Desde que se apaixonou no início dos anos sessenta por essa “ideia exagerada de liberdade” que é a anarquia, Amedeo Bertolo sempre a manteve calorosamente ancorada em seu coração até a sua morte nesta manhã de 22 de novembro em Milão, na Itália, aos 75 anos.
Sua grande modéstia e sua inesgotável cordialidade lhe serviram em vida para fugir do prestígio que poderia ter em razão de seu protagonismo no anarquismo contemporâneo na Itália e em parte da Europa, mas é justo que agora esse protagonismo seja ressaltado. Em 1961, o então estudante Amedeo Bertolo com vinte anos, era um dos primeiros que se somavam as fileiras anarquistas milanesas depois de uma longa travessia do deser to, dando lugar a criação do “Gruppo Giovanili Libertario”.
Apenas um ano se passou quando o jovem anarquista adentrava na Espanha de Franco para realizar uma missão por conta do recém criado organismo coordenador da luta libertária antifranquista “Defesa Interior”. Pouco tempo depois, em 28 de setembro de 1962, Amedeo tomava a iniciativa de sequestrar, com seus companheiros milaneses, o vice cônsul da Espanha Don Isu Elías, para denunciar perante a opinião pública internacional o pedido de pena de morte que o promotor militar exigia contra três jovens libertários de Barcelona. Jordi Conill Vals e seus dois companheiros foram finalmente condenados a longas penas de prisões, mas haviam evitado a pena de morte.
Desde essa época, a atividade de Amedeo Bertolo não deixou de ser extraordinariamente intensa. Para citar apenas alguns aspectos, cabe mencionar que em meados dos anos sessenta foi um dos criadores do “Gruppi Giovanili Anarchici Federati (GGAF)”, e em 1969 esteve fortemente envolvido na denúncia do assassinato de seu companheiro de grupo, Giuseppe Pinelli, cometido pela polícia durante a noite de 15 a 16 de dezembro em Milão, e que Darío Fó levaria aos palcos com o título de “Morte acidental de um anarquista”.
Em 1971 foi um dos fundadores da “A Rivista Anarquica”, que é publicada até hoje, o que não o impediu de incentivar ou fazer parte de várias revistas e projetos editoriais, tais como a famosa revista “Interrogations”, a revista “Volontà”, a editora “Antistato”. Em 1976 fundou o importante “Centro Studi Libertari Giuseppe Pinelli”, e em 1984 foi um dos principais impulsionadores do incrível encontro internacional durante o qual milhares de anarquistas ocuparam Veneza. Como toque final à sua atividade editorial, em 1986, ele fundou a importante editora libert& aacute;ria “Eleuthera” que publicou ao longo dos últimos trinta anos centenas de títulos.
Mostramos um pouco do ativismo libertário de Amedeo Bertolo para deixar registrado a impressionante militância desse companheiro que nos deixou. Suas qualidades humanas e o caráter cativante de sua amizade é algo que quem teve a sorte de conhecê-lo nunca poderemos deixar de querer ardentemente.
22 de novembro de 2016
Tomás Ibáñez
Fonte: http://rojoynegro.info/articulo/memoria/amedeo-bertolo-el-recuerdo-el-coraz%C3%B3n-siempre
agência de notícias anarquistas-ana
gato perdido
dorme sobre o borralho
do velho fogão
Nete Brito
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!