Por Rui C. Mayer*
Aos que chegam a entender a urgência prática de questões tais como as da devastação do mundo natural, da sujeição social e individual à tecnologia ou da degradação da liberdade e da dignidade humana, o nome de Ted Kaczynski, o Unabomber, provavelmente não lhes é desconhecido.
Há muitos sinceros defensores da natureza ou da liberdade que discordam de Ted Kaczynski. Sua insistência em relacionar natureza e liberdade causa desconfiança entre aqueles que se identificam com “o social” (mesmo se críticos da sociedade moderna). Sua insistência em que somente uma revolução antitecnológica – seja ou não violenta, o que apenas a ação organizada e a consequência histórica (e não devaneios e apelos, quaisquer) poderão determinar –, e somente ela, seria capaz de salvar a natureza e garantir a liberdade, é algo que causa aversão entre aqueles que ainda gostariam de resguardar alguns confortos, regalos e prazerezinhos com que a moderna sociedade tecnológica nos tem mimado.
A insistência de Ted Kaczynski levou-o a atacar grandes corporações do país mais rico e poderoso da Terra, que enfim reagiu, e caçou e prendeu – o Unabomber. Mas, por muitos anos, um só homem (ou… um pequeno grupo, talvez? quem sabe?) atacou essas corporações, e o Estado não pôde defendê-las. Só uma traição deteve Ted Kaczynski, e isso somente aconteceu após o seu objetivo original e principal ter sido atingido: a publicação acessível e a ampla divulgaç ão da obra intitulada Industrial Society and Its Future.¹
A prisão do Unabomber abona sua sinceridade. Mas isso não seria suficiente para fazer valer que algo dele fosse lido. Seus textos são rústicos, cruéis, quase agressivos. Sem os requintados recursos retóricos com que os intelectuais acadêmicos nos assediam, nem a grudenta pieguice despejada pela mídia de massas, a leitura dos textos de Ted Kaczynski costuma ser pouco ou nada divertida. O que, então, poderia nos interessar em sua obra? Justamente, a calculada crueldade de sua lógica: a obra de Ted Kaczynski nos obriga a pensar… ou a dispensá-la. E tal é o anti-estilo que podemos encontrar no vamente, agora em Anti-Tech Revolution: Why and How, o mais recente livro de Ted Kaczynski.
Esse livro foi lançado nos EUA, na Europa e no Brasil entre agosto e setembro de 2016. O triplo lançamento do texto original (em inglês, portanto) visa a uma maior segurança da integridade do próprio texto, algo difícil de ser acompanhado por alguém nas limitantes condições de Ted Kaczynski – o qual precisa contar com apoiadores com que ele mantém contatos à distância e por escrito, e sob censura… –, e o mais amplo acesso possível a esse texto. E, como para outros textos de Ted Kaczynski, sua expectativa é de que essa obra seja antes disponibilizada e preferencialm ente lida em recurso físico, em material impresso, palpável. E assim é como estamos procedendo, com as três publicações.
Anti-Tech Revolution: Why and How (em português, Revolução AntiTec: Por Que e Como), nas palavras do autor, “(…) não é um livro para ser apenas lido; é um livro a ser estudado, com o mesmo cuidado que se usaria em estudar, por exemplo, um livro didático de engenharia. Um livro didático de engenharia prevê regras precisas que, sendo mecanicamente seguidas, darão sempre os resultados esperados. Mas regras precisas e confiáveis não são possíveis em ciências sociais. As ideias deste livro, portanto, precisam ser aplicadas cuidadosamente e de maneira criativa, não mecânica o u rigidamente.” (Prefácio – texto completo em tradução pelas Edições Natura naturans²).
Esta notícia, pois, é também um convite – aos sinceros defensores da natureza e da liberdade – para que se conheça o desenvolvimento e a atualidade das ideias (e proposições…) do autor deThe Unabomber Manifesto, que se poderá ler (talvez… estudar?) em alguma de suas três publicações:
http://www.publit.com.br/livraria/produto/622/anti-tech-revolution-why-and-how
http://www.fnac.pt/Anti-Tech-Revolution-Why-and-How-Ted-Kaczynski/a988873
https://fitchmadison.com/product/anti-tech-revolution-2016/
¹ Obra que também é conhecida como The Unabomber Manifesto – e que tem uma tradução para o português autorizada pelo autor publicada com o título de A Sociedade Industrial e Seu Futuro(Editora Baraúna, 2014). Cf.: https://issuu.com/editorabarauna/docs/a_sociedade_industrial_15p/0
² As Edições Natura naturans são uma iniciativa de produção editorial dedicada especialmente à publicação e divulgação de textos de crítica à sociedade tecnoindustrial. Cf.:http://ednaturanaturans.blogspot.com.br
* Rui C. Mayer é tradutor para o português – desde sua versão em espanhol cotejada com o original em inglês – da mais conhecida obra de Ted Kaczynski: Industrial Society and Its Future / A Sociedade Industrial e Seu Futuro. Cf.:https://www.blogger.com/profile/00788063107092129842
Blog: https://kataklysma.noblogs.org
agência de notícias anarquistas-ana
Os grilos cantam
Na chegada da noite
Muito felizes.
Erica Kozlowski, 08 anos
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!