No último ano, 110 crianças indígenas de Mato Grosso morreram, segundo o Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, realizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). De acordo com o órgão, as principais causas das mortes entre as crianças com até cinco anos de idade foram pneumonia, diarreia e gastroenterite. O documento aponta a falta de assistência na área da saúde como um dos principais problemas.
De acordo com o levantamento, as mortes foram notificadas nos cinco Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei) do estado. O Dsei Xavante, na região de Barra do Garças, a 516 km da Cuiabá, foi o que mais registrou mortes em todo o Brasil. Ao todo, segundo o órgão, foram 79 óbitos em 2015.
Em segundo lugar, o Dsei Kayapó, na região de Colíder, a 648 km da capital, registrou 10 mortes. O distrito de Cuiabá apresentou 17 óbitos. Já os Dsei do Araguaia e Xingú, em São Félix do Araguaia e Canarana, a 1.159 e 838 km da capital, respectivamente, registraram duas mortes cada.
O documento cita a falta de assistência como uma das principais causas das mortes. Em Santa Terezinha, a 1.329 km de Cuiabá, o levantamento do Cimi relatou que uma criança indígena de dois anos passou por três hospitais da região antes de ser transferida para uma unidade na capital. Ela havia sofrido um acidente e precisou ficar internada por quatro meses devido à demora no atendimento.
No Brasil, as três principais causas das mortes entre as crianças indígenas foram pneumonia não especificada (8,2%), diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível (7%), e agressão por meios não especificados (6,2%).
De acordo com o estudo, pneumonia, diarreia e gastroenterite são doenças tratáveis, mas ainda assim causaram as mortes de pelo menos 99 crianças indígenas.
Desassistência na área da saúde
Ainda conforme o relatório, foram registrados cinco casos de desassistência na área da saúde indígena em Mato Grosso. O levantamento denunciou o descaso do poder público com aldeias inteiras, que sofrem com epidemias de diabetes e tuberculose, por exemplo.
O Dsei Xavante, com a sede em Barra do Garças denunciou a falta de assistência geral para as comunidades. “Não há médicos, faltam medicamentos, transporte para doentes e atendimento emergencial, além de haver um atraso muito grande para a realização dos exames e tratamento necessário”, diz trecho do relatório.
Já as Aldeias Xavantes de Campinápolis, a 565 km de Cuiabá, denunciaram o aumento exacerbado dos casos de tuberculose e a falta de atendimento médico. De acordo com o relatório, neste ano já foram registrados 180 casos de infectados com a doença, enquanto em 2010 eram apenas cinco casos.
Os Xavantes da região de General Carneiro, a 449 km da capital, relataram o desrespeito à cultura e ao modo tradicional de vida indígena. Conforme o documento, a substituição de alimentos típicos, como a batata-doce, abóbora e a mandioca pela farinha branca causou naquela comunidade um surto de diabetes.
Nas terras indígenas Sangradouro e Volta Grande, a prevalência da doença chega a 28,2%. A diabetes atinge a 7% da comunidade geral da etnia.
Fonte: Cimi
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