Celia Zambrano Nuñez estava realizando os afazeres de sua casa quando chegaram os judiciais a avisar-lhe que seu filho Luis Fernando havia sido detido, queriam que fosse com eles, o que se negou. Desde esse momento soube que algo sujo estava por trás.
“Desde que detiveram o Luis a vida mudou totalmente”, afirma a mãe de Luis Fernando Sotelo Zambrano, jovem detido em 5 de novembro de 2014, acusado da queima do terminal e de um caminhão do Metrobus. “Minha filha menor de 25 anos deixou de estudar e se pôs a trabalhar para poupar e poder custear ela sua Universidade. Meu filho maior de 29 anos deixa sua família para poder visitar seu irmão. O processo é desgastante mas ambos me acompanham, me dão força, iremos a onde tenhamos que ir para ver livre o seu irmão”.
Luis Fernando Sotelo foi detido nas imediações da Cidade Universitária (CU) da UNAM, horas depois soube que o acusavam de ataques às vias de comunicação, alterações à paz pública e dano a propriedade alheia. Em 20 de setembro passado soube da sentença que o condena a 33 anos e 5 meses de prisão, dita sentença foi apelada por seus advogados.
“Não detiveram Luis em flagrante”, assegura Celia Zambrano Nuñez, que é professora normalista. Ele vinha saindo da CU porque distribuía informação sobre presos políticos e havia ido informar-se sobre as ações realizadas pelos estudantes universitários em exigência de justiça para os normalistas [estudantes] de Ayotzinapa, pois haviam passado 10 dias dos fatos ocorridos em Iguala.
Celia Zambrano de 47 anos de idade se transladou ao Ministério Público de Coyoacán para saber qual era a situação jurídica de seu filho. “Havia um operativo bastante exagerado, ambas esquinas estavam rodeadas por granadeiros [policiais], nem sequer me permitiam passar a primeira barreira, apesar de que eu disse que era a mãe de um dos jovens que estava detido”, diz. “Detiveram o meu filho como se fosse um delinquente de alta periculosidade quando na realidade é um jovem estudante de 22 anos, que teve que interromper seus estudos de maneira presencial porque eu tinha compromissos econômicos mas que decidiu continuar seus estudos na preparação aberta”.
A mãe de Luis Fernando Zambrano recorda que as autoridades da Cidade do México negaram que seu filho tivesse contato com ela ou com algum de seus advogados. “Cheguei às 11 da noite e pude vê-lo até às cinco da manhã do outro dia, só permitiram que o visse para que me entregasse seus pertences que eram 45 pesos, um cinturão, um copo e coisas que carrega um jovem de sua idade, não as bombas molotov, o galão de gasolina, a propaganda antifascista e outras coisas das que o acusam, que inclusive humanamente é impossível carregar”, explica.
A mãe de Luis Fernando e seus advogados apresentaram uma queixa ante a primeira inspeção da Comissão de Direitos Humanos do Distrito Federal para que um médico certificasse as lesões que Luis Fernando tinha por haver sido golpeado pelos policiais que o detiveram. Os funcionários do MP de Coyoacán “praticamente o arrebataram ao médico que o revisava e o tiraram do lugar. Minutos depois o transladaram em um veículo particular, tive muito medo porque não sabia aonde o levavam, temia muito que lhe fizessem algo pior, horas depois soube que meu filho havia sido transladado ao Reclusório Sur”.
Celia, que é colona da Delegação Tláhuac reitera que “o processo esteve cheio de irregularidades, Luis chegou ao reclusório às 7 da noite e o apresentaram quase quatro horas depois, pois na realidade não havia nenhum expediente para poder consigná-lo. As audiências foram postergadas em diversas ocasiões porque os policiais não se apresentavam argumentando que estavam de férias ou enfermos. Logo o chofer se desdisse em uma audiência e disse não reconhecer o meu filho plenamente, mas ainda assim Luis Fernando segue preso”, afirma sua mãe.
Celia Zambrano descreve Luis Fernando como um jovem nobre, solidário e tranquilo. “Sempre foi transparente, nunca se envolveu com mentiras senão com responsabilidade, ele estudava e trabalhava vendendo sobremesas e doces, quer ser psicólogo, é honesto e trabalhador, nunca teve nenhum incidente delitivo. Sempre mostrou simpatia com todas as lutas sociais”.
Sergio, o jovem detido e acusado pelos mesmos fatos dos quais Luis Fernando é acusado, dias depois saiu livre, no dizer da mamãe de Luis Fernando “contou com a fortuna de que nas áreas onde se estava esse dia, havia câmeras de vídeo que constataram que no momento do incêndio não se encontrava aí. Meu filho não contou com a mesma sorte mas tampouco cometeu os delitos nem participou nesse incêndio”.
Apesar do desgaste econômico, emocional e físico, que a mãe de Luis Felipe Zambrano enfrenta, assegura que confiam na solidariedade nacional e internacional para que a sentença contra Luis Felipe seja descartada. “Não sou advogada, não sei nada de leis, mas o Governo não tem fundamentos para manter o meu filho um só dia na prisão”, conclui a senhora Zambrano.
Tradução > Sol de Abril
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