A terra costuma, de tempos em tempos, fazer rebrotar rebeldemente aquilo que se pensava extinto.
São brotos de raízes rebeldes e sementes que se espalham com o vento.
Aqui, esta terra já cansada, conheceu o projeto da civilização ocidental a poucos 500 e tantos anos e, desde então as empreiteiras do domínio tem drenado toda a vida disponível para executar seus desejos.
Para cada navio de expedição e conquista, chegavam com eles os objetos de adoração, a mística que, ao serviço do poder, pretendia dominar mentes, corpos e espíritos.
Em cada novo povoado o projeto civilizatório tentou se impor: a igreja no centro, omnipresente, um mercado, um governo, uma cadeia… Missa, sermão, leis e castigos. A tarefa educativa da igreja soube muito bem vigiar e punir. O espancamento em praça pública e as execuções eram espetáculos que afirmavam a norma: “faz o que digo ou te arrebento”.
Seu projeto se implantou com mentiras, fogo e bala
Falar a língua, escutar as vozes, se tornou proibido
E à aquelxs que se resistiam, arrancavam-lhes língua e orelhas
Acaso queriam que não ouvíssemos as vozes do mundo que nos rodeava?
Essas vozes nem sempre humanas…
O motor da civilização é a violência, o terror e a obrigação que busca o benefício de alguns provocando o sofrimento do resto. O olho conquistador, opressor, hoje burguês, transforma tudo o que vê em objeto de desejo, de possessão e benefício, assegurando para si o privilégio e a dominação.
O mundo inteiro se consome no interesse das elites. Se produz, se consome, se morre, sem ser donos das vontades e destinos.
O carrasco, fala em moral e bem-estar. Educa no “bom viver” e oferece a salvação. Com sua boca nojenta devora tudo o que pode, e assim devora, as vidas.
Fala de paz. Fabrica armas.
Fala em bem-estar. Envenena com seus negócios.
Fala em liberdade e impõe a escravidão da obediência.
Porém o sangue dxs guerreirxs correu em rios e córregos e alimentou a terra calada. E em cada pedra, cada rio, cada árvore está escrito o inominável…
Hoje, festejamos pelos nossxs mortxs, festejamos com nossxs antepassadxs. Suas vidas nos acompanham, seus passos são os nossos. Festejamos suas vidas combativas e rebeldes, as pontas de lanças que perfuraram os olhos dos conquistadores portugueses, franceses, ingleses e espanhóis, civilizadxs. Celebramos suas rebeldias contra a inquisição, as insurreições contra os inmigxs civilizadorxs. Sua vingança é a nossa. Festejamos sua memória através das chamas que provocamos nas portas duma igreja. A mesma Igreja civilizadora de faz 500 anos, símbolo da moral civilizatória e cidadã…porque sabemos que o deus que criaram é um ditador eterno…
Guerra contra a civilização e seu Estado…
agência de notícias anarquistas-ana
Um antigo lago em silêncio …
Um sapo pula na lagoa,
splash! Silêncio novamente.
Bashô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!