Desde os princípios do verão de 2006, devido ao julgamento dos assassinos paraestatais do Aurora Dourada no Tribunal de Primeira Instância, bairro das velhas casas de refugiados da Ásia Menor está em um contínuo estado de sítio, no qual os que vivem no bairro ou em suas imediações foram atingidos pelo Estado, pelos aparatos repressivos e pelos fascistas. A decisão dos juízes de não aceitar o caráter político do julgamento foi o que permitiu que tal situação se perpetuasse, jogando com o equilíbrio do Poder expressado, por um lado, com o isolamento dos antif ascistas e da okupa, e por outro lado com a intensificação da repressão e do respaldo aos fascistas.
Insta sublinhar uma vez mais, que no bairro das velhas casas dos refugiados (gregos da Ásia Menor) vivem umas 500 pessoas, okupantes ou não, entre dois hospitais, de todas as nacionalidades, religiões, culturas: Idosos, crianças, pacientes, imigrantes e refugiados. O intento continuado do Estado e do Mercado em esvaziar, ilhar, reprimir e saquear este bairro está relacionado a transferência (das casas) para a periferia de Ática no verão passado, e também com o julgamento do Aurora Dourada no Tribunal de Primeira Instância, e em geral com as políticas das autoridades institucionais.
Durante o último período, desde os princípios do verão até a última sessão do julgamento (30 de setembro de 2016), o Estado e os fascistas trataram de impor sua presença no bairro. Seu plano original era de que os fascistas estivessem (permanecessem) juntos aos policiais, diante da entrada principal dos tribunais, que as organizações antifascistas estivessem isoladas em uma rua lateral, e que os policiais vestidos em trajes civis e as chamadas forças antidistúrbios fossem os “protetores” de um bairro cujos habitantes estaria metidos em seus orifícios como ratos.
Retrocederam ante as mobilizações realizadas recentemente, convocadas pela comunidade organizada do bairro e por solidários, com um chamamento aberto à defesa (do bairro). Até meados de setembro os pouquíssimos fascistas que haviam ficado na zona iam retrocedendo cada vez que se aproximava mais a salvaguarda do bairro gritando palavras de ordem. Os policiais haviam retornado aos postos anteriores, ou seja, para a entrada principal, protegendo os fascistas entrando e saindo do tribunal e da Direção Geral da Polícia de Atenas.
Nas últimas sessões do julgamento, realizadas no aniversário do assassinato de Pavlos Fyssas, a presença dos fascistas aumentou, da mesma forma que as forças repressivas, sendo o momento mais importante o dia 14 de outubro de 2016, quando vários esquadrões das denominadas forças antidistúrbios ocuparam uma rua inteira e metade de outras duas. No dia 31 de outubro de 2016 ocorreu a invasão das casas ocupadas, a repressão à autodefesa justa dos habitantes do bairro utilizando violência extrema e impondo seu terrorismo.
Concretamente, no dia 31 de outubro de 2016, as 19h45, ao mesmo tempo, uns 50-60 membros do Aurora Dourada estavam se aproximando da entrada dos tribunais, vários esquadrões das denominadas forças antidistúrbios realizaram uma operação de evacuação da zona do bairro mais próxima da entrada, varrendo todos que se encontravam em seu caminho. Dez fascistas se apartaram dos demais e entraram em uma ruela atacando (aos antifascistas). Na Direção Geral de Polícia os acusaram de delitos menores. Seu julgamento ocorrerá no dia 15 de novembro de 2016 em outros tribunais.
Depois da evacuação da zona, que constituiu a fronteira da zona protegida dos fascistas durante o julgamento, trataram de invadir casas, quebrando suas fachadas e fazendo uso de gás lacrimogêneo e granada para aturdir, entre dois hospitais (Elpís e Aguios Savvas), colocando em perigo a vida de pacientes e vizinhos. A salvaguarda do bairro e alguns vizinhos reagiram espontaneamente e repeliram a invasão.
Ao mesmo tempo, mais esquadrões e policiais a paisana apareceram ao lado da Direção Geral de Polícia, atacando a salvaguarda e perseguindo os vizinhos e solidários. Daquele momento até as 15h30 ocorreram batalhas ferozes contra as forças repressivas, seja corpo a corpo, seja nas imediações do comércio local. Ao final, as forças repressivas se viram forçadas a retroceder. A salvaguarda do bairro não lançou mão em nenhum momento de materiais inflamáveis ou artefatos incendiários para a defesa do bairro, apesar do que difundiram os meios de desinformação massivos fiéis ao Regime.
Durante os enfrentamentos ninguém foi preso. Houve alguns lesionados, enquanto algumas pessoas, habitantes do bairro ou não, foram detidas temporariamente no próprio bairro e imediações. Todos os detidos foram postos em liberdade poucas horas depois. Uma vez acabado os enfrentamentos a paz regressou ao bairro das casas dos refugiados gregos da Ásia Menor. O bairro se libertou das forças repressivas e de seu terrorismo, estando mais unidos e fortes que antes. A única exceção foram as moléstias que sofreram nessa mesma noite alguns habitantes do bairro pelos policiais em trajes civis.
No dia seguinte (1º de novembro de 2016) o bairro estava protegido e pronto para resistir aos novos intentos das forças repressivas e dos fascistas para invadi-lo. Ao chegar aos tribunais uns 15-20 fascistas, antes de entrarem no edifício, trataram de mais uma vez atacar, lançando pedras, amparados pelas forças repressivas. Este ataque foi respondido da mesma maneira pela salvaguarda. Até o fim dessa fase do julgamento, não ocorreu outra confrontação com as forças repressivas, as quais permaneceram em uma distância de seguran&c cedil;a do bairro. A única exceção foi a tentativa de um esquadrão antidistúrbio que tentou isolar e atacar um pequeno grupo de antifascistas da Organização do Antifascismo Combativo, aos quais naquele momento estavam no pátio dos tribunais. A presença de vizinhos e de solidários, assim como a ameaça de se fazerem gravações, não permitiu a realização de seu plano.
Enquanto seguirem as sessões do julgamento do grupo paraestatal Aurora Dourada no Tribunal de Primeira Instância de Atenas, a comunidade de luta da okupa estará defendendo seu terreno com suas forças e com o apoio da solidariedade. Este terreno não foi tomado nem pela artilharia dos capitalistas ingleses, nem pelas metralhadoras dos colaboradores dos nazis, e seguirá sendo uma barricada contra o mundo do Poder, da opressão e da exploração.
Deixamos claro e em público que não vamos consentir mais com o isolamento de nosso bairro, o qual, segundo planos jurídicos e repressivos, se estenderá até o final do julgamento, ao cabo de alguns meses. Defenderemos nosso bairro contra os planos da repressão e dos fascistas, com determinação e aconteça o que aconteça.
Novo chamamento aberto para a defesa do bairro das casas dos refugiados, contra os fascistas e a repressão: quinta-feira, 16 de novembro às 10h.
2 de novembro de 2016.
Assembleia das Velhas Casas dos Refugiados
O texto em grego:
https://athens.indymedia.org/post/1564757/
O texto em castelhano:
Tradução > Liberto
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gota na água
faz um furinho como
prego na tábua
Carlos Seabra
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!