Já faz três anos que na Vio.Me de Tessalônica se produzem sabões para a higiene pessoal e para a limpeza doméstica. Em “Tierra y Libertad” já falamos do processo e muitos anarquistas do mundo todo observam e se solidarizam com esta experiência de resistência obreira. Qualquer um que puder recolhe fundos, se limpa com seu sabões e limpa os centros sociais e as sedes com o detergente Vio.Me.
Essa luta conseguiu muita solidariedade, tanto local como internacional e reciprocamente passa a outras situações de luta como a Robin Wood em Veria – fábrica de carpintaria em processo de autogestão – e a ajuda aos imigrantes que se encontram em Tessalônica em sua fuga da miséria e da guerra, organizando uma distribuição de bens de primeira necessidade em um local dentro da fábrica na que trabalham.
Há poucos anos, Syriza expressava sua disponibilidade para ajudar estes e outros trabalhadores e dizia que, se fossem escolhidos, as coisas mudariam… Especificamente Syriza expressava sua vontade de resolver o problema que padece Vio.Me, ou seja, o relativo ao fato de que o terreno no qual se encontra atualmente a fábrica autogerida está em concurso de credores e pendente de leilão (ainda que no momento ninguém há puxado por ele). Os trabalhadores pedem que seu trabalho seja reconhecido através da desagregação de sua atividade do terreno em venda e que possam trabalhar sem patrão e de forma autogerida, e já não mais nesta situaç& atilde;o de precariedade e com risco de despejo.
Até hoje as respostas por parte do Governo tem sido vagas, com palavras amáveis mas com atos hostis. O exemplo mais sangrento aconteceu em meses do verão passado quando a princípios de julho se organizou uma manifestação de solidariedade em frente do Ministério do Trabalho em Atenas: a polícia atacou com paus e com gases lacrimogêneos contra quem apoiava aos trabalhadores em espera de uma resposta por parte da autoridade competente (governo Syriza). Resultado: nenhuma novidade respeito aos meses precedentes a entrevista no Ministério do Trabalho, mas muito mais determinação para continuar a luta. Se vê que uma vez alcançado o poder, como dizia Bakunin, até o mais revolucionário pode se transform ar em inimigo dessa mesma massa oprimida à que pretende representar.
Os trabalhadores ainda estão ativos, não só continuando com a produção de sabão mas também organizando um importante evento que acontecerá de 28 a 30 de outubro no próprio estabelecimento: o encontro euro-mediterrâneo de empresas autogeridas e cooperativas. Será um fim de semana dedicado a debates e encontros entre trabalhadores que, induzidos pela crise e pelo desemprego, decidiram ocupar e continuar produzindo de forma autogestiva, desafiando a legalidade, sabendo escolher entre o justo e o equivocado, e não entre o legal e o ilegal, como seguem enchendo-nos a cabeça os social-democratas.
Encontros internacionais como este são importantes para tecer redes de solidariedade e de intercâmbio de opiniões necessárias para uma mudança revolucionária, antiautoritária e alternativo ao atual sistema de domínio e exploração.
Davide Bianco
Fonte: Periódico “Tierra y Libertad”, setembro 2016.
Tradução > KaliMar
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