perguntar como te chamas… como te chamas, e assim um após outro. Com estas entrevistas não podiam manter que estavam desaparecidos, e os prisioneiros que gravei foram liberados”.
30.000 assassinatos, 200.000 familiares afetados, torturas, proibições e cárcere a todo aquele que não comungasse com os princípios da Junta Militar. Foi presa muitíssimas pessoas que depois levaram aos campos de concentração. Graças a esta ação de pôr nome e rosto aos desaparecidos o Governo de Pinochet teve que reconhecer a existência dos campos. O objetivo do trabalho de Herberg consistiu em anunciar o golpe, documentar sua preparação, e mais tarde denunciar a repressão.
A RDA financiava esta história
A República Democrática da Alemanha, que cobriu sem restrições de dólares a operação, se atribuiu logo a autoria do trabalho e o caso derivou em um julgamento, celebrado em Roma, onde se comprovou que Herberg foi o verdadeiro autor, “porque nem sequer se incomodaram em dobrar a voz”. Miguel Herberg com “Diário de um anarquista infiltrado nas fileiras de Pinochet 1972/74” revela a verdade de como se realizaram os documentários audiovisuais e escritos que serviram para salvar mu itas vidas humanas.
Vídeo: https://vimeo.com/163076418
Fonte: http://www.lamarea.com/2016/04/26/miguel-herberg-un-anarquista-infiltrado-en-las-filas-de-pinochet/
Tradução > Sol de Abril
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Benedita Azevedo
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!